- O acesso aos fundos de índices internacionais no mercado brasileiro é incipiente. Atualmente, há 65 BDRs de ETFs na bolsa brasileira, um número bem abaixo das oportunidades disponíveis no exterior
- O volume em reais negociado através desses produtos evoluiu de R$ 147 milhões em dezembro do ano passado para R$ 727 milhões no último mês de março, o que representa um aumento de quase 395%
- A plataforma australiana de investimentos Stake listou dez ETFs que investem em ideias ainda inusitadas em mercados menos desenvolvidos
Acredite se quiser, mas a Maconha, o urânio e água são alguns recursos naturais que entraram na prateleira global de investimentos. Com o interesse por diversificação em ativos no exterior, o mercado brasileiro já está de olho para acompanhar esse movimento de expansão nos produtos alternativos.
Leia também
Em setembro do ano passado, por exemplo, a bolsa brasileira facilitou o acesso aos Brazilian Depositary Receipts (BDRs), certificados de ações negociadas no exterior e que só podiam ser comprados por investidores qualificados (aqueles com certificação ou mais de R$ 1 milhão em investimentos).
Em fevereiro de 2021, a B3 também democratizou os BDRs de fundos de índices (ETFs na sigla em inglês). O resultado se traduziu em alta no número de investidores, que saiu de 911 pessoas em janeiro para a 2,3 mil em fevereiro. Em março, o total de investidores nesses ativos saltou para 3.842 – 3,7 mil só pessoas físicas. O volume em reais negociado através desses produtos evoluiu de R$ 147 milhões em dezembro do ano passado para R$ 727 milhões no último mês de março, o que representa um aumento de quase 395%.
Publicidade
É preciso lembrar, porém, que o acesso aos fundos de índices internacionais no mercado brasileiro é incipiente. Atualmente, há 65 BDRs de ETFs na bolsa brasileira, um número bem abaixo das oportunidades disponíveis no exterior. Desse modo, em um contexto ainda de baixa oferta em comparação aos principais mercados, quem procura diversificação com mais risco, precisa buscar outros caminhos para levar os recursos para fora do País.
A Stake é uma plataforma australiana que chegou ao Brasil em outubro de 2020 e que oferece acesso a mais de quatro mil ações e ETFs listados nas bolsas dos Estados Unidos. As aplicações podem ser feitas a partir de qualquer valor, que será convertido para dólar e de forma fracionada.
Como não está autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a oferecer diretamente serviços de distribuição de valores mobiliários no Brasil, a Stake contratou a Ativa Investimentos como parceira na divulgação e prospecção de clientes. A Stake explica que os ativos ficam registrados no nome do investidor e a conta é segurada em até US$ 500 mil pela Securities Investor Protection Corporation (SIPC), uma entidade que garante aos investidores a posse dos recursos caso a corretora feche.
“A variedade de fundos disponíveis no mercado americano é enorme e atende os mais diferentes interesses possíveis”, afirma Paulo Kulikovsky, diretor de operações da Stake. “Por meio dos ETFs, vemos mais pessoas investindo em causas, ideias, movimentos e conseguimos observar fortes tendências para o futuro que vão permear, não só o mercado de investimentos, mas o mundo como um todo.”
Publicidade
Para o E-Investidor, a Stake listou dez ETFs que investem em ideias ainda inusitadas em mercados menos desenvolvidos e que podem ser acessados pela plataforma:
MILN
Esse ETF concentra na carteira empresas consideradas importantes e de grande exposição para a geração dos millennials, nascidos entre 1980 e 2000. Entre essas companhias estão a Apple, Disney, Uber, entre outras.
URA
Esse ETF envolve empresas globais engajadas na indústria de urânio, envolvendo mineração e refinamento do metal, além de empresas que fornecem equipamentos para essas atividades.
REMX
ETF focado em metais estratégicos e metais conhecidos como Metais da Terra Rara, muito utilizados em dispositivos eletrônicos. Eles não são necessariamente raros de encontrar, mas o nome é atribuído pelos processos mais especializados de extração e processamento.
PBD
O ETF é composto principalmente por empresas que têm tecnologias voltadas para a geração e uso de energia limpa, conservação, eficiência no uso de energia e direcionam suas estratégias para o avanço das energias renováveis em geral.
MJ
Esse ETF concentra empresas globais envolvidas no cultivo, produção, comercialização ou distribuição legal de cannabis, canabinóides ou produtos de tabaco.
KRMA
Coisas boas acontecem para boas pessoas. Essa é a filosofia deste fundo. $KRMA só investe em empresas que atendem aos padrões ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG). Pode fazer parte do fundo uma empresa que está avançando para a neutralidade de carbono ou para a representação igualitária de mulheres em seus conselhos, por exemplo.
HERO
O setor de games tem sido muito beneficiado pelo home office, impulsionado pela Covid. Neste cenário, o ETF $HERO investe nos maiores produtores de software e hardware do mercado. O fabricante de semicondutores Nvidia é o maior detentor do fundo, enquanto produtores de jogos como Activision Blizzard, Electronic Arts e Nintendo estão no top 10.
BLCN
Um dos maiores desafios para os investidores é ganhar exposição ao espaço crypto e blockchain em suas carteiras. O ETF $BLCN oferece uma solução pra isso. Além da exposição a empresas que possuem criptomoedas em seus balanços, o fundo mantém ações que trabalham em mineração e desenvolvimento de blockchain.
EBLU
No final do famoso filme Big Short (A Grande Aposta), lançado em 2015, foi revelado que a próxima grande aposta do protagonista, Michael Burry, seria a água. O crescimento da demanda e a restrição da oferta tornaram a água potável um recurso cada vez mais escasso ao longo dos anos. Neste cenário, este ETF oferece exposição a ativos de água. As 46 participações no fundo incluem desde ações da indústria de encanamento até soluções de irrigação agrícola.
GURU
Invista como os melhores. O ETF $GURU rastreia o Solactive Guru Index, um grupo de empresas que aparecem com mais frequência nas principais carteiras dos Hedge Funds do mundo. O índice analisa um grupo selecionado de relatórios de participações trimestrais que os fundos publicam (13-F) e acompanha as empresas que mais aparecem nestes relatórios (ou com maior incidência).