- Estrangeiros realizaram resgates líquidos de US$ 6,109 bilhões de ações e fundos de investimentos em março
- No acumulado em 12 meses até o final de fevereiro, o mercado local de capitais registra saídas de US$ 20,2 bilhões
- Porém, o investidor local segue aportando mais recursos em fundos de investimentos em março
Em situação semelhante àquela registrada no primeiro bimestre de 2020, os investidores estrangeiros continuaram retirando recursos do País pelo canal financeiro. De acordo com o boletim do Setor Externo divulgado hoje pelo Banco Central, os estrangeiros realizaram resgates líquidos de US$ 6,109 bilhões de ações e fundos de investimentos em março, até o dia 23, e uma saída líquida de US$ 10,528 bilhões de títulos de dívida públicos e privados.
Leia também
Se comparado com a saída líquida de US$ 4,5 bilhões de ações e fundos de investimentos em fevereiro, os números mostram que o fluxo piorou nesse curto espaço de tempo, de pouco mais de três semanas, coincidente com o agravamento da crise dos mercados causada pela pandemia do novo coronavírus, observada desde a quarta-feira de cinzas (26/02) no Brasil.
Vale lembrar que o mercado brasileiro ainda registrava um ingresso líquido de US$ 1,1 bilhão em títulos de dívida em fevereiro, ou seja, o fluxo foi invertido nesse curto espaço de tempo, de entrada para saída. No acumulado em 12 meses até o final de fevereiro, o mercado local de capitais registra saídas de US$ 20,2 bilhões.
Publicidade
“A aversão ao risco do investidor estrangeiro acelerou nesse processo de pandemia. Ele está buscando mercados menos arriscados nesse momento. Mas, o investidor local ainda não desistiu da bolsa de valores (Ibovespa) e acredita num momento de oportunidades agora”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
Investidores locais
Vale contextualizar que enquanto o estrangeiro aumenta sua saída de recursos do Brasil, o investidor local segue aportando mais recursos em fundos de investimentos em março. Dados do boletim diário da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), divulgados hoje à tarde, mostram que até o dia 20, os fundos registravam captação líquida de R$ 11,858 bilhões, sendo R$ 7,777 bilhões em fundos estruturados (FIDCs e FIPs) e R$ 4,081 bilhões em fundos de investimentos, principalmente em ações e ETFs com mais aportes.
Dentro da renda fixa, houve uma migração de carteiras de duração mais longa para fundos de curto prazo com liquidez diária, mas no geral, houve resgate de R$ 5,3 bilhões dessa categoria, em março até o dia 20. “Temos a perspectiva de uma recessão global, mas o mercado está observando o que está acontecendo lá fora, sobre as alternativas para superar esse momento”, afirma Vieira.