A transação anunciada na última quinta-feira (5) pela Suzano (SUZB3), que envolveu a compra de 51% das operações de papéis de higiene da Kimberly-Clark em 14 países, por meio da criação de uma joint venture (cooperação entre empresas que geralmente implica em uma nova organização societária) foi avaliada positivamente pela agência de classificação de risco Fitch Ratings. “A nova entidade trará maior diversificação de produtos no segmento tissue, que é mais estável, e geográfica, por ampliar a presença da Suzano em países com ratings mais altos que os do Brasil”, afirmou a instituição.
Segundo a Fitch, a transação terá impacto limitado na expectativa de redução da alavancagem da Suzano, dada a forte geração de fluxo de caixa operacional esperada. A agência diz reconhecer que, embora a companhia precise integrar operações em diferentes mercados e capturar potenciais sinergias, a Suzano tem expertise industrial e posição de liderança em celulose. A Fitch ainda destaca a capacidade da empresa de aumentar o uso de fibra curta em produtos de papel, em linha com a tendência do mercado internacional de migração de fibra longa para fibra curta.
Com a transação, a empresa será a oitava maior produtora global de papéis de higiene e a dependência da Suzano da Ásia, incluindo a China, também deve diminuir, de 33% para 28%.
“A nova entidade deverá melhorar a diversificação de negócios e regional da Suzano. A contribuição do segmento de bens de consumo para sua receita consolidada deve aumentar de 6% para 31%, enquanto a do EBITDA [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização]
deve aumentar de menos de 5% para 14%, apesar das margens operacionais menores que as de celulose”, diz a agência de risco.
A Fitch acredita que a JV adicionará US$ 3,3 bilhões à receita e US$ 500 milhões ao Ebitda da Suzano, que foi de US$ 4,1 bilhões em 2024, sem considerar sinergias. A empresa espera atingir sinergias de US$ 175 milhões ao longo de quatro anos.
A Fitch acrescenta ainda que a conclusão do negócio, prevista para meados de 2026, deve permitir que a empresa reduza sua alavancagem em 2025. “Em base pró-forma, a JV deve aumentar a dívida líquida/Ebitda da Suzano em 0,1-0,2 vez, sem considerar potenciais sinergias, e não deve impactar a expectativa da Fitch de alavancagem líquida abaixo de 3 vezes após 2026”, diz a classificadora de risco.
A Fitch classifica a Suzano com IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moedas Estrangeira e Local ‘BBB-‘, Perspectiva Positiva, e Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’, perspectiva Estável.