- Com modelo de negócios considerado desatualizado, a GameStop era alvo da desconfiança de Wall Street
- Contudo, as ações subiram mais de 600% no mês, em uma alta alimentada pelo movimento de compra de pequenos investidores
- Grandes fundos de hedge, que apostavam na queda, tiveram prejuízos milionários
Uma empresa com o modelo de negócios desatualizado, alvo da desconfiança de Wall Street: há menos de 1 mês, esse era o cenário para a GameStop (GME, NYSE), varejista americana de games.
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Na era dos jogos online e das plataformas de streaming, a companhia ainda concentrava esforços na venda física, o que motivava megainvestidores a montarem grandes posições vendidas nos papéis – popularmente conhecido como ‘apostar contra’ uma ação.
Montar uma posição vendida significa, a grosso modo, alugar um número de ações de um investidor ‘X’, vendê-las para um terceiro investidor pela cotação vigente, para depois recomprá-las quando o preço dos papéis caírem e, em seguida, devolvê-las ao ‘dono’ original.
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Dessa forma, é possível ganhar com a baixa de um ativo.
Entretanto, no caso GameStop, o preço não caiu. Pelo contrário. No mês, o GME subiu 676%, passando de US$19,06, no dia 1 de janeiro, para US$ 147,98, no fechamento da última terça (27).
A alta foi puxada principalmente pelo movimento comprador de investidores pessoas físicas.
O resultado não poderia ser outro: os megainvestidores – grandes fundos de hedge – que apostavam na queda, tiveram prejuízos milionários.
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“Quando o preço começou a subir muito, o investidor que havia alugado suas ações começou a pedir elas de volta, e quem havia montado as posições vendidas precisou recomprar os ativos, que agora estavam muito mais caros, para devolvê-los aos donos – trata-se do chamado short squeeze”, explica Will Castro Alves, sócio da Avenue.
Outro fator que complicou os gigantes de Wall Street foi a liquidez dos papéis da GameStop.
“Tinham posições vendidas muito elevadas, com milhões de ações, por exemplo. Um número muito maior do que o volume de negociação diário do papel”, disse o especialista. “É difícil recomprar tudo isso de ação. É como se você quisesse tirar um elefante de uma sala, por uma porta do tamanho de uma formiga”, afirma.
A Revolta das Formigas
O movimento comprador em torno da companhia foi impulsionado por pequenos investidores após notícias de mudanças na governança da GameStop.
Recentemente, Ryan Cohen, co-fundador da bem-sucedida varejista online de produtos para pets Chewy, foi anunciado como novo membro do conselho da empresa de games.
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A notícia fez com que os usuários do fórum Reddit, especificamente do subfórum Wall Street Bets, se organizassem e passassem dias adquirindo papéis da varejista de games.
“Foi quase uma revolta das formigas”, explica Alves. “Os investidores do Reddit foram comprando ações do mercado, dificultando a vida de quem estava vendendo – no caso os grandes fundos – que tiveram que zerar as posições porque começaram a perder muito dinheiro.”
Esse movimento de pequenos investidores faz parte de uma nova conjuntura no mercado acionário.
“É uma coisa estranha, porque antigamente a manipulação de mercado acontecia com um agente tentando influenciar os preços. Nesse caso da GameStop, foi um grupo de pessoas que se uniu e acabou direcionando o mercado, o que não é necessariamente uma manipulação, é como se as formiguinhas se juntassem e atacassem os grandes”, gerando o short squeeze, diz Alves.
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