Empresas da Bolsa pegam carona na alta do petróleo. Entenda esse mercado

As oscilações positivas na cotação dessa commodity puxam o desempenho de empresas petroleiras para cima. Em 2022, a elevação do preço desse bem pressionado pela invasão russa à Ucrânia fez a Petrobras (PETR3; PETR4), maior petroleira do País, alcançar lucros recorde.

A incerteza sobre a oferta de petróleo pela Rússia, um dos principais produtores do mundo, elevou o valor da commodity. No maior pico de 2022, um barril do tipo Brent chegou a custar US$ 133,18. Hoje ele é negociado na faixa dos US$ 85.

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Essa ocasião ilustra como funciona a dinâmica da cotação do petróleo no mundo. Na verdade, das commodities em geral, como também o milho ou a soja. Nas bolsas de valores e balcões pelo mundo, a flutuação dos preços desses produtos obedecem a oferta e a demanda. A capacidade global de produção e os estoques do bem determinam a sua oferta.

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Já a demanda sofre grande influência da situação econômica global. “O gasto de petróleo no mundo tem uma relação muito grande de como está o ambiente econômico, com PIB, crescimento e outros indicadores desse tipo”, explica Cesar Frade, mestre em Economia e sócio da Quantzed.

A redução da atividade econômica provocada pela pandemia de covid-19 exemplifica o cenário. Com menor demanda por combustíveis, o preço do petróleo chegou a cair 20% em um mês no início de 2020.

São dois os principais tipos de petróleo negociados no mundo, o Brent e o WTI. Tratam-se das referências internacionais para cotações do ativo e a sua variação demonstra a tendência do mercado. Como explica Frade, as oscilações dos dois costumam seguir caminhos similares, mesmo que os preços não sejam iguais.

O petróleo brent designa um produto extraído no Mar do Norte e negociado na Bolsa de Londres, ao passo que o WTI é o padrão de exportação dos Estados Unidos negociado na Bolsa de Nova York (NYSE), um produto de produção mais cara.

Agentes que influenciam o preço

Em geral, os fatores que impactam a cotação da commodity sempre acabam novamente na lei da oferta e da demanda. Grandes produtores, no entanto, tem um impacto maior da dinâmica de preços negociados no mercado. Foi o que ocorreu com a guerra da Ucrânia, devido à influência russa na oferta internacional de petróleo, mas também serve para outros países.

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Os Estados Unidos são o maior produtor de petróleo no mundo, segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o país foi responsável por 18% da produção global da commodity em 2021.

Quando o preço global do petróleo está mais alto, a produção do país pode aumentar devido ao seu alto custo. “Quando o preço começa a subir muito, acaba levando explorações mais caras a fazerem mais sentido do ponto de vista econômico, como é o petróleo americano”, diz o especialista.

Há ainda o fator dólar. Como se utiliza a moeda americana para negociar petróleo, uma apreciação do dólar frente às outras moedas faz com que seja mais benéfico para os países exportarem o seu petróleo, o que pode aumentar a oferta global. Por outro lado, um dólar mais barato diminui a cotação do petróleo e aumenta sua demanda.

Os derivados do petróleo, como gases e óleos, e sua utilização mais típica, em combustíveis para meios de transporte, fazem dele um bem estratégico. Por essa razão, países e organizações podem restringir a oferta da matéria-prima como forma de alterar seu preço mundialmente.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), por exemplo, surge com o objetivo de estabelecer uma política comum em relação ao petróleo para diversos países donos de jazidas do óleo: Arábia Saudita, Irã, Kuwait, Venezuela, Iraque, Argélia, Equador, Gabão, Indonésia, Líbia, Nigéria, Catar e Emirados Árabes Unidos.

Por meio de orientações e direcionamentos aos membros, a Opep consegue impactar o preço global da commodity. Em abril de 2023, o grupo determinou um corte de 1,66 milhão barris de petróleo por dia. A medida teve impacto nos preços do petróleo, que à época subiram 6%.

Países como Canadá, China e Brasil também têm uma representação importante na oferta mundial de petróleo. A produção brasileira representou 3% do total mundial em 2021, segundo o IBP. Apesar da representatividade do País na produção mundial, a influência sobre os preços ainda é restrita, devido à qualidade do petróleo extraído, que possui menos valor de mercado.

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