- Em tempos de pandemia, em que diversas famílias tiveram seus orçamentos impactados, fazer pequenos ajustes pode ser essencial para manter as contas no azul e evitar as dívidas
- Pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com a Offer Wise informou que cerca de 42% dos entrevistados disseram que a pandemia aumentou o seu nível de gastos
- Taxas bancárias e gastos desnecessários com delivery podem ser evitados para economizar
De grão em grão, a galinha enche o papo, não é mesmo? Esse ditado popular se aplica a várias situações, inclusive nas finanças pessoais. Muitas vezes deixamos de fazer pequenas economias que, lá na frente, fariam uma baita diferença.
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Como assim? Vamos supor que você precisa fazer uma transferência bancária todo mês. Ao invés de fazer um TED, que muitas vezes é pago (segundo dados do BC, o valor médio da tarifa é de cerca de R$ 10), opte por realizar um PIX, que na maior parte dos casos, é gratuito. Com isso, passados 12 meses, você teria R$ 120.
Economizar pouco assim pode parecer bobagem. Contudo, em tempos de pandemia, em que diversas famílias tiveram seus orçamentos impactados, fazer pequenos ajustes pode ser essencial para manter as contas no azul e evitar as dívidas.
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Uma pesquisa que saiu em julho de 2020, feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) em parceria com a Offer Wise, informou que cerca de 42% dos entrevistados disseram que a pandemia aumentou o seu nível de gastos.
Segundo Virginia Prestes, professora de finanças e investimentos da Faap, o melhor jeito de economizar é fazendo o planejamento. “Além disso, ao se planejar, você consegue sair da impulsividade”, diz.
O E-Investidor conversou com especialistas em educação financeira para saber onde encontrar gastos invisíveis e como evitá-los.
Tarifas de Banco
“Banco é um cemitério de taxas escondidas”, diz Leandro Benincá, educador financeiro da Messem Investimentos. Na visão do especialista, o ponto central é que, se você paga por algo que utiliza, não há problema algum em arcar com as tarifas. Contudo, o problema está no fato de não utilizar aquilo que está pagando.
“Hoje em dia, existem bancos digitais, que te ajudam oferecendo tudo de graça. Dependendo do pacote no banco tradicional, se forem R$ 20 por mês em tarifas, são R$ 240 em um ano”, diz o educador.
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Exemplo: vamos supor que você gaste R$19,90 por mês no pacote tarifário do seu bancão. No ano, são gastos R$ 238,80 que poderiam ser economizados.
Gastos com aplicativos de mobilidade
Escolhas do nosso dia a dia que, em um primeiro momento, podem parecer inofensivas, têm o potencial de implicar em um gasto maior no final do mês.
Por exemplo, já pensou que atravessar a rua para pedir um carro de aplicativo pode impactar no preço da corrida? A prática pode fazer bastante diferença em grandes cidades. “O ato de não atravessar pode fazer com que o motorista gaste um tempo extra que, dependendo do horário, pode ser grande, encarecendo o serviço”, diz Benincá.
Exemplo: vamos supor que você gaste no Uber R$4 a menos por corrida, que foi a economia em teste na Avenida Paulista realizada pelo educador.
Com duas viagens ao dia em cinco dias da semana você teria uma economia de R$160 todos os meses, o que resultaria em R$1.920 por ano.
Cuidado com saques e extratos desnecessários
Além dos pacotes, os bancos têm várias pequenas tarifas que não enxergamos com clareza no dia a dia. Entre eles estão um pedido extrato a mais ou a realização de um saque que você não precisava. “Essas pequenas escolhas, na verdade, não são taxas cobradas pelo banco, e sim uma decisão equivocada tomada por você”, diz Benincá. É preciso se policiar e utilizar dos meios digitais para evitar esse tipo de gasto invisível.
Exemplo: Alguns bancos cobram até R$ 18 por TED, 4 por mês somam R$ 72 reais = R$ 864 por ano
Economia que nem sempre é bom negócio
Segundo Benincá, muitas vezes você pode achar que está fazendo um bom negócio tomando determinada decisão, mas não coloca o orçamento na ponta do lápis antes. Por exemplo, rodar 40 km para abastecer o seu carro em um posto de combustível no qual a gasolina está mais barata não é a melhor decisão.
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O combustível pode ter preço reduzido, mas você acabará arcando ainda mais com os custos de chegar até lá. “As economias só serão verdadeiras se você fizer a conta e realmente estiver gastando menos”, afirma Benincá.
Cuidados com programa de milhas
É muito comum concentrarmos nossos gastos no cartão de crédito para ganharmos milhas. Entretanto, também é comum que os pontos acabem expirando. Inclusive, segundo Prestes, grande parte das receitas da Smiles vêm dos pontos expirados.
“Hoje em dia, muitos cartões oferecem o cashback, o que permite maior liberdade para as pessoas poderem comprar a passagem aérea, realizarem abate da fatura do cartão, entre outras coisas”, explica a professora.
Exemplo: uma pessoa que gasta em média R$ 5 mil por mês no ano, gastou R$ 60 mil no cartão, o equivalente a cerca de 10 mil milhas. Com o cashback de 1%, são R$ 600 por ano que se passa a ganhar.
Não procurar cupons de desconto
Ao realizar compras on-line, sempre há um campo para adicionar os cupons de descontos na hora de fechar o carrinho. Basta uma simples pesquisa no Google para encontrar um deles, que pode gerar uma grande economia. “Muitas vezes as pessoas nem sabem que existem os cupons ou parcerias, que nem sempre são escancaradas, mas que se a pessoa for atrás, há até aplicativos que fazem esse trabalho, possibilitando uma bela economia para o usuário”, diz Prestes.
Exemplo: vamos supor que você gasta R$ 500 reais por mês em compras na internet. Considerando cupons de 10%, vistos mais comumente no universo digital, teria R$ 50 reais por mês de economia, ou seja, R$ 600 no ano.
Nâo pesquisar os melhores preços
Fazer pesquisa é a melhor maneira de garantir que você está realizando uma compra com preço justo. “Além disso, ao deixar de pesquisar antes da compra, você pode até estar perdendo oportunidades de desconto, pois pode haver parceria entre empresas”, diz a professora. Um bom exemplo é aquele cliente de determinada marca que tem desconto de até 10% em outro estabelecimento.
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Isso também pode acontecer ao optar pela loja on-line ao invés da física. Na opinião de Prestes, isso acontece muito nas finanças: a pessoa que se planeja e geralmente consegue fazer melhores negócios, obtendo melhores descontos.
Gastos com delivery desnecessários
“Outro ponto que as pessoas não levam em consideração e que já foi muito levantado é que não percebem que gastam muito mais com delivery do que se fizessem seu prato em casa”, diz Prestes. Isso, é claro, caso a pessoa tenha tempo e condição para preparar sua comida. Se você não puder preparar a sua, lembre-se dos cupons de desconto e de programas de fidelidade.
Cuidado com as taxas de entrega
Seguindo na mesma linha dos aplicativos de comida, a taxa de entrega, muitas vezes, é esquecida pelos consumidores, apesar de ser bem significativa. “As próprias plataformas oferecem pacotes que barateiam o valor, além de existirem estabelecimentos que contam com a tarifa zerada. É preciso fazer a conta, porque às vezes a entrega pode estar incluída no valor da refeição, o que não adianta”, conclui Prestes.
Exemplo: O Ifood oferece um pacote de desconto em que vende R$ 10 em descontos nas suas compras por apenas R$ 3. Se você adquire esse pacote para uma média de 20 refeições que pede no mês, já são R$ 140 de desconto no mês, e no ano são R$ 1680 de economia.