- O início das negociações, marcado para a próxima quarta-feira, 14 de julho, está cercado de incertezas que os investidores precisam monitorar antes de comprar as ações da empresa
- Nos últimos dois anos, a companhia reportou prejuízos milionários. Em 2020, o rombo foi o mais expressivo, na ordem de R$ 604 milhões. O impacto da pandemia nos negócios da Smart Fit foi mais profundo devido às normas sanitárias que recomendavam o distanciamento social
(Sarah Nicoli, especial para o E-Investidor) – O mercado espera pelo IPO da Smart Fit na B3 com cautela. Esta quinta-feira (8) é o último dia para o pequeno investidor garantir as ações antes do início das negociações, marcado para a próxima quarta-feira, 14 de julho, com o código SMFT3. A abertura de capital está cercada de incertezas que os investidores precisam monitorar antes de comprar os papéis da empresa.
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Nos últimos dois anos, a companhia reportou prejuízos milionários. Em 2020, o rombo foi o mais expressivo, na ordem de R$ 604 milhões. O impacto da pandemia nos negócios da Smart Fit foi mais profundo devido às normas sanitárias que recomendavam o distanciamento social para evitar a disseminação da covid-19.
Para Mario Goulart, analista CNPI da O2 Research, mesmo com o avanço da vacinação, a crise ainda não deve ser descartada do cenário pelos investidores: “O grande risco é termos ainda alguma nova onda de pandemia. Com a gradual vacinação este risco é cada vez menor, mas existe”, diz.
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O cenário jurídico da empresa também levanta bandeiras vermelhas. Em um relatório publicado pela Suno Research, o analista Rodrigo Wainberg explica que, no fim de 2020, sócios de uma sociedade parceira da Smart Fit, a ADV Esporte, ajuizaram uma ação que questionava a abertura de novas unidades no Distrito Federal. “A Comissão de Valores e Mobiliários (CVM) está avaliando se essa questão traz algum impactos aos investidores”, informa.
O relatório também destaca outros riscos como a baixa recorrência – componente sazonal da adesão às academias -, as cláusulas restritivas (covenants) e as operações franqueadas como pontos de atenção. Para João Daronco, analista CNPI da Suno Research, esses fatores precisam ser levados em conta antes de comprar as ações “O modelo de negócio é interessante, tem boas vantagens competitivas”, ressalta.
No Brasil, a penetração de mercado é baixa quando comparada a outros países, portanto, o ambiente é propício para crescimento. “A companhia apresenta oportunidades amplas de crescimento, impulsionadas principalmente por tendências de melhoria nos padrões de saúde, diante da crescente consciência sobre os riscos de saúde trazidos pela obesidade e pelo sedentarismo”, acrescenta Wainberg, no relatório.
Comprar ou não?
“Ainda que as perspectivas da Smart Fit sejam favoráveis, o valuation pouco atrativo, o endividamento elevado e a ação judicial tramitando em desfavor da empresa nos fazem não recomendar a entrada no IPO”, diz a Suno Research.
Para Daronco, os investidores devem pensar com a mente de empreendedor: “O investidor tem que olhar com cuidado a questão do preço. Nem todo bom preço é um bom investimento”.
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