Comportamento

O que aprendemos com empreendedores que começaram com pouco ou quase nada

E-Investidor separou histórias de sucesso e o que elas ensinam

O que aprendemos com empreendedores que começaram com pouco ou quase nada
A autora britânica JK Rowling, criadora do personagem Harry Potter (Foto: Suzanne Plunkett/Reuters)
  • O E-Investidor preparou uma lista com dicas valiosas, inspiradas por histórias de empresários famosos, que começaram seu negócio com pouco ou quase nada
  • Confira essas histórias de empreendedores de sucesso, que ensinam que não existe uma regra rígida e fechada quando o assunto é se arriscar em um novo negócio
  • J.K. Rowling, autora de Harry Potter, Oprah Winfrey e Steve Jobs são alguns dos exemplos mais conhecidos

(Murilo Basso, Especial para o E-Investidor) – Não é incomum que pessoas tenham boas ideias, mas acabem desistindo de colocá-las em prática por motivos que vão da falta de dinheiro ao receio de encontrar muitos obstáculos.

Várias histórias de empreendedores de sucesso ensinam, entretanto, que não existe uma regra rígida e fechada quando o assunto é se arriscar em um novo negócio. Diante disso, o E-Investidor preparou uma lista com dicas valiosas, inspiradas por histórias de empresários famosos, que começaram seu negócio com pouco ou quase nada.

1. Não é preciso ser rico para empreender

Dona de uma fortuna de cerca de US$ 2,6 bilhões, Oprah Winfrey é um exemplo clássico de que você não precisa nascer em berço de ouro para se tornar um empreendedor de sucesso. Talvez a mais famosa apresentadora de televisão do planeta, Oprah também detém o título de mulher negra mais rica do mundo e é dona de um verdadeiro império no ramo das comunicações.

Filha de uma mãe solteira muito jovem, Oprah passou parte da infância na pobreza rural dos EUA, além de ter sofrido abusos por parte de parentes e de um amigo da família quando ainda era criança. Seu destino começou a mudar quando, na adolescência, venceu um concurso de oratória que lhe garantiu uma bolsa de estudos integral na Universidade do Estado do Tennessee, onde estudou Comunicação Social. Logo após a formatura, começou a trabalhar em um canal local de televisão. Foi o início de uma história de sucesso.

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“Os recursos e as oportunidades são importantes para iniciar um negócio, mas são as competências comportamentais do empreendedor que vão garantir o sucesso de uma empresa. Entre elas, destaco a empatia, a resiliência e a criatividade. Para identificar uma oportunidade de negócio, é necessário se colocar no lugar do cliente. Para sobreviver às instabilidades, é importante se adaptar e aprender com os problemas. Para se destacar e gerar valor, é preciso pensar diferente. Tais competências não se aprendem, desenvolvem-se – e essa pode ser a grande força de quem já está acostumado a uma realidade de recursos escassos”, afirma Bruno Anicet Bittencourt, professor da Escola de Gestão e Negócios da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

No Brasil, existe o “plus” crítico do acesso ao crédito no país para fomentar novos negócios. Quanto a isso, Alessandra Andrade, gestora do Faap Business Hub, esclarece que: “quando você tem o que se chama de F&F, friends and family, e pode contar com os recursos de pessoas que acreditam em você e que estão dispostos a investir no seu negócio, sem precisar recorrer ao sistema bancário e financeiro de uma maneira geral, é mais fácil de começar. Agora, dinheiro, sozinho, não resolve. Precisamos de trabalho e dedicação”.

Bittencourt complementa, ainda, que há muito mais chance de se conseguir dinheiro com um teste com o mercado do que com apenas uma ideia no papel. Por isso, é importante que o empreendedor teste sua solução, mesmo que com o escopo menor e com um público reduzido. Essa experimentação inicial permite não só uma validação com o mercado, como também uma aproximação com os primeiros clientes, os possíveis parceiros e os potenciais investidores.

2. Superar obstáculos faz parte

Em 2018, os livros da saga Harry Potter bateram a marca de 500 milhões de exemplares vendidos no mundo todo. Ninguém tem dúvida de que as histórias do bruxo e tudo o que deriva delas – adaptações cinematográficas, parques de diversões, spin-offs, uma quase infinita linha de merchandising – são um sucesso.

O que muitos não sabem, porém, é que a criadora da série, J.K. Rowling, viu sua ideia ser rejeitada nada menos que 12 vezes antes de a editora Bloomsbury Publishing decidir publicar o primeiro livro da saga, “Harry Potter e a Pedra Filosofal”. Além disso, a autora não esconde que deu início às histórias do bruxo durante um período bastante turbulento da sua vida, quando estava divorciada, criando sozinha sua filha primogênita e desempregada.

A lição aqui é que persistência é a chave para qualquer negócio de sucesso. É fundamental aos empreendedores que não desistam assim que surgiu o primeiro obstáculo. Consegue imaginar quantos empregos teriam deixados de ser criados e quantos jovens talvez não tivessem desenvolvido gosto pela leitura caso J.K. Rowling tivesse desistido de Harry Potter por conta das rejeições iniciais à ideia? A dica essencial para os empreendedores iniciantes a respeito dos obstáculos que podem surgir é: planejamento.

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“O ideal é que sempre haja um planejamento que contemple os potenciais problemas, para que você possa se preparar de alguma forma para as respostas. É preciso ter humildade para reconhecer que, por mais preparado que se esteja, há diversas outras pessoas que estão tão preparadas quanto e que almejam seguir o mesmo caminho”, opina José Sarkis Arakelian, administrador e professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). “Dificuldades e percalços sempre vão existir, o que é preciso é entender essa dificuldade e estar preparado para agir contra ela. Temos que tentar sempre fazer melhor que os outros e persistir”, completa.

3. Muitos empreendedores são gênios, mas isso não é uma regra

Outra clássica história de empreendedor de sucesso que veio “do nada” é a de Steve Jobs. Filho adotivo de um casal simples, deu início, ao lado do amigo Steve Wozniak, à bilionária Apple da garagem da casa de seus pais na Califórnia. Aí, você pára e pensa “ok, mas o Steve Jobs era um gênio!”. Verdade, mas também é preciso desmistificar a ideia de que é preciso, necessariamente, ser um gênio para empreender.

Diretor de Desenvolvimento da Central Sicredi PR/SP/RJ, Adilson Félix de Sá afirma que tal ideia se trata de um senso comum porque grandes invenções permanecem por décadas da mídia e são usadas como exemplos em cursos, palestras e universidades. E, geralmente, são artefatos ligados à tecnologia.

“Isso dá entender que para ser um empreendedor de sucesso é preciso criar algo revolucionário. Devemos medir um negócio de sucesso primeiro pela sua simplicidade e segundo pela forma com que ele resolve o problema da maior quantidade de pessoas possível. Nem sempre é preciso que haja uma grande tecnologia por trás de um negócio para que ele seja considerado inovador. Temos que dar visibilidade a pequenos negócios, que facilitam a vida de milhares de pessoas, mas nem sempre estão na mídia ou em evidência. Os grandes negócios geralmente estão na simplicidade e em uma visão diferenciada da pessoa que cria aquela solução ou aquele produto”, diz.

Já Bruno Anicet Bittencourt afirma que mais do que genialidade, simplesmente, o desenvolvimento de um negócio exige diferentes competências técnicas, gerenciais e comportamentais. Nesse sentido, o trabalho em equipe é fundamental.

“Dessa forma, cada vez mais a ideia do ‘eupreendedor’ capaz de resolver tudo sozinho, mostra-se como inadequada para um cenário tão dinâmico e incerto como o atual. Percebe-se que os negócios de maior sucesso são desenvolvidos por equipes multidisciplinares e complementares. Afinal, já se mostrou que a inovação surge a partir da troca e interações entre as pessoas”, pontua.

4. Mais do que por necessidade

Uma característica bastante marcante dos empreendedores brasileiros é que ideias inovadoras costumam surgir no país somente em momentos de crise. Isso, obviamente, não é demérito nenhum, mas é preciso combater a ideia de que se empreende somente por necessidade. O espírito empreendedor deve ser estimulado a todo o tempo.

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Mais do que empreender por “desespero”, o brasileiro precisa treinar seu olho para as necessidades do mercado. Quando Jan Koum criou o WhatsApp, por exemplo, ele não se encontrava em dificuldade, apesar de sua origem humilde enquanto imigrante ucraniano nos Estados Unidos, mas, simplesmente, identificou uma tendência que se desenhava no mercado.

“Quando juntamos a necessidade do brasileiro com a famosa criatividade, temos vários casos de sucesso. Já os europeus e, principalmente, os americanos são educados desde a sua infância para empreender e ter sucesso. No Brasil também ainda temos muito presente a cultura da estabilidade de emprego, fora a burocracia e a alta carga tributária. Isso dificulta muito a vida do empreendedor”, destaca Adilson Félix de Sá.

Para mudar esse cenário, o diretor de Desenvolvimento da Central Sicredi PR/SP/RJ acredita ser importante que se comece a falar de empreendedorismo desde cedo, na escola, e que também haja iniciativas governamentais a fim de facilitar ao máximo a vida de quem deseja empreender, seja no tocante a abrir e fechar uma empresa, seja referente a créditos e tributos.

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