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- Apesar de a Selic ainda permanecer em um patamar de dois dígitos, o rendimento da poupança continua em 0,5% ao mês, mais a taxa referencial (TR)
- Se o investidor busca rentabilidade e segurança, os ativos de renda fixa são alternativas mais interessantes
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (8), manter a taxa Selic a 10,50% ao ano, seguindo o consenso do mercado. A medida dá uma pausa no ciclo de corte de juros no país e reflete a preocupação dos membros do Comitê com o equilíbrio das contas públicas.
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Com a Selic ainda em patamares de dois dígitos, os rendimentos dos ativos de renda fixa continuam atrativos para os investidores, exceto os da poupança. Isso acontece porque, desde 2012, após decisão do BC, a rentabilidade da poupança varia conforme o patamar da taxa básica de juros.
- Leia também: O que é renda fixa?
Quando ela estiver igual ou abaixo de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança corresponde a 70% da Selic mais a taxa referencial. No entanto, quando a Selic estiver acima de 8,5% a.a, a rentabilidade muda e passa para 0,5% ao mês mais a taxa referencial (TR), que está em 0,98% no acumulado dos últimos 12 meses.
Ou seja, o retorno líquido atual do investimento mais popular entre os brasileiros permanece na faixa de 7,13% ao ano. Com base nessa realidade, uma aplicação de R$ 1 mil na caderneta de poupança deve oferecer um retorno de apenas R$ 71 em 12 meses.
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Caso o correntista decida manter um valor de R$ 10 mil durante o mesmo período, o investidor teria um lucro de R$ 713. A remuneração segue aquém de outras modalidades de investimentos e com riscos semelhantes. Se o investidor decidir aplicar o mesmo valor no título do Tesouro Selic 2027 (SELIC + 0,0875%), por exemplo, o retorno líquido seria de R$ 903,09 em um ano.
Poupança em queda
A caderneta de poupança ainda permanece como o investimento mais popular entre os brasileiros, mas tem sofrido com os altos volumes de saques por três anos consecutivos. Em 2021, os saques dos brasileiros superaram em R$ 35,4 bilhões os depósitos. Já em 2022 e em 2023, as retiradas foram R$ 103,2 bilhões e R$ 87,8 bilhões superiores aos novos aportes, respectivamente, segundo os dados do Banco Central.
O uso da reserva financeira para o pagamento de dívidas em atraso responde pelo principal motivo para esse comportamento. Mas há aqueles que retiraram os recursos da poupança em busca de investimentos com retornos mais atrativos. Um estudo do Banco Central mostrou que o investidor de alta renda está fugindo da caderneta de poupança e levando seu capital para a renda fixa bancária.
A análise avaliou os dados de 57 milhões de clientes das cinco maiores instituições bancárias do Brasil com ao menos R$ 500 aplicados na caderneta de poupança. Desse grupo, 29,5 milhões de investidores sacaram das contas um valor total de quase R$ 279 bilhões, dos quais R$ 201 bilhões foram realocados em outras opções de investimento. Veja os detalhes nesta reportagem.
Há gestoras de recursos também de olho nas oportunidades que esse movimento pode trazer para o mercado de capitais. Com a queda do volume da poupança, outros investimentos devem ser utilizados para o financiamento de empreendimentos imobiliários. É o caso da SPX Capital que planeja lançar um fundo imobiliário de papel com foco em CRIs residenciais.
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“Achamos que esse é o investimento mais rápido e com o melhor potencial de valorização por ter uma menor concorrência”, disse Pedro Daltro, sócio e diretor de real estate da SPX Capital em entrevista ao E-Investidor. Confira os detalhes nesta reportagem.
Onde investir com a Selic a 10,50% ao ano?
A previsão de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos e o risco fiscal no Brasil obrigaram o Copom a dar uma pausa no ciclo de queda da Selic. A situação trouxe um novo desenho para o cenário econômico e abriu espaço para novas oportunidades de investimentos. Para aqueles que desejam sair da poupança, o conselho dos agentes de mercado é buscar exposição em ativos de menor risco, como os títulos públicos de renda fixa.
Com o estresse do mercado em relação ao desequilíbrio das contas públicas, os títulos indexados ao IPCA+ ganharam notoriedade entre os investidores ao entregar uma taxa prefixada acima de 6%. A rentabilidade costuma surgir em períodos de crise econômica e ainda protege o patrimônio do investidor contra a inflação que tende a subir em períodos de desequilíbrio fiscal.
Maria Luísa Nepomuceno, analista de Renda Fixa da Nord Research, ressalta que os investidores devem priorizar os títulos indexados ao IPCA com vencimentos de curto e médio prazo. Para ela, esses períodos reduzem a exposição ao risco na carteira de investimento. “Nesses prazos, conseguimos ver os efeitos da política monetária atual, enquanto os títulos mais longos são mais voláteis e, por isso, são considerados mais arriscados”, afirma Nepomuceno.
Os títulos do Tesouro Selic também podem entregar rentabilidades superiores e garantir segurança para os brasileiros que desejam sair da poupança. Segundo Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, mesmo em um cenário de retomada do ciclo de cortes de juros, a caderneta de poupança vai continuar com um retorno abaixo da Selic devido às suas regras de rentabilidade.
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“O Tesouro Selic tem liquidez diária e com risco menor do que a poupança porque os títulos públicos possuem o menor risco de crédito do mercado”, diz Haddad. Os CDBs pós-fixados com liquidez diária possuem a mesma característica. Ou seja, os investidores podem resgatar o seu dinheiro em qualquer dia da semana, enquanto na poupança o investidor só recebe o rendimento em uma dia específico do mês. Fora essa data, há o risco de sacar o dinheiro sem a rentabilidade gerada em um determinado período.
“Atualmente temos vários emissores com opções de CDB com liquidez diária pagando até 110% do CDI, sejam em bancos ou em carteiras virtuais tornando esse tipo de investimento cada vez mais acessível”, afirma Octavio Gomes, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital. Ao migrar da poupança para os outros investimentos, é preciso ficar atento ainda às regras de cada ativo, como a cobrança de impostos.
No caso dos CDBs, Gomes explica que há a incidência do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas que deixa de ser cobrado após 30 dias de aplicação. Já em relação ao Imposto de Renda (IR), o investimento possui uma tabela regressiva que reduz a alíquota para 15% após dois anos.