- Consultoria Russell Reynolds elaborou um documento destacando os pontos fortes dos candidatos à presidência da mineradora
- Disputa pela presidência ocorre em meio à pressão do governo brasileiro para influenciar o processo de sucessão na Vale
- Lula tem intensificado a pressão, defendendo que a Vale deve prestar contas ao Brasil e não atuar como uma entidade independente
O conselho da Vale (VALE3) começou, nesta semana, a avaliar a lista com os dez candidatos que são cotados para assumir o cargo do atual CEO, Eduardo Bartolomeo, a partir do próximo ano. Ontem, o jornal O Globo noticiou que a consultoria Russell Reynolds, responsável por cogitar os nomes, elaborou um documento elencando os pontos fortes na carreira dos candidatos à presidência da mineradora.
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Após a repercussão nos veículos de comunicação, a Vale comunicou ao mercado que ainda não há uma definição pelo conselho de administração sobre lista de candidatos para assumir o comando da empresa a partir de 2025, mas que as “ações de competência do conselho continuam em execução”.
Entre os indicados, segundo o jornalista Lauro Jardim, destacam-se CEOs de grandes corporações, como Francisco Gomes Neto, da Embraer (EMBR3), e Gustavo Werneck, da Gerdau (GGBR4). Também estão cotados Carlos Piani, da Equatorial (EQTL3), Cristiano Teixeira, da Klabin (KLBN11), Maurício Bahr, da Engie (EGIE3), e Antonio Maciel Neto (Caoa).
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Além disso, conforme a publicação, a lista inclui ainda o ex-ministro e ex-presidente da Petrobras (PETR4) Pedro Parente, o presidente da Volks nos EUA, Pablo Di Si, e dois executivos da mineração, Ruben Marcos Fernandes (Anglo American) e Marcelo Bastos (BHP e ex-Vale).
A reportagem diz ainda que há possibilidade de uma solução interna, hipótese em que os nomes dos vice-presidentes Gustavo Pimenta e Marcello Spinelli ganham força.
A disputa pela presidência da Vale ocorre em meio à crescente pressão do governo brasileiro para influenciar o processo de sucessão. Apesar da privatização da Vale em 1997, a intervenção governamental continua sendo uma questão relevante no setor de mineração.
A pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a Vale aumentou nos últimos meses, especialmente após a tentativa frustrada de indicar Guido Mantega para o comando da empresa. Lula tem argumentado que a Vale “precisa prestar contas ao Brasil” e não pode agir como “dona” do país, ressaltando a importância da mineradora em seus planos para a recuperação econômica do Brasil.
Confira quem são os indicados à presidência da Vale (VALE3)
- Antônio Maciel Neto
Possui vasta experiência executiva, com mais de 23 anos como CEO em grandes empresas como Ford, Hyundai Caoa, Suzano (SUZB3), Grupo Itamarati e Cecrisa. Além disso, ele atuou no Governo Federal em Brasília e na Petrobras (PETR4). Na indústria automotiva, Maciel se destacou na Ford, onde foi presidente de 1999 a 2006. Uma das iniciativas mais notáveis de sua gestão na Ford foi a campanha em que oferecia R$ 100 a qualquer cliente que fizesse um test drive em um carro da empresa e optasse por comprar um veículo da concorrência.
- Carlos Piani
Tem uma carreira destacada de 19 anos na Equatorial Energia, onde começou como Chief Financial Officer (CFO) e se tornou CEO três anos depois. Em fevereiro deste ano, foi eleito para o conselho de administração da Eletrobras. Sua trajetória inclui diversas posições de destaque, como diretor responsável por iniciativas estratégicas e fusões e aquisições globais da Kraft Heinz em 2019, diretor-presidente da Kraft Heinz no Canadá de 2015 a 2018, presidente da PDG Realty de 2012 a 2015, e sócio e co-responsável pela área de private equity da Vinci Partners de 2010 a 2015. Piani também foi analista de fusões e aquisições e sócio da área de investimentos ilíquidos do Banco Pactual de 1998 a 2004.
- Cristiano Teixeira
É diretor-geral da Klabin, a maior produtora e exportadora de papéis para embalagem e de embalagens de papelão ondulado do Brasil. Sua carreira inclui passagens por grandes companhias como Sumitomo, Ripasa, Sony, Duratex e San Antonio. Teixeira começou sua trajetória muito jovem, vendendo bananas em uma feira na zona norte de São Paulo aos 10 anos.
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Sob sua liderança, a Klabin entrou no Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI), tanto nas carteiras de Índice Mundial quanto de Índice de Mercados Emergentes. Além disso, Teixeira atua como embaixador pelo Clima da Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas e é membro do Business Leaders da COP26.
- Francisco Gomes Neto
Francisco Gomes Neto, presidente e CEO da Embraer desde 2019, é graduado em Engenharia Elétrica com especialização em Administração de Empresas e possui um MBA em Controladoria e Finanças. Sua carreira foi construída na indústria automotiva, onde atuou como CEO nos últimos 20 anos, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Gomes Neto também é líder da força-tarefa de Comércio e Investimentos do B20.
Antes de sua posição atual na Embraer, Gomes Neto foi CEO do grupo Marcopolo (POMO4) nos três anos anteriores, onde liderou um processo de transformação que resultou no aumento das vendas e no valor de mercado da empresa. Ele também ocupou os cargos de CEO Americas na empresa alemã Mann+Hummel e de presidente da Knorr-Bremse, líder mundial em sistemas de controle de veículos comerciais.
- Gustavo Pimenta
É um executivo com vasta experiência nos setores financeiro, de energia e mineração, acumulando uma carreira de mais de duas décadas no Brasil e nos Estados Unidos. Em 2021, assumiu o cargo de vice-presidente executivo de finanças e relações com investidores na Vale.
- Gustavo Werneck
É o CEO da Gerdau. Formado em engenharia mecânica pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ele possui MBAs em gestão pelo Insper e Faculdade Getulio Vargas (FGV), além de cursos de aperfeiçoamento no Insead, Harvard Business School, Kellogg e London Business School. Werneck iniciou sua trajetória na Gerdau como gerente de engenharia na Cosigua, no Rio de Janeiro, e posteriormente liderou as fábricas no Paraná, Bahia, Pernambuco e Pindamonhangaba. Ele também passou um ano e meio na Índia, onde realizou o ‘turnaround’ da operação. De volta ao Brasil, Werneck assumiu o cargo de diretor corporativo de TI e, mais tarde, toda a operação brasileira, incluindo a gestão das áreas de aços longos, planos e mineração, responsáveis por 43% da geração de caixa da empresa.
- Marcelo Bastos
Possui uma vasta trajetória na indústria de metais e mineração, com experiência em desenvolvimento e operações de grandes projetos globais. Bastos atuou como diretor de operações na MMG, supervisionando operações em três continentes, ocupou cargos de liderança na BHP Billiton, incluindo presidente-executivo da BHP Billiton Mitsubishi Alliance (BMA) e presidente da Nickel West. Na Vale, ele teve uma carreira de 19 anos, desempenhando papéis de alta gerência e operacionais, incluindo como diretor de operações não ferrosas.
- Marcello Spinelli
É o vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro da Vale. Antes dessa posição, liderou a área de Ferrosos por quase quatro anos. Ele possui uma sólida experiência em operações integradas de logística, acumulada ao longo de quase 10 anos como CEO da Valor da Logística Integrada (VLI). Anteriormente, ocupou cargos de destaque na Vale de 2002 a 2010, tanto na área comercial de carga geral quanto nas operações do Complexo de Tubarão. Antes de ingressar na mineradora, Spinelli passou pela Ambev e foi gerente no Submarino de 2000 a 2002.
- Maurício Bahr
É o diretor geral da Engie no Brasil há 25 anos, quando a empresa chegou ao país. Além disso, é presidente da Engie Brasil Energia, da Transportadora Associada de Gás (TAG) e da Jirau Energia. Desde 2007, Bähr é membro do Conselho de Administração do Operador Nacional do Sistema (ONS) do Sistema Interligado Brasileiro, representando empresas geradoras.
Ele também é membro do Conselho da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB) e é conselheiro do Comércio Exterior da França. Bähr possui três graduações universitárias, um MBA pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Universidade de Berkeley (EUA), além de ter frequentado o programa Harvard YPO President´s Program (EUA) por vários anos.
- Pablo Di Si
Assumiu como presidente e CEO do grupo Volkswagen da América e CEO da Volkswagen na Região Norte da América, em 2022, focando na estratégia de crescimento do grupo nos Estados Unidos. Com um portfólio de mais de 25 modelos de veículos elétricos até 2030, ele lidera mais de 20 mil colaboradores na região para aproveitar oportunidades de mercado nos EUA, México e Canadá.
Anteriormente, ocupou cargos em finanças e desenvolvimento de negócios nos EUA e Brasil com Fiat Chrysler Group, Kimberly-Clark e Monsanto. Formado pela Harvard Business School (AMP 2011), possui MBA em Gestão Internacional pela Thunderbird School of Management (2002) e diploma em Contabilidade pela Northwestern University (1996).
- Pedro Parente
Pedro Parente é o CEO Global da BRF S.A., uma das principais empresas de alimentos do mundo, detentora de marcas como Sadia e Perdigão. Com formação em engenharia elétrica, Parente possui uma trajetória que mescla administração pública e setor privado.
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No setor privado, atuou como consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI), vice-presidente do Grupo RBS, presidente da Bunge Brasil e colaborador na Prada Assessoria. No setor público, destacou-se como presidente da Petrobras, posição que ocupou de 2016 a 2018.
- Ruben Marcos Fernandes
É presidente da mineradora Anglo American. Anteriormente, atuou como diretor de Mineração da Votorantim Metais no Brasil e, de 2009 a 2011, foi responsável pela diretoria de Operações da Vale Fertilizantes, incluindo vendas e marketing. Também presidiu as empresas Kaolin – Pará Pigmentos e Cadam, ambas subsidiárias da Vale, entre 2007 e 2009. Ao longo de sua carreira, de 1988 a 1998, ocupou diversas posições de liderança na indústria de ligas especiais.
(Atualização: depois que esta reportagem foi publicada, as assessorias de imprensa da Embraer e da Klabin disseram ao E-Investidor que tanto Francisco Gomes Neto quanto Cristiano Teixeira não vão participar do processo de seleção para o cargo da mineradora).