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Comportamento

Wall Street está finalmente conseguindo acesso à China. Até quando?

Bancos de Wall Street ganham terreno na China no momento em que uma crise imobiliária está se formando

Wall Street está finalmente conseguindo acesso à China. Até quando?
Sistema financeiro chinês começa a cambalear e bancos americanos aproveitam oportunidade (Foto: glaborde7/Pixabay)
O que este conteúdo fez por você?
  • Espiral de crise de dívida corporativa ameaça abalar o sistema financeiro da China e o governo central da do país adotou uma mão mais forte com as grandes empresas
  • Em julho, o Citigroup se tornou o primeiro banco estrangeiro a obter a aprovação para abrir um negócio de custódia na China
  • Em agosto, o JPMorgan Chase conseguiu permissão das autoridades chinesas para assumir a totalidade de seu banco de investimentos e negócios comerciais no país
  • Os bancos de Wall Street estão ganhando terreno na China no momento em que uma crise imobiliária está se formando e seu sistema financeiro está começando a cambalear

(Lananh Nguyen, The New York Times) – Durante décadas, os bancos americanos estavam ansiosos para expandir seus negócios na China, a segunda maior economia do mundo. Finalmente, estão conseguindo o que querem – exatamente no instante em que uma espiral de crise de dívida corporativa ameaça abalar o sistema financeiro do país e o governo central da China adotou uma mão mais forte com as grandes empresas.

Em julho, o Citigroup se tornou o primeiro banco estrangeiro a obter a aprovação para abrir um negócio de custódia na China, atuando essencialmente como um banco para fundos chineses de investimentos. Em agosto, o JPMorgan Chase conseguiu permissão das autoridades chinesas para assumir a totalidade de seu banco de investimentos e negócios comerciais no país – um século depois de ter aberto sua primeira loja no país. O Goldman Sachs recebeu sinal verde para um empreendimento semelhante em outubro.

À medida que as aprovações chegavam, a mensagem de Pequim ficou clara: queria que os credores americanos trouxessem mais investidores estrangeiros para a China e ajudassem os chineses a comprar ativos no exterior.

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Empolgados por não terem mais que dividir os lucros com parceiros locais para serviços como subscrição de negociações de ações ou consultoria para empresas, os bancos de Wall Street estão correndo para cumprir com as determinações. Eles querem intermediar mais transações, ajudar empresas chinesas a levantar fundos e administrar dinheiro para a classe endinheirada que cresce rapidamente no país. A riqueza total das 100 pessoas mais ricas da China chegou a US$ 1,48 trilhão em 2021, em comparação com US$ 1,33 trilhão um ano antes, de acordo com a Forbes.

“Obviamente, o que podemos fazer na China é principalmente ditado pela forma como o governo chinês nos permite operar”, disse David M. Solomon, presidente-executivo do Goldman Sachs, em uma entrevista no mês passado. “Estamos animados pelo fato de que, após um longo tempo, eles estão permitindo que administremos nossa joint venture.”

Não obstante, ele acrescentou, “o relacionamento bilateral EUA-China, a política que envolve a China vai ser complicada”.

Crise imobiliária

Os bancos de Wall Street estão ganhando terreno na China no momento em que uma crise imobiliária está se formando e seu sistema financeiro está começando a cambalear sob o peso de um boom corporativo alimentado por dívidas de muitos anos. A incorporadora imobiliária Evergrande, com cerca de US$ 300 bilhões em dívidas atrasadas, tornou-se a garota-propaganda desses problemas.

Embora tenha evitado por pouco a inadimplência de seus títulos no mês passado, a situação perigosa da Evergrande está causando pânico em outras incorporadoras, o que pode perturbar a economia chinesa em geral. E, embora os problemas da dívida possam criar novas oportunidades bancárias, também criam a imprevisibilidade.

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A China está abrandando as restrições à propriedade estrangeira de firmas de serviços financeiros porque concordou com essa ação como parte de um acordo comercial com o governo Trump. “Mas o país poderia facilmente barrar aquelas empresas”, disse Dick Bove, veterano analista bancário do grupo Odeon Capital.

“Vamos dar um ano para eles resolverem seus problemas financeiros”, disse Bove. Depois disso, “eles não mais precisarão dos bancos americanos e podem manda-los embora”.

Os bancos também precisam levar em consideração o tenso relacionamento entre os EUA e a China, embora suas economias estejam profundamente interligadas. A China foi o maior parceiro comercial dos EUA em produtos no ano passado, com US$ 559.2 bilhões em mercadorias trocando de mãos entre as duas nações, de acordo com o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos. Foi o terceiro maior mercado de produtos exportados dos EUA.

O fluxo de bens e serviços tem continuado, apesar da guerra comercial contínua que se intensificou em 2018 depois que o presidente Donald Trump impôs tarifas sobre uma enorme faixa de produtos chineses. O presidente Joe Biden realizou uma cúpula virtual com o presidente Xi Jinping da China na segunda-feira em meio a atritos sobre comércio, ameaças cibernéticas e Taiwan, entre outros assuntos.

Tensões geopolíticas

Tensões geopolíticas envolvendo Taiwan e temores de que manobras militares possam se transformar em hostilidades que sacudiriam os mercados financeiros também pesaram nas mentes dos executivos de finanças.

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Seis executivos de bancos de Wall Street, que se recusaram a falar publicamente sobre alguns aspectos de seus negócios por causa das sensibilidades políticas, disseram que, embora tenham saudado os recentes passos da China em direção à abertura financeira, estavam cientes de que o governo chinês poderia a qualquer momento revogar seus direitos de estrangeiros de conduzirem seus negócios. Eles observaram que suas empresas tinham outras bases na Ásia, como Cingapura ou Tóquio, caso precisassem se afastar do continente.

Os banqueiros citaram a repressão de Pequim às empresas de tecnologia, incluindo a gigante do transporte por aplicativo, Didi, a potência da internet, Tencent, e a gigante do comércio eletrônico, Alibaba, como exemplos de outras mudanças de política que podem irritar empresas e investidores estrangeiros. A iniciativa “prosperidade comum” de Xi para resolver a lacuna de riqueza do país, que alertou muitos magnatas locais, também preocupa as empresas estrangeiras.

No ano passado, os reguladores chineses cancelaram o IPO do Ant Group, empresa financeira e de internet controlada por Jack Ma, cofundador do Alibaba. O bilionário e celebridade manteve um perfil discreto e prometeu, junto com outros magnatas dos negócios, bilhões de dólares para instituições de caridade.

Não obstante, os bancos estão avançando. Estão assumindo total controle de joint ventures ou encontrando novos parceiros de negócios. O JPMorgan e o Goldman pretendem expandir suas operações na China, desde a subscrição de ações e ofertas de dívida até o aconselhamento em negócios internacionais e o desenvolvimento de atividades comerciais. O Goldman também tem um vínculo com o ICBC Wealth Management, player local, que lhe dá a chance de administrar recursos monetários para alguns dos 26 milhões de clientes pessoais do ICBC e 730.000 clientes corporativos.

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O Bank of America, que tem sido mais lento do que seus rivais em construir uma pegada na China, planeja solicitar permissão para abrir uma corretora. O Morgan Stanley está esperando que os reguladores chineses aprovem um aumento na porcentagem de sua propriedade de sua corretora de valores mobiliários chinesa para 90 por cento. O banco também está tentando aumentar sua participação em uma joint venture de gestão de fundos para 85%.

E ,em setembro, a BlackRock, a gigante da gestão de ativos, levantou US$ 1 bilhão de investidores chineses para o primeiro fundo mútuo estrangeiro do país, três meses após as autoridades darem o aval.

O Citigroup está se concentrando na construção de seus negócios de gestão de patrimônio. Mesmo com a eliminação de algumas operações de banco de consumo no continente, o banco pretende dobrar o quadro de funcionários de seu banco privado na Ásia e se concentrar no atendimento a clientes ricos, inclusive na China, disse Ida Liu, chefe global de banco privado do Citi.

Mas o credor também monitora as políticas chinesas “de perto” e explicou aos clientes que as tensas relações entre os EUA e a China podem trazer mais volatilidade às suas carteiras, disse Liu em uma entrevista em outubro.

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