- Com a privatização, a empresa realiza uma nova oferta de ações no mercado, sendo que a União e os bancos públicos não podem ser os compradores
- “Se não existissem esses impasses e os parlamentares tivessem aprovado o texto original, talvez os ruídos não tivessem acontecido”, diz analista
- Os papéis da energética passaram a quinta-feira (17) em forte queda, mas se recuperaram no after market depois de MP ser aprovada no Senado
A votação da Medida Provisória (MP) da privatização da Eletrobras que ocorreu no Senado nesta quinta-feira (17), com acréscimos ao texto inicial, não agradou ao mercado. Os papéis ELET3 e ELET6 passaram o dia em forte queda, mas se recuperaram no after market depois da aprovação do texto.
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As ações ordinárias (ELET3) fecharam a R$ 44,48, com queda de 1,11%. Já as preferenciais (ELET6) terminaram o pregão a R$ 44,14, com desvalorização de 1,25%. Ambas chegaram a ultrapassar 3% de queda ao longo do dia.
A MP foi aprovada pelos senadores por 42 votos a 37. Mas por conta de emendas que alteraram o texto original, a MP retorna à Câmara dos Deputados, onde já havia sido aprovada. O processo precisa ser finalizado até a próxima terça-feira (22) para não perder a validade.
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De acordo com a analista da Toro Investimentos Stefany Oliveira, o grande medo do mercado é a postergação da votação. “Se não existissem esses impasses e os parlamentares tivessem aprovado o texto original, talvez os ruídos não tivessem acontecido”, afirma.
Com a privatização, a companhia realiza uma nova oferta de ações no mercado, sendo que a União e os bancos públicos não podem ser os compradores. A participação do governo passaria de 60% para 45%.
Embora as ações tenham caído na quinta-feira, a recuperação durante o after market foi reflexo da aprovação do texto pelos senadores. “Com a aprovação, a queda das ações da Eletrobras diminuiu consideravelmente. Talvez, se tivéssemos mais algumas horas de pregão, a queda poderia ser revertida”, afirma Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos.
Entre as alterações, está a ampliação do uso de energia à base de carvão, o que se choca com a tentativa de crescimento das energias renováveis, e criação de novas infraestruturas, que devem acrescentar ônus adicional à companhia e aos consumidores. A proposta planeja aumentar de 6 mil megawatts (MW) para 8 mil MW o volume de energia que vai ser contratado de térmicas a gás. “Outra alteração é uma indenização milionária para uma distribuidora no Piauí. Pontos como este deixaram os investidores com alerta e interrogação ao longo do dia”, ressalta Alexandre Brito.
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Apesar da MP, inicialmente, ter tido uma avaliação positiva pelo mercado, a inserção dos “jabutis” aumentou a resistência à aprovação da proposta. Para o analista de research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, mesmo com a MP “inchada”, a capitalização é o melhor para a companhia.
O head de análise da Ágora Investimentos, José Cataldo, reforça que a queda durante o dia foi consequência da preocupação dos investidores com as ponderações dos parlamentares. Ele ressalta que a privatização pode gerar uma arrecadação de R$ 60 bilhões ao governo federal, mas para definição total do cenário de investimentos é preciso aguardar o prazo final.
Segundo cálculos do grupo de 45 entidades ligadas à indústria, chamados “União pela Energia”, os “jabutis” do Senado devem custar R$ 15 bilhões à Eletrobras, somado aos R$ 41 bilhões de impacto pelas alterações já feitas pela Câmara dos Deputados.