Trump dobra tarifas sob aço e alumínio e mexe com o humor do mercado financeiro hoje. (Foto: Adobe Stock)
As tarifas de importação dos Estados Unidos sobre o aço e alumínio subiram de 25% para 50% nesta quarta-feira (4). Ao assinar a ordem executiva, o presidente americano Donald Trump declarou que as taxas iniciais eram insuficientes para o desenvolvimento das indústrias siderúrgicas em território americano. Nesta nova investida da Casa Branca, apenas o Reino Unido saiu beneficiado com a permanência da alíquota anterior de 25% visto que os dois países já haviam firmado um acordo comercial.
No Brasil, as medidas protecionistas do republicano têm efeitos diferentes para ações das siderúrgicas brasileiras. Como mostramos nesta reportagem, a Gerdau (GGBR4) tem sido apontada pelos analistas como a empresa do setor menos suscetível às tarifas de Trump. Por produzir aço nos Estados Unidos, a companhia permanece protegida das alíquotas americanas. Com a vigência dos novos impostos, os analistas do BTG Pactual avaliam que a companhia poderá ter um impulso positivo nos lucros de curto prazo, já que o impacto total das novas alíquotas de aço ainda não foram precificadas pelo mercado.
No acumulado de 2025, os papéis da Gerdau (GGBR4) caem 9,78%. “A América do Norte agora representa uma parte significativa da geração de EBITDA da Gerdau, mas a empresa ainda é negociada como se fosse um player exclusivamente brasileiro”, escreveram Leonardo Correa e Marcelo Arazi, analistas do BTG Pactual, em relatório divulgado nesta terça-feira (3). “Acreditamos que os resultados do 2T25 podem ser um gatilho para uma reavaliação do pessimismo atual”, acrescentaram.
Já a situação para as ações da Usiminas (USIM5) é um pouco diferente. A elevação das alíquotas deve impactar as operações das companhias, embora os efeitos tendem a ser limitados com a baixa exposição dos negócios ao mercado norte-americano. Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos, estima que apenas 2,5% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em inglês) consolidado da empresa venha dos Estados Unidos.
“No entanto, com o Brasil suprindo mais de 60% das necessidades de aço semiacabado dos EUA (principalmente placas), observamos que tarifas potencialmente mais altas poderiam resultar em maior disponibilidade de placas por aqui, o que, em última análise, se traduziria em custos mais baixos para a Usiminas”, diz o especialista. A mesma avaliação se aplica para a CSN (CSNA3). Chanes avalia que os EUA correspondem aproximadamente a 7% do EBITDA de aço da empresa, o que representa menos de 3% do EBITDA consolidado.
O que fazer com as ações?
As ações da Gerdau (GGBR4) são as únicas que possuem recomendação de compra entre as corretoras e bancos de investimentos, consultados pelo E-Investidor. O BTG Pactual, por exemplo, prevê um preço-alvo de R$ 20, o que representa um potencial de valorização de 23,5% em relação à cotação do papel na tarde desta quarta-feira (4). Nesta quarta (4), as ações fecharam com queda de 0,62%, cotadas a R$ 16,14.
“A ação está sendo negociada a um múltiplo EV/EBITDA inferior a 4x para 2025, com yields de fluxo de caixa livre (FCF) próximos de 5-6% em 2025, podendo superar os 10% em 2026”, informou o BTG Pactual. A Ágora Investimentos tem recomendação neutra tanto para as ações da Gerdau (GGBR4) quanto para Usiminas (USIM5) e CSN (CSN3), enquanto a Nord Investimentos prefere ficar de fora do setor.
Fabiano Vaz, analista da casa, diz que as empresas são cíclicas e com baixa competitividade em relação a outros players do mercado. “Temos uma visão pouco construtiva para essas teses de investimento”, diz Vaz. Já o Itaú BBA cortou o preço-alvo da CSN(CSN3) de R$ 12 para R$ 9 para o fim de deste ano ao reiterar a sua recomendação neutra para o papel. “A combinação de alavancagem financeira ainda elevada e as perspectivas de geração de fluxo de caixa livre (FCF) negativa nos impedem de adotar uma visão mais otimista sobre a empresa”, informou o banco. A Usiminas encerrou o dia cotada a R$ 5,22, com baixa de 1,14%. Já os papéis da CSN terminaram o pregão de hoje com recuo de 0,86%, a R$ 8,33.