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Coronavírus pode frear crescimento de fintechs brasileiras

Entre janeiro e fevereiro, essas empresas receberam US$ 55 milhões em investimentos

Coronavírus pode frear crescimento de fintechs brasileiras
Aprenda a planejar seu orçamento com a ajuda de alguns apps para finanças pessoais
  • A principal característica dessas empresas é ter um crescimento exponencial
  • Com a freada no aporte de capital, é preciso rever o modelo de negócio

O ano de 2019 não poderia ter sido melhor para as startups brasileiras. O País foi o terceiro no mundo com o maior número de novas empresas se tornando unicórnios – termo usado para designar as avaliadas em mais de US$ 1 bilhão – e o fluxo de capital esbanjava bons resultados, com mais de US$ 2,7 bilhões em aportes, segundo dados da consultoria Distrito.

Nessa toada, quem mais encantou os investidores foram as fintechs – startups de serviços financeiros -, que receberam US$ 936 milhões em investimentos no ano, um aumento de 541% em relação a 2017.

A alta não parou por aí. Entre janeiro e fevereiro de 2020, as fintechs brasileiras receberam US$ 55 milhões em investimentos, volume duas vezes maior do que no mesmo período do ano passado, de acordo com a Distrito. Tudo parecia caminhar bem para que esse fosse o melhor ano para as empresas desse segmento. Mas a pandemia do novo coronavírus que se alastrou ao redor do mundo colocou essa previsão em espera.

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“A principal característica de uma fintech é ter um modelo de negócio escalável, ou seja, que permite ter um crescimento exponencial”, diz Alan De Genaro, professor de finanças da FGV EAESP. Para isso, elas precisam de um aporte de capital que não deve vir agora. O desafio é priorizar a lucratividade e ter um fluxo de caixa positivo em vez de focar no crescimento da empresa.”

É hora de pensar em pesquisa e inovação

Apesar do risco de corte no financiamento, algumas empresas têm usado a fase de crise para pensar em inovação e novos projetos. Esse é o caso da Valemobi, fintech de gestão financeira que ajuda os investidores a navegar no mercado de capitais.

“Decidimos aumentar o time de inovação, evoluir a nossa tecnologia e já investimos na ampliação da capacidade de processamento para evitar problemas de instabilidade nas plataformas”, diz Rodrigo Freitas, CEO da Valemobi. “Também estamos trabalhando com força na educação financeira para ajudar essa nova onda de investidores a entender melhor os riscos inerentes ao mercado e agirem na preservação de seus patrimônios.”

O executivo relata que apesar dos riscos que a pandemia traz para o financiamento das fintechs, a demanda por serviços de tecnologia tem aumentado durante a crise. “Um dos nossos aplicativos, o TradeMap, acelerou drasticamente seu crescimento e atingiu novos recordes de acesso diários”, afirma. “ A vida das pessoas mudou e essa é a nossa visão de futuro agora.”

Apesar do momento de incerteza, a companhia comemorou a boa notícia que veio no início do mês. O jornal britânico Financial Times divulgou o ranking com as 500 empresas que mais crescem nas Américas e a Valemobi é a primeira fintech brasileira que aparece na lista. No top 500, que tem empresas como Uber e Paypal, há apenas mais uma desse segmento, a fintech de crédito Pravaler.

Segundo Freitas, apesar da recessão econômica que vigorou no País entre 2014 e 2016, a Valemobi usou a má fase como uma oportunidade para continuar investindo em pesquisa e desenvolvimento dos produtos. “O resultado dessa aposta estamos vivendo agora”, diz. “Já superamos outras crises e tenho certeza que sairemos muito mais fortes dessa.”

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O caminho de retomada, porém, não deve ser fácil. Para Genaro, da FGV, as fintechs que têm a educação financeira como driver podem sentir um efeito negativo no curto prazo em resposta à queda no mercado de capitais. “As pessoas que não estão preparadas para essa queda acionária acabam retirando suas posições dessas ferramentas”, afirma. “Além disso, como haverá redução de capital disponível, essas empresas precisam rever o modelo de negócio.”

A preocupação também já está no radar da Valemobi, que acredita que as fontes de financiamento para as empresas serão mais seletivas e o nível de risco será compatível com o novo cenário. “Todos precisam ser mais competentes na execução e entrega do que eram antes. Haverá uma seleção natural de quem conseguirá passar pela crise e os sobreviventes serão premiados com o mercado mais maduro”, diz Freitas.

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