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- Bate-boca entre Itaú e XP reacendeu debate sobre conflito de interesse entre agentes autônomos de investimentos
- Modelo de remuneração baseado na comissão pode criar assimetrias nas recomendações
- Nesta quarta-feira (12), live do E-Investidor com Marcelo Maisonnave (Warren e cofundador da XP Investimentos), Patrick O'Grady (Vitreo) e Ricardo Schweitzer (Nord Research) debaterá o tema
Em junho deste ano, um comercial do Itaú sobre conflito de interesse ia ao ar em cadeia nacional e em horário nobre. Com uma postura debochada, o personagem principal da publicidade questionava o telespectador sobre a conduta dos agentes autônomos de investimentos – os assessores de investimento das corretoras independentes, como a XP.
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A peça dizia que, no ano passado, esses profissionais indicavam vários produtos supostamente ‘sem risco’ aos clientes. “Mas agora, em 2020, você viu que não tinha risco é para ele, que ganhava comissão por produto de investimento”, diz o ator. A campanha publicitária não citava nomes, mas tinha um alvo claro: as corretoras de investimento.
O assunto caiu como uma bomba no mercado e iniciou uma troca de farpas sobre o modelo de remuneração dos assessores. Entretanto, para os investidores menos experientes, toda a discussão só serviu para plantar mais dúvidas: afinal, o que é o ‘conflito de interesse’ e omo isso afeta meus investimentos?
Remuneração baseada na venda
O primeiro passo para entender toda essa confusão é conhecer um pouco mais sobre a origem do ‘boom’ das corretoras de investimento. Até meados dos anos 2000, o principal meio para as pessoas físicas terem acesso aos produtos financeiros era os bancos tradicionais. Naquela época, dificilmente plataformas digitais conseguiam competir com os grandes players do setor bancário.
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É nesse momento que entra a XP Investimentos. Para viabilizar a concorrência com os bancos, a corretora criou o modelo de “agentes autônomos exclusivos”, em que os assessores abrem escritórios filiais e oferecem produtos de investimentos aos clientes. A promessa era trazer condições mais acessíveis e com mais opções do que as oferecidas pelas instituições financeiras tradicionais.
Com o objetivo de incentivar ainda mais as vendas, a XP recebia e oferecia aos agentes autônomos uma comissão – com valores diferentes – para cada tipo de produto oferecido por eles aos investidores. Não demorou muito e o modelo passou a ser utilizado por outras corretoras do mercado – e essa foi a principal crítica levantada pelo Itaú no emblemático comercial.
Na visão do banco, pagar mais ao assessor para a indicação de uma aplicação específica, e menos para outra, pode fazer com que os profissionais recomendem sempre o produto financeiro melhor comissionado. Ou seja, o assessor estaria pensando em qual produto você deveria investir para ele ganhar mais. Aí está o tal ‘conflito de interesse’.
No exterior, para mitigar essa possibilidade, grande parte das corretoras não remunera mais seus assessores por produto de investimento.
XP anuncia novo modelo de comissão
A repercussão foi grande e o debate gerou algumas mudanças. No último dia 31 de julho a XP anunciou que os clientes têm a opção de pagar um percentual fixo, entre 0,5% e 1% ao ano, para seus assessores. O antigo modelo, porém, continua existindo.
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É importante ressaltar que nessa história não há vilões e mocinhos. Além do fator remuneração, existem outras fontes de conflito na relação entre assessor e cliente, inclusive nos bancos tradicionais, onde muitas vezes esse ‘vício’ na recomendação pode vir camuflado.
Mas como ter certeza que o meu assessor é confiável?
Pensando em desmistificar este assunto tão delicado, o E-Investidor fará uma live nesta quarta-feira (12) com o tema “Conflito de interesse nas recomendações de investimentos tem data para acabar?”.
Todas as dúvidas serão respondidas pelos convidados Marcelo Maisonnave (Warren e cofundador da XP Investimentos), Patrick O’Grady (Vitreo) e Ricardo Schweitzer (Nord Research). Dia 12 de agosto, às 12h, no YouTube e no Linkedin do E-Investidor.