- Os ‘Brazilian Depositary Receipts’ são recibos de ações de empresas estrangeiras que são negociadas na Bolsa brasileira na forma de papéis comuns
- Em outubro de 2020, quando as pessoas físicas passaram a negociar esses recibos, o volume financeiro médio mensal dos BDRs era de R$ 129,9 milhões. No mês passado, esse montante cresceu 200%, para R$ 377,4 milhões
- EntreTesla (TSLA34), Mercado Livre (MELI34), Apple (AAPL34), Amazon (AMZO34) e Microsoft (MSFT34) são as mais negociadas pelos investidores no ano
Os ‘Brazilian Depositary Receipts’ são recibos de ações de empresas estrangeiras negociadas na Bolsa brasileira na forma de papéis comuns. Em outras palavras, é uma maneira mais fácil de diversificar no mercado externo.
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Até outubro do ano passado, os BDRs só podiam ser acessados por ‘investidores qualificados’, ou seja, com pelo menos R$ 1 milhão investidos. Mas uma nova regra estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) liberou o acesso para os pequenos investidores.
Os reflexos dessa democratização apareceram rapidamente no mercado brasileiro. Em outubro de 2020, quando as pessoas físicas passaram a negociar esses recibos, o volume financeiro médio dos BDRs era de R$ 129,9 milhões. Em março, esse montante saltou 200%, para R$ 377,4 milhões, segundo dados são da consultoria Economatica.
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A oferta de BDRs também sofreu um incremento significativo. No total, existem 687 opções de recibos de ações estrangeiros disponíveis. Entre eles, Tesla (TSLA34), Mercado Livre (MELI34), Apple (AAPL34), Amazon (AMZO34) e Microsoft (MSFT34) são os mais negociados pelos investidores em 2021.
Veja o ranking dos BDRs preferidos dos investidores em 2021
Nome | Código | Retorno em 2021 | Volume de negociação no ano (R$) |
Tesla | TSLA34 | 10,31% | 74.321 |
Mercado Livre |
MELI34 | -4,59% | 41.385 |
Apple | AAPL34 | 7,41% | 17.819 |
Amazon | AMZO34 | 7,23% | 15.134 |
Microsoft | MSFT34 | 24,46% | 10.342 |
*O levantamento considerou o fechamento até 20 de abril de 2021
Tesla (TSLA34): a BDR mais líquida do ano
O BDR favorito dos investidores é da Tesla, que pertence a Elon Musk e sobe 10,31% no acumulado de 2021. A montadora de carros elétricos, aeronaves e foguetes teve um volume de negociações de R$ 74,3 milhões até o dia 14 de abril. Para Raphael Chedid, especialista em renda variável da EWZ Capital, não há dúvidas sobre a genialidade de Musk, mas o que atraiu ainda mais os investidores para o papel foi a associação da companhia às criptomoedas.
“A empresa é disruptiva, o Elon Musk é um cara brilhante. Mas o que aconteceu para a empresa ter esse boom de negociações foi que no final do ano passado Musk anunciou que estava comprando bitcoins e que, futuramente, a Tesla aceitaria o pagamento por meio do criptoativo”, afirma o especialista.
Entretanto, o investimento nos BDRs da Tesla envolve risco. “É aquela compra da promessa futura. Se der certo tudo que eles planejam fazer, vai ser muito positivo. O mercado antecipa os movimentos, por isso o nível de negociações. Caso não, as pessoas vão sair do papel”, afirma Chedid.
Mercado Livre (MELI34) e Amazon (AMZO34): fé no e-commerce
Duas empresas de e-commerce também estão entre as mais buscadas pelos investidores: o Mercado Livre ficou em segundo lugar no volume de negociações do ano, com R$ 41,3 milhões, enquanto a Amazon aparece no quarto lugar, com R$ 15,1 milhões.
Os recibos da gigante latino-americana, entretanto, caem 4,59% em 2021 – um desempenho bem diferente de 2020, quando a MELI34 valorizou 277,85%. O mesmo ocorre com a concorrente americana, que apesar de alta de 7,23% desde janeiro não chega perto da escalada de 131% vista no ano passado.
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A Amazon, sendo uma plataforma de e-commerce, também surfou nas novas necessidades trazidas pela pandemia. “As empresas de tecnologia no geral se destacaram. Com as pessoas ficando mais em casa, a demanda por serviços online se acelerou”, conclui o analista da EWZ Capital.
No geral, o setor de e-commerce foi beneficiado em 2020 e agora os investidores migram para papéis mais ligados à ‘velha economia’, como as empresas de commodities. Mas isso não significa que as companhias ligadas ao comércio on-line tenham deixado de ser boas apostas. Mesmo que o boom do segmento tenha passado, as perspectivas são animadoras.
Apple (AAPL34) e Microsoft (MSFT34): vanguarda com inovação
Na lista também estão duas empresas de tecnologia, mas que também são inovadoras. Os BDRs da Apple estão em terceiro lugar entre os recibos mais líquidos, com R$ 17,8 milhões em volume de negociação e valorização de 7,41% no ano.
Os ativos da Microsoft, que estão em quinto lugar entre os mais negociados, sobem 24,46% em 2021. “Vemos uma grande qualidade nas duas companhias e ambas fazem parte não só do nosso universo de cobertura, mas do portfólio do nosso fundo Smart Beta de Qualidade, que tem os pesos das empresas conforme as qualidades que vemos”, explica Marcelo Carramaschi, sócio e analista de Investimentos da GeoCapital.
No caso da Microsoft, além da criação do sistema operacional mais utilizado no mundo, o Windows, a empresa segue liderando tendências. “O crescimento que vemos vem de uma migração do que era o modelo tradicional de softwares, de compra do produto físico para instalação na máquina, para um produto de assinatura, como o Office 365. Ao mesmo tempo, a Microsoft oferece uma gama de serviços empresariais para migração da parte estrutural de TI para cloud (nuvem)”, explica Carramaschi.
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A pandemia do coronavírus também ajudou a impulsionar a empresa de Bill Gates. “Você tem o sistema todo do Microsoft Teams, voltado para trabalho remoto. Com a assinatura do Office 365, o usuário já tem acesso a esses softwares”, afirma Carramaschi.
Já em relação à Apple, a base de usuários de cerca de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo traz certa estabilidade à companhia. Segundo o especialista da GEO Capital, a companhia fundada por Steve Jobs e Steve Wozniak tem uma fatia de 20% no mercado de telefonia e fontes de receita que se retroalimentam.
“A empresa tem um sistema fechado tanto para o usuário quanto para o programador. Então para você programar um aplicativo da Apple, é necessário utilizar a linguagem da Apple e passar pelo crivo da companhia. Para comprar esse aplicativo, o usuário tem que estar também no sistema iOS”, diz o analista. “E a Apple ganha uma comissão sobre tudo que é transacionado no sistema dela.”
Na média, a Apple ganha 30% de comissão em cima de todos os aplicativos vendidos na Apple Store. “Agora a empresa também está migrando para um sistema em que o usuário, em vez de comprar, assina os serviços. Aí que vemos uma possibilidade de crescimento grande”, conclui Carramaschi.
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