- Para muitos investidores, 2023 foi mais uma vez o ano da renda fixa
- Com os juros ainda em dois dígitos, alguns fundos de renda fixa ganharam mais de 200 mil novos cotistas ao longo do ano
- Um levantamento mostra quais foram os ativos preferidos dos investidores em 2023; e quais os retornos esses fundos conquistaram no período
Para muitos investidores, 2023 foi mais uma vez o ano da renda fixa. Ainda que a taxa básica de juros tenha começado a cair, a Selic ainda em dois dígitos garantiu o lugar dos ativos ligados ao CDI na carteira. Um movimento que também aconteceu com os fundos de renda fixa.
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Um levantamento feito pela Comdinheiro mostra que os três ativos que mais ganharam cotistas em 2023 tiveram mais de 200 mil novos investidores. O Fundo De Investimento Em Cotas De Fundos De Investimento Caixa Fácil Renda Fixa Simples, que já era o mais investido entre os selecionados pelo levantamento, foi o campeão: com um ganho de 217.695 novos cotistas, agora têm 1.183.096 de investidores totais.
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A especialista em mercado de capitais Jaqueline Kist, sócia da Matriz Capital, destaca que, ainda que o fundo da Caixa tenha tido o maior aumento absoluto no número de cotistas, mesmo dentre os fundos levantados, não foi o maior aumento percentual em relação ao fim de 2022. "Não enxergo um motivo específico para esse aumento, mas talvez algumas tendências: a boa performance dos fundos perante o cenário de juros altos, por exemplo, pode justificar essa escolha, somado ao fato de sua maior liquidez perante a maioria dos fundos do mercado", diz.
O fundo da Caixa permite resgate no mesmo dia da solicitação, até às 18h; enquanto a maioria dos fundos tem o horário limitado às 14h ou 15h, por exemplo.
Em termos de rentabilidade, no entanto, o fundo da Caixa não é quem se destaca. O Itaú Kinea Dakar Renda Fixa Fundo De Investimento Em Cotas De Fundos De Investimento Longo Prazo foi o ativo que mais subiu dentre os analisados, com um retorno anual de 16,6%.
Leia também: Os fundos de renda fixa voltaram ao radar. Como escolher os melhores?
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Em um ano de taxa Selic propiciando retornos de 1% ao mês e volatilidade e contração econômica, o investidor consegue ser muito bem pago investindo em CDI, sem abrir mão de liquidez, de forma que o capital continue figurado como reserva de emergência ou de oportunidade, com baixa volatilidade e boa rentabilidade, explica Kist. "Nesse cenário, os fundos de Renda Fixa são muito beneficiados, atraindo investidores surfando a onda da Selic de dois dígitos”, afirma.
Como foi o 2023 da classe
Os fundos de renda fixa foram um dos destaques em 2023, um ano marcado por perdas expressivas nos multimercados e nos fundos de ações. Em agosto, adiantamos nesta reportagem que a captação líquida do segmento de renda fixa estava ajudando a manter toda a indústria de fundos de investimento no azul.
Mas o ano não foi inteiramente positivo para esse mercado. Nos primeiros meses de 2023 , os fundos de renda fixa, em especial aqueles ligados ao crédito privado, sofreram muito com a crise na Americanas (AMER3) e na Light (LIGT3). Por causa da marcação a mercado, boa parte dos ativos viu suas rentabilidades ficarem no negativo – um movimento que não é muito comum, especialmente em investimentos tidos como de baixo risco. Mostramos aqui alguns que ainda têm retornos negativos no ano.
“O impacto foi grande nos fundos de renda fixa de forma geral, não somente dos que continham esses títulos em carteira, já que a confiança do investidor com a saúde financeira das empresas em cenário de contração econômica e custo de dívida pesando em seus balanços ficou abalada”, destaca a analista da Matriz Capital. “O estresse gerou uma corrida de resgates no início do ano que obrigou muitos desses fundos a vender títulos a preços muito defasados em relação ao seu valor. Por conta disso, muitos deles chegam ao fim do ano ainda sem conseguir recuperar sua rentabilidade perante o CDI.”
Aos poucos, no entanto, esse movimento foi sendo normalizado e a taxa de juros ainda nos dois dígitos voltou a atrair os investidores. Veja quais foram os fundos de renda fixa com ganhos acima de 400% do CDI.
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Ainda que o mercado espere pela continuidade da queda do CDI daqui para frente, a expectativa dos especialistas é que a classe de ativos continue atrativa aos investidores. Primeiro, porque a Selic deve permanecer em dois dígitos até meados de 2024. Segundo, porque a queda dos juros pode fazer as cotas desses fundos se valorizarem com a marcação a mercado.
“A hora que os juros começaram a arrefecer, os fundos de renda fixa vão estar performando muito bem com a marcação ao mercado desses títulos que gestores compraram com boas taxas de retorno. O investidor pode pegar uma bela onda, se olhar com carinho para esses ativos pensando no futuro”, destaca Jaqueline Benevides, head de renda fixa da InvestAi.