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CDI rende o dobro do Ibov em 10 anos. Hora de migrar para a renda fixa?

Ativos atrelados ao CDI valorizaram 135% desde janeiro de 2013, enquanto a Bolsa acumulou alta de 71%

CDI rende o dobro do Ibov em 10 anos. Hora de migrar para a renda fixa?
Taxa básica de juros influencia todas as operações de crédito (Fonte: Envato Elements)
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  • Desde janeiro de 2013 até fevereiro de 2023, os títulos que rendem 100% do CDI valorizaram 135,3%, enquanto o benchmark subiu cerca de metade disso, 71,31%
  • Segundo especialistas, ambos os itens devem ser analisados no longo prazo quando investidos
  • Gustavo Gomes, sócio e especialista de Renda Variável da Acqua Vero, acredita então que os produtos atrelados ao CDI renderam mais porque o Brasil sempre foi um país de alta inflacionária

Dentre os principais objetivos dos investidores tanto da renda fixa quanto da variável está a busca por ativos que gerem bons retornos. E nos últimos dez anos os produtos atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) foram mais interessantes que o Ibovespa, aponta levantamento realizado pela Economatica.

Desde janeiro de 2013 até fevereiro de 2023, os títulos que rendem 100% do CDI valorizaram 135,3%, enquanto a referência em renda variável, o Ibovespa, subiu cerca de metade disso, 71,31%. Segundo especialistas, ambos os indicadores devem ser analisados no longo prazo.

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Gustavo Gomes, sócio e especialista de Renda Variável da Acqua Vero, acredita que os produtos atrelados ao CDI renderam mais porque o Brasil tem histórico de inflação alta, obrigando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) a subir os juros. Como nos últimos dez anos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta acumulada de 80,67%, os juros também subiram na sequência – a taxa DI, que nada mais é que o juro decorrente das operações de CDI, está precificada em apenas 0,10 ponto porcentual (p.p.) abaixo da Selic e quando uma sobe, a outra avança em seguida.

Rodrigo Knudsen, gestor de fundos da Empiricus Investimentos, afirma que, dado o fato dos juros poderem subir somente a cada 45 dias – intervalo entre as reuniões do Copom –, “os produtos atrelados ao CDI apresentam menos volatilidade e risco que a Bolsa, sendo mais atrativo aos investidores conservadores”.

Ao mesmo tempo, o especialista da Acqua diz que a queda no preço do petróleo e do minério de ferro na última década de 18,83% e 24,27%, respectivamente, reduziram o interesse no mercado de renda variável. Ambas commodities estão atreladas às empresas que correspondem a quase 35% da carteira do Ibovespa. Veja nesta reportagem o que os especialistas recomendam fazer com os papéis atrelados ao barril petrolífero.

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Bruno Monsanto, sócio da RJ Investimentos, por sua vez, diz haver outros dois motivos que explicam a diferença no desempenho dos dois índices na última década. O primeiro é que o mercado acionário no Brasil é menos desenvolvido do que em países com economias mais estáveis, como Estados Unidos. “Como o Brasil tem, historicamente, inflação e juros altos, a relação risco/ retorno do Ibovespa se torna pouco interessante”. Com menor atratividade da Bolsa, os investidores migram para a renda fixa.

O segundo motivo toca a seara política, já que a cadeira da Presidência da República foi ocupada nos últimos anos por rivais políticos com visões contrárias para a política monetária, “o que trouxe instabilidade sobre a economia doméstica”, afirma o especialista. Dessa forma, Monsanto destaca que os investidores acabam por preferir ativos mais seguros, como a renda fixa.

No final das contas, ao colocar na ponta do lápis, todos os motivos levaram na última década os investidores a desmontar posições em renda variável e alocar em renda fixa. Esse movimento reduziu o preço das ações, assim como provocou a desvalorização do Ibovespa, já que há mais oferta de ações no mercado secundário e menos demanda.

Vale então migrar da renda variável para a renda fixa?

Tanto o sócio da RJ Investimentos quanto o sócio da Acqua Vero acreditam que vale ter posição em renda fixa e variável, visando mitigar riscos e trazer melhores retornos. Quando um lado tombar, pode ser que o outro valorize. Assim, a carteira dos investidores fica balanceada ao longo do tempo.

Eles acreditam também que a atratividade dos produtos atrelados ao CDI dependerá principalmente do cenário macroeconômico. “Por ora, os debates sobre autonomia do BC, a pressão do governo para baixar a taxa Selic e a perspectiva de aumento das metas de inflação podem pressionar os juros para cima”, diz Bruno Monsanto. Tanto que, segundo o Boletim Focus da última semana, a expectativa é de que a taxa Selic feche 2023 em 12,75%, enquanto o IPCA fique em 5,89%.

Quanto ao Ibovespa, os especialistas afirmam que as ações não precisam ser descartadas, mesmo com o retorno menor se comparado com o Certificado de Depósito Interbancário. “Mas é importante também escolher as empresas e setores com atenção, considerando o momento político e econômico”, diz o sócio da RJ Investimentos.

O gestor de fundos da Empiricus Investimentos, por sua vez, afirma que escolher investir em ações ou não depende principalmente do perfil do investidor, se ele aceita tomar mais risco em prol de maiores retornos. “O Brasil, historicamente, tem juros altos para controlar a inflação. Porém, se o acionista acredita que o País irá melhorar economicamente, via redução da taxa de juros, e que novas empresas entrarão no mercado de capitais, vale ter posição em ativos de renda variável”.

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