- O Dogecoin foi criado como uma paródia do Bitcoin, que já era conhecida no nicho mais especializado, mas empolgava menos do que hoje
- Desde então, Musk não só vem tecendo elogios ao Dogecoin como promete não vender seus ativos. Desde então, os índices da moeda cresceram vertiginosamente
(Carlos Pegurski, especial para o E-Investidor) – A Dogecoin, criptomoeda que começou explorando memes, hoje movimenta bilhões de dólares por dia e é avaliada em mais de US$ 50 bilhões.
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Esse é, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o custo de acabar com a pandemia no mundo, por meio da universalização da vacina para toda a população do globo, que se aproxima da marca de 8 bilhões de pessoas. Em outras palavras, não há nada de brincadeira nos índices alcançados pelo Dogecoin.
Mas por que uma moeda baseada em memes está tão valorizada? Ela veio para ficar? Tem fundamento? Ou é mais uma bolha suscetível ao criptocrash? Confira tudo sobre o tema e saiba se ela é motivo de preocupação ou deve continuar provocando satisfação, como os bons memes.
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O que é o Dogecoin?
Embora a moeda tenha entrado na moda nos últimos meses, ela não é exatamente uma novidade, pois foi criada no fim de 2013. Seus desenvolvedores, Billy Markus e Jackson Palmer, resolveram fazer uma paródia do Bitcoin, que já era conhecida no nicho mais especializado, mas empolgava menos do que hoje.
A ideia para a criptomoeda foi assumidamente tosca. Markus e Palmer a desenvolveram em uma tarde de “diversão nerd”, que se mostraria particularmente rentável. O objetivo era dar um acabamento simples a ela — tão simples quanto sua confecção.
Para isso, decidiram adotar um meme como mascote da moeda. A piada escolhida foi a cadela Kabosu, da raça shiba inu, que estava então em voga nas páginas de humor. Já o nome “Doge” veio de uma transcrição da palavra cachorro (dog) mais próxima da forma como se fala.
Como a Dogecoin foi parar nas alturas?
Até recentemente, a Dogecoin mantinha uma evolução discreta e era apenas mais uma das mais de 6 mil criptomedas existentes, ou seja, era relevante apenas para o nicho ultraespecializado e fazia parte da carteira de alguns poucos investidores, que arriscavam uma escalada.
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Porém, eles deram sorte. Tudo mudou quando alguns figurões entraram no jogo e passaram a não apenas investir, mas a fazer propaganda dela. Guy Fieri, apresentador de televisão e vencedor do Emmy Award, e Mark Cuban, proprietário do Dallas Mavericks, são alguns de seus garotos propaganda.
Mas nenhum deles pesou tanto na balança como Elon Musk. O CEO da Tesla, empresa automotiva com expertise no modal elétrico e referência em tecnologias disruptivas, anunciou há cerca de um mês que deixaria de aceitar bitcoins nos carros da companhia. O motivo alegado é que o custo ambiental da mineração da criptomoeda seria muito alto.
Desde então, Musk não só vem tecendo elogios ao Dogecoin como promete não vender seus ativos. Desde então, os índices da moeda cresceram vertiginosamente, mas os especialistas têm debatido sobre sua sustentabilidade. Ela tem fundamento ou pode ser mais uma bolha?
Essa bolha pode estourar?
Junto a elogios, Musk tem feito algumas críticas à moeda. “Bagunça” foi um dos termos usados por ele para descrevê-la em horário nobre na televisão estadunidense, com impacto imediato na cotação. De US$ 0,65, passou a US$ 0,47 ao fim do Saturday Night Live, da NBC.
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Mas a postura ambígua de Musk diante do Dogecoin não preocupa pela cotação em si, mas sim pela saúde da criptomoeda. Afinal, ela tem fundamentos que a habilitem a se sustentar ao longo do tempo? Ela irá se consolidar a ponto de disputar a liderança do criptomercado, como o CEO da Tesla já sugeriu?
Bom, ao que tudo indica, a moeda não tem perna para tanto. E quem aposta nisso são corretores do mercado, como Vitalik Buterin, um dos fundadores da Ethereum, segunda maior criptomoeda do mundo.
Para Buterin, um dos principais fundamentos de uma moeda digital é a descentralização das operações, e a Dogecoin estaria longe de conseguir isso. Ainda é necessário muito investimento em hardware para que mais computadores resolvam problemas matemáticos, destravando mais nós na corrente do blockchain. E, para dar esse salto, seria necessário que poucas pessoas investissem pesado, centralizando o controle.
Por isso, as análises mais sérias indicam cautela ao aportar na moeda. Algumas chegam mesmo a ser taxativas: aconselham fugir desse investimento, que seria uma enrascada. Quem comprou a moeda no início do ano pode ter “surfado na onda” em curtíssimo prazo, com operações de poucos dias ou até mesmo no mesmo dia.
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Mas ela já começou a cair e é provável que ela não volte a performar a mesma valorização. É cedo dizer que ela está fadada a quebrar, mas isso pode sim ocorrer. O Dogecoin não apenas está exposto ao criptocrash, como parece ser um bom candidato: tem mais qualidades em sua publicidade do que em seu metabolismo algorítmico.
Ainda é possível ter ganhos com ela? Sim. Mas o risco é alto e a moeda não parece oferecer uma alternativa às grandes do criptomercado. Portanto, é possível que você “morra na praia” com esses criptoativos, o que, convenhamos, não tem nada de engraçado.