- Mercado financeiro aguarda uma possível queda nas vendas do Carrefour Brasil
- Além de representar uma parcela relevante do faturamento, setor de carnes incentiva a compra de outros produtos nas lojas
- Carrefour reconheceu em nota os impactos do boicote nacional
O mercado financeiro aguarda uma possível queda nas vendas do Carrefour (CRFB3) no Brasil no balanço do quarto trimestre de 2024, reflexo das recentes tensões entre a rede varejista e os frigoríficos nacionais. Essa expectativa é compartilhada por João Daronco, analista da Suno Research, que avalia que as declarações do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, foram prejudiciais para a empresa varejista.
Leia também
“Na minha visão, foi um tiro no pé, porque a crítica do executivo ao acordo do Mercosul foi interpretada como boicote aos produtos brasileiros. No final do dia, você viu o boicote do boicote. Os frigoríficos brasileiros, ouvindo isso, boicotaram o Carrefour, e aí se cria muito uma cultura de nós contra eles. E quem deve sair perdendo com isso é o Carrefour”, afirma Daronco.
O analista destaca que é difícil prever a duração da crise, mas acredita que haverá impacto nos resultados do Carrefour em curto prazo. “Difícil saber quanto tempo vai perdurar, mas sem dúvida deve impactar os resultados do supermercado num curto espaço de tempo”, completou, dizendo que as consequências já poderão ser sentidas na divulgação dos resultados do último trimestre de 2024 do Carrefour Brasil.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
O setor de carnes é uma categoria significativa nas vendas do Carrefour, lembra o especialista. Além de representar uma parcela relevante do faturamento, o frigorífico dos mercados atua como um atrativo importante para os consumidores, incentivando visitas às lojas e impulsionando a compra de outros produtos.
O Carrefour sentiu
A controvérsia teve início quando o CEO da varejista, Alexandre Bompard, anunciou que o Carrefour deixaria de comercializar carne proveniente dos países do Mercosul em suas lojas na França, em solidariedade aos agricultores franceses. Seria a sua resposta a preocupações sobre o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Em retaliação, frigoríficos brasileiros como JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Masterboi interromperam o fornecimento de carne às lojas do Carrefour no Brasil, incluindo redes como Atacadão e Sam’s Club.
O Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil também criticou a declaração, afirmando que o País possui um rigoroso sistema de defesa agropecuária, atendendo aos padrões mais exigentes, inclusive os da União Europeia.
Em resposta às interrupções no fornecimento, o Grupo Carrefour Brasil declarou inicialmente que não há desabastecimento de carne em suas lojas no país e que a comercialização do produto ocorre normalmente. A postura, no entanto, mudou esta semana, com o Carrefour (CRFB3) reconhecendo em nota os impactos advindos da ruptura de fornecimento de carnes pela indústria nacional.
Publicidade