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Investimentos

Renda fixa: com a Selic em queda, onde estão os melhores prefixados?

Oscilação diária vista nos títulos prefixados são tentativas do mercado projetar a trajetória futura dos juros

Renda fixa: com a Selic em queda, onde estão os melhores prefixados?
(Foto: Getty Images/Reprodução)

A precificação da queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, se torna evidente ao analisar as taxas dos títulos prefixados da renda fixa, aqueles investimentos que antecipam ao investidor quanto ele vai receber no final do aporte. Segundo o mais recente boletim Focus, do Banco Central (BC), os economistas estimam que a Selic deve encerrar 2024 em 9% ao ano, uma queda de 1,25 ponto porcentual na comparação com os atuais 11,25% ao ano.

“Todo dia o mercado tenta imaginar o que vai ser a trajetória futura de taxa de juros. Isso precifica todos os títulos de renda fixa. Então, imagina um título que vence daqui a um ano, que paga R$ 1 mil no vencimento futuro, por exemplo, se o juro esperado de um ano é 10%, hoje ele vale R$ 910,00. Se amanhã ou depois o mercado acredita que esses juros vão cair para 5%, o preço do título rapidamente sobe para R$ 950,00”, explica Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

O economista também comenta que a oscilação diária vista nos títulos prefixados são tentativas do mercado projetar a trajetória futura de taxa de juros. “Todo os dias o mercado tem essa visão imaginando que a inflação vai acelerar ou desacelerar, que o Produto Interno Bruto (PIB) vai aumentar, que o PIB vai desacelerar, que a situação fiscal vai piorar, vai melhorar. Todo dia o mercado vai precificando essa trajetória futura de juros e isso vai batendo no preço dos prefixados”, detalha.

Se esses títulos passam por uma forte oscilação, o investidor deve se perguntar se vale a pena entrar no ativo, visto que muitos acreditam que a renda fixa não trás risco nenhum, o que não é verdade.

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É claro que se o investidor entrar em um título prefixado e pegar o dinheiro somente no vencimento, ele terá o lucro já acordado no início do aporte. No entanto, se  quiser resgatar antes do vencimento, pode tomar prejuízo ou abocanhar um lucro, a depender das condições de mercado. É nesse momento que os títulos prefixados oferecem riscos para o investidor.

Longo prazo e os prefixados

Segundo Rafael Bellas, head de Fundos Listados & Cetipados na InvestSmart, o risco dessas classes de ativos aumenta se o investimento exigir maior tempo de aporte e se o investidor quiser resgatar o investimento antes do prazo. “Quanto maior for o horizonte de investimento, maiores são as incertezas e a decisão por um título prefixado se torna mais desafiadora”, explica Bellas.

Para o head de Fundos, esse riscos aumentam por causa da falta de previsibilidade de como a economia estará daqui alguns anos, um horizonte de longo prazo que torna o investimento em títulos prefixados mais desafiador.

“Diante do cenário atual, há um consenso no mercado em que os juros terão uma tendência de queda até meados de 2026, mas o mercado é dinâmico e isso pode mudar a qualquer momento por questões macroeconômicas, visto que uma economia mais forte que o esperado pode levar a taxas de juros mais altas devido à maior demanda por crédito e ao potencial de aumento da inflação”, argumenta Bellas.

Fabrício Voigt, analista sênior da Aware Investments, comenta que as questões políticas também devem começar a pesar no longo prazo, o que complica ainda mais a situação para quem aportar nesses títulos mais longos. “Ao final de 2025 começaremos desenhar os possíveis candidatos para as eleições de 2026. A depender da inclinação econômica de cada um podemos ter novas previsões para crescimento futuro e inflação e logo as mudanças na curva longa de juros ocorrem”, afirma.

O prejuízo no longo prazo pode ocorrer se os juros subirem acima da taxa paga pelo título que o investidor possui na carteira. Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, dá um exemplo em que os juros caem para 10,75% ao ano e o investidor faz o aporte com o prefixado nesse patamar.

No entanto, ele comenta que se alguma questão mundial extraordinária fizer a taxar voltar a 13,75% ao ano ou ir para 14% ao ano, o investidor vai se dar mal. “O cliente seria penalizado, porque os investidores poderiam adquirir um produto no mercado pagando 14%, mas ele possui um título com rentabilidade de 10,75%. Nesse caso, se ele quiser vender o título no resgate, ele terá um perda considerável”, esclarece Richetti.

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Todavia, Richetti lembra que é pouco provável que tenhamos uma alta de juros no curto e no médio prazos. “Hoje a gente está num ciclo de corte de juros, então a probabilidade disso acontecer é pequena, em virtude de que o próprio Banco Central já definiu que irá fazer mais cortes constantes na taxa. As chances de termos uma retomada na alta de juros no curto prazo acontecerá só se houver algo como a covid-19, alguma guerra, alguma questão que não tem como prever”, argumenta o sócio da GT Capital.

Títulos de curto prazo podem ser a solução

Paulo Gala, do Banco Master, recomenda o investidor a procurar títulos prefixados com vencimentos mais curtos. “A Selic tende a cair para 9% ao ano até o fim de 2023. Então, eu acho que é um é um bom momento para comprar títulos prefixados nesses níveis de 10,5%, 10,6% e 10,7% no horizonte de 2 e 3 anos”, diz.

No entanto, Alexandre Dellamura, mestre em economia e diretor de conteúdo da edtech Melver, explica que o investidor dificilmente vai encontrar títulos públicos que pagam a Selic atual de 11,25%. “O Tesouro Prefixado 2027 está pagando 10% ao ano, enquanto o 2031 paga 10,74%. Essa remuneração está muito próxima a da curva de juros”, comenta Dellamura.

Segundo ele, como o mercado já precifica uma queda de juros pela curva de juros futuros, os títulos prefixados já estão sendo negociados com essa redução na conta final, mas o investidor ainda pode encontrar opções mais rentáveis. “Títulos de crédito privado, como debêntures, podem até pagar mais, mas oferecem um risco de crédito muito maior – até por isso a remuneração é mais alta”, explica Dellamura.

Por fim, Fabrício Voigt, da Aware Investments, comenta que os Certificado de Depósito Bancário (CDBs) de médios e pequenos bancos se apresentam como boas alternativas, visto que eles possuem proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) no valor de até R$ 250 mil. “Os títulos privados de bancos ou empresas são um de pagamento acima ou igual a Selic de 11,25% ao ano, é bem fácil encontrar nas corretoras de investimentos ou mesmo nos bancos papéis negociados acima disso, o que pode ser interessante para o investidor”, conclui.