- A questão financeira é uma das primeiras coisas que deveriam entrar no radar dos pais antes do nascimento de uma criança. Afinal, quando o filho se tornar maior de idade, haverá custos ainda mais robustos para equilibrar o orçamento. Entenda como investir para o futuro dos filhos!
(Luis Felipe Santos, especial para o E-Investidor) – Ter um filho é mais do que planejar a quantidade de fraldas e o enxoval dos primeiros meses do bebê. Normalmente deixada de lado, a questão financeira é uma das primeiras coisas que deveriam entrar no radar dos pais antes do nascimento de uma criança. Afinal, quando o filho se tornar maior de idade, haverá custos ainda mais robustos para equilibrar o orçamento, como uma faculdade, viagem de intercâmbio e eventuais imprevistos familiares.
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Por mais conservador que você seja, a recomendação dos especialistas é fugir da poupança. A caderneta rende 70% da taxa Selic e, mesmo com as recentes altas do Banco Central para os atuais 4,25% ao ano, a rentabilidade da aplicação ainda é inferior à inflação. Portanto, você pode perder dinheiro. “É o pior lugar. Mesmo o tesouro direto é melhor, já que paga 100% da Selic e é bastante seguro”, diz Leandro Benincá, analista financeiro.
Na visão de Ângela Nunes, planejadora financeira do Instituto Planejar, a única hipótese para os pais optarem pela poupança é quando eles mesmos não conseguem ter controle dos gastos e só a caderneta funciona como opção para fazer a reserva. “É necessário ser mais conservador quando se vai chegando perto do objetivo final, ou seja, conforme a criança vai crescendo e ficando mais perto de poder tomar conta dos investimentos sozinha”, diz.
Alternativas à poupança
Alternativas para investir não faltam. “Além do tesouro direto, há os CDBs e os fundos DI. Ainda há outras opções que podem garantir a continuidade dos estudos da criança no futuro, como previdência privada ou fundos imobiliários”, afirma Luciana Ikedo, também educadora financeira.
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De acordo com os especialistas, é necessário diversificar a carteira o máximo possível, até mesmo com aplicações em renda variável. Benincá recomenda, por exemplo, os ETFs, os chamados fundos de índice, ativos negociados na Bolsa de Valores em que o investidor aplica em diferentes empresas ou em um índice. “É excelente para este propósito de longo prazo, porque tem um viés de sobrevivência”, afirma o planejador.
Dicas como essas já começaram a ser colocadas em prática pelo casal Kaique e Patrícia Mendes, que aguardam o nascimento do primeiro filho em setembro deste ano.
O casal já investia parte da renda mensal em aplicações de renda fixa e previdência privada, mas, com a chegada de Thomas, os planos são outros. “Já temos uma previdência pensando na nossa aposentadoria, mas quero abrir uma no nome dele, para os estudos, quando ele tiver 18 anos”, diz Patrícia.
Mas a dupla tropeça em um ponto fundamental: eles têm feito investimentos agora contando com a rentabilidade apenas para o primeiro ano de vida do bebê. “Esperamos ter mais ganhos após esse primeiro ano”, afirma Kaique.
Para os planejadores financeiros, o mais importante para os pais é ter uma reserva financeira própria para emergências.
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“As pessoas precisam separar uma verba para a educação da criança, por exemplo, mas analisar o quanto isso impacta na vida financeira da casa. É preciso saber como gerir e ter equilíbrio”, diz Nunes, da Planejar. Isso não significa que uma coisa exclui a outra, mas é importante considerar que os gastos da família engordam com a chegada de um filho. Organização é a palavra de ordem.
Educação financeira na infância
É consenso que os filhos aprendem sobre educação financeira com o exemplo dos pais. Por exemplo: se o casal incentiva a criança a falar sobre dinheiro desde a infância e mostra a importância de valorizar as economias, a criança aprenderá a fazer o mesmo. “Uma boa prática é tentar ensinar o conceito de trade-off, de adiar os desejos de consumo agora para ter mais na frente e poder gastar”, recomenda Ikedo. Ela diz auxiliar clientes com 11 anos de idade para ensinar a investir em uma ‘caixinha de sonhos’.
“É preciso falar do valor do dinheiro e que para gastar é preciso ter uma verba guardada. Uma mesada é uma boa ideia para ensinar a equilibrar os recursos que a criança tem na mão, assim como deixá-la participar da vida financeira da casa e naturalizar essa parte do cotidiano”, recomenda Nunes, da Planejar.
Ainda assim, ela adverte para visões divergentes entre pais e filhos sobre o rumo do dinheiro guardado quando eles atingirem a maioridade. “O filho fica livre para fazer o que quiser se estiver no nome dele e pode tomar decisões diferentes do que os pais querem, causando frustração. Já vi discussões familiares por conta disso”, diz.
Essa é uma questão que os pais também precisam avaliar antes de abrir uma conta no nome dos filhos ou fazer os investimentos para as crianças por conta própria. Não há resposta certa, mas a recomendação, independentemente da sua escolha, é começar desde cedo.