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Energia elétrica: transmissoras são as mais resistentes a crises

De acordo com levantamento da Teva Indíces, as transmissoras de energia tiveram melhor performance neste ano

Energia elétrica: transmissoras são as mais resistentes a crises
As empresas transmissoras de energia elétrica são mais resistentes às volatilidades do mercado e crise econômica (Foto: Envato Elements)
  • De acordo com levantamento da Teva Indices, o subsetor de transmissoras de energia apresentou uma alta de 0,5% no acumulado do ano
  • Segundo analistas, o motivo se deve ao tipo de concessão que as empresas possuem para prestar a transmissão de energia elétrica
  • As empresas geradoras de energia são as mais impactadas. No entanto, alguns analistas recomendam compra de ações de algumas companhias

As companhias responsáveis pela transmissão de energia elétrica costumam ser as mais resistentes diante da volatilidade do mercado financeiro e também das crises hídricas, que sempre afetam a produção de energia no País. De acordo com o levantamento da Teva Indices, a pedido do E-Investidor, o desempenho das empresas que representam esse subsetor registrou alta de 0,5%, no acumulado do ano até o último pregão do mês de outubro.

Segundo analistas, as razões estão relacionadas ao serviço dessas companhias. Por terem a funcionalidade de apenas transmitir a energia das geradoras para as distribuidoras de energia elétrica, as empresas não costumam ser afetadas pela crise energética que permanece no País. “As empresas de transmissão de energia elétrica não têm risco hidrológico. Por isso que tiveram o melhor desempenho do setor”, ressalta Luiz Fernando Araújo, CEO da Finacap Investimentos.

Mas esse não é o único fator. As condições de contratação do serviço também garantem a geração de receita para essas empresas mesmo em tempos de crise. Araújo até compara as ações dessas companhias com os investimentos em renda fixa.

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A explicação, segundo o analista, está no funcionamento do contrato de concessão de transmissão dessas companhias. “As empresas instalam a linha de transmissão e realizam um leilão para definir o preço que vai cobrar para disponibilizar essa infraestrutura. E durante 30 anos (período de concessão), ela vai receber o valor (definido no leilão) corrigido pela inflação”, afirma.

E como a inflação do Brasil segue em alta, as companhias transmissoras de energia se beneficiam ainda mais com a crise econômica do País. “Algumas empresas, inclusive, tinham contratos atrelados ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) que disparou por causa do dólar”, acrescenta.

Mario Goulart, analista da O2 Research, traz outra vantagem dessas companhias: o custo de manutenção do serviço. “Na teoria, as empresas ficam cobrando uma taxa de transmissão da energia e a manutenção das linhas de transmissão tem um custo muito baixo”, afirma.

Mas quais são as companhias que se destacam nesse subsetor da energia elétrica? Na visão de Goulart, a Neo Energia (NEOE3) é uma das companhias promissoras. “Ela (a empresa) está fazendo algumas linhas de transmissão. Ainda estão na fase de desembolso, mas no momento que as linhas de transmissão estiverem prontas, a empresa irá trazer uma receita interessante”, avalia. 

No fechamento do pregão desta quarta-feira (17), as ações da companhia fecharam com uma queda de 1,78% chegando a R$ 16,54. No acumulado do ano, o desempenho dos papéis da NEOE3 foi negativo ao ter uma performance de -6,87%. No entanto, a queda é menor do que o do Ibovespa que amarga uma baixa de 13,38% durante o mesmo período.

Açúcar e álcool

O segmento Açúcar e Alcool foi o que apresentou o melhor desempenho entre os outros subsetores de energia elétrica. Segundo levantamento da Teva Indices, o retorno durante o acumulado do ano foi de 1,2%, enquanto o desempenho durante o último mês de outubro correspondeu a 0,5%.

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Segundo João Daronco, analista da Suno Research, as razões para o boa performance estão relacionadas à valorização do açúcar (commodity) ao longo deste ano, o que impacta diretamente nos resultados das companhias. Além disso, os preços do etanol também sofreram altas devido ao aumento do preço da gasolina.

“O açúcar e álcool são derivados da cana-de-açúcar. O Brasil é o principal produtor e exportador de cana do mundo. A gente (Brasil) tem grandes vantagens produtivas por causa do clima e do sol”, ressalta.

Embora os resultados sejam positivos, o subsetor não é considerado defensivo. “É um setor ligado à questão de mercado, oferta, demanda, preço internacional da commodity, preço da gasolina e do dólar. Então, há muitas variáveis”, afirma Daronco.

Distribuidoras de energia elétrica

As empresas distribuidoras de energia elétrica foram as que tiveram o segundo melhor desempenho, de acordo com os dados da Teva Índices. No acumulado do ano, as companhias do subsetor tiveram uma baixa de 1,2% no acumulado do ano até o último pregão do mês de outubro.

Embora o resultado seja negativo, Victor Burke, analista de elétricas e saneamento da XP Investimentos, explica que as empresas são impactadas de imediato com o aumento do custo de energia e com a redução do consumo. No entanto, conseguem recuperar as perdas econômicas nos anos seguintes.

“No curto prazo, a redução do consumo de energia impacta na receita das distribuidoras. Mas as empresas conseguem recuperar o valor perdido nos anos posteriores com a revisão tarifária feita junto com a Aneel”, afirma Burke.

Geradoras de energia elétrica e energias integradas

As empresas geradoras de energia elétrica são as mais impactadas pela crise hidrológica. Ainda de acordo com o levantamento, o subsetor sofreu uma baixa de 2% no acumulado do ano. O fraco desempenho pode estar atrelado ao fator hidrológico. Isso acontece porque, quando os reservatórios estão insuficientes para gerar a energia demandada e definida em contrato, as companhias precisam comprar energia de outras empresas para poder garantir o fornecimento.

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Segundo Burke, em períodos de baixo volume das chuvas, o GFS (Generation Scaling Factor ou Fator de escala de geração, em tradução livre), que mede o risco hidrológico, determina o quanto as empresas podem gerar de energia a partir do nível dos reservatórios de água. Isso quer dizer que: se o GFS determinar que a empresa pode gerar de energia elétrica apenas 80% da sua capacidade, a companhia precisa comprar o restante no mercado.

“Quando preciso comprar e o preço de energia está mais alto, isso impacta na geração das receitas”, ressalta o analista da XP Investimentos. No entanto, Victor Burke aponta que algumas companhias conseguem adotar estratégias para minimizar esses efeitos. “Algumas empresas já compram antecipadamente energia quando acreditam que irão precisar no futuro, conseguindo um preço melhor”, cita.

Embora seja o setor mais impactado, a XP investimentos recomenda compra para as geradoras da AES Brasil (AESB3), CESP (CESP6) e Ômega (OMGE3).

Já o subsetor de energia integrada também teve resultados baixos. No entanto, o desempenho é um reflexo do impacto da crise hídrica para as distribuidoras e geradoras. Isso porque o subsetor de energia integrada representa as empresas com subsidiárias de geração, transmissão e distribuição.

“Normalmente, as empresas que fazem parte do subsetor de energia integrada têm maior parte das suas receitas em distribuição e geração. Então, esses dois segmentos tiveram problemas”, afirma Luiz Fernando Araújo, da Finacap Investimentos.

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Retorno por segmento do setor elétrico, segundo a Teva Indices

Segmento Retorno no mês Retorno no Ano
Energia Integrada -3,4% -1,3%
Geração de Energia -1,4% -2,0%
Geração e Transmissão de Energia -1,4% -0,6%
Distribuição de Energia -0,6% -1,2%
Transmissão de Energia 0,1% 0,5%
Açúcar e Álcool 0,2% 1,2%

*Retorno do acumulado do ano até o dia 29/10/21

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