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Tesouro Direto em agosto: taxas caem e fazem investidor ganhar até 3,7%; veja os melhores títulos para investir agora

Maior ganho em agosto foi registrado pelo Tesouro Prefixado com vencimento para 2031; entenda a movimentação

Tesouro Direto em agosto: taxas caem e fazem investidor ganhar até 3,7%; veja os melhores títulos para investir agora
Taxas dos títulos do Tesouro Direto cedem em agosto por conta da expectativa de cortes de juros nos EUA. (Foto: M Einero/peopleimages.com em Adobe Stock)
  • Os títulos públicos do Tesouro Direto caminham para fechar agosto com ganhos entre 0,75% e 3,7% na marcação a mercado
  • As menores valorizações aconteceram no Tesouro IPCA+ com vencimentos mais curtos, para 2026, enquanto o maior ganho, de quase 4%, foi observado no Tesouro Prefixado 2031
  • Para quem não conhece, a plataforma do Tesouro Nacional oferece três categorias principais de papéis: prefixados, híbridos (IPCA+) e pós-fixados

Os títulos públicos do Tesouro Direto caminham para fechar agosto com ganhos entre 0,78% e 3,7% na marcação a mercado, considerando o fechamento da última quarta (28), dado mais recente. As menores valorizações aconteceram no Tesouro IPCA+ com juros semestrais para 2026, enquanto o maior ganho, de quase 4%, foi observado no Tesouro Prefixado 2031.

Para quem não conhece, a plataforma do Tesouro Nacional oferece três categorias principais de papéis: títulos prefixados, que pagam uma taxa fixa ao ano; os IPCA+, que remuneram pela inflação oficial do País mais uma taxa prefixada (juro real) – e que estão divididos em Tesouro IPCA+, Tesouro RendA+ e Tesouro EducA+; e os títulos pós-fixados, que pagam a variação da taxa básica de juros, batizados como Tesouro Selic.

Nos dois primeiros – Tesouro Prefixado e IPCA+ –, os preços e taxas oscilam diariamente conforme as mudanças nas expectativas econômicas. Em termos gerais, quando o Tesouro Direto passa a emitir novos títulos com taxas maiores, os papéis mais antigos, com rentabilidades menores, se desvalorizam na carteira do investidor. Afinal, para que um título com taxa abaixo daquela vigente tenha atratividade no mercado secundário (para vendas antes do vencimento), o investidor precisa aplicar um “desconto”.

Já quando as taxas dos títulos do Tesouro mais recentes caem, quem tem os papéis antigos na carteira, com rentabilidades acima do prêmio vigente, ganha se vender o papel antes do vencimento. A dinâmica se dá o nome de “marcação a mercado”. Para fugir desse mecanismo, o investidor precisa deixar o capital aplicado até as datas estabelecidas nos ativos de renda fixa – a renda, portanto, se torna de fato “fixa” quando o investidor guarda sua posição até o vencimento do título. Desta forma, receberá exatamente o rendimento acordado no momento da compra.

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Em agosto, os títulos se valorizaram justamente porque, em média, as taxas oferecidas caíram. Somente entre os ativos disponibilizados para investimento pelo Tesouro Direto, as rentabilidades declinaram entre 0,02 e 0,18 ponto percentual entre o fechamento de 31 de julho e o fechamento desta quinta (29).

Por que as taxas do Tesouro Direto caíram em agosto

O motivo de as taxas do Tesouro Direto terem caído em agosto está relacionado às grandes altas registradas ao longo do segundo trimestre do ano. Nesta época, a percepção de risco fiscal se acentuou, devido à expectativa de aumento dos gastos públicos e mudanças no arcabouço fiscal. Os conflitos entre Banco Central (BC) e governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) geravam ruídos no mercado financeiro, enquanto a falta de visibilidade sobre cortes nas taxas de juros dos Estados Unidos azedavam o humor dos investidores. Por lá, as taxas estão nas máximas em mais de duas décadas, entre 5,25% e 5,5% ao ano. Soma-se a esses fatores, o temor de uma recessão norte-americana, cujo receio cresceu no final de julho e início deste mês.

Contudo, de lá para cá, a situação melhorou. O governo Lula anunciou um contingenciamento de gastos de R$ 15 bilhões, enquanto as novas falas do diretor de política monetária do BC e indicado a presidente da instituição em 2025, Gabriel Galípolo, foram bem-recebidas pelos investidores. O dirigente reafirmou o compromisso com as metas de inflação e de que subiria a taxa básica de juros, a Selic, se necessário. Hoje, já há casas precificando os juros em 12% no final do ano – leia mais nesta reportagem –, em função das expectativas de uma alta da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Vale lembrar que o nome de Galípolo era visto com desconfiança no início do ano, já que foi indicado ao cargo pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e tinha fama de ser “heterodoxo” – vertente econômica que admite um gasto público maior. “O mercado enxergava uma certa politização nos votos (dos diretores do BC que são indicados pelo governo), algo que já não tem sido percebido mais”, diz Sidney Lima analista da Ouro Preto Investimentos. “Hoje, são vistos posicionamentos mais restritivos e responsáveis quanto à condução da política monetária por aqui, o que tem aumentado a credibilidade e acalmado os temores futuros. Isto automaticamente faz com que o prêmio de risco (juros dos títulos) diminua.”

Já nos EUA, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), também projetou o início dos cortes de juros nos EUA. Paralelamente, com dados de atividade mais fracos, o medo de recessão diminuiu. Essa combinação de notícias tão aguardadas pelo mercado, desestressou as taxas dos Treasuries (títulos de dívida pública americanos) e os títulos públicos brasileiros seguiram a tendência.

“Os dois principais motivos das quedas nas taxas futuras foram a sinalização por parte o Banco Central de que os juros podem subir para controlar a inflação corrente. Apesar de parecer uma contradição, significa o compromisso do BC em manter a inflação corrente dentro da meta e afasta a chance de uma necessidade de subir os juros com mais intensidade no futuro”, diz Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar.

Maria Luisa Nepomuceno, analista de renda fixa da Nord Research, tem a mesma visão. “A principal alteração de cenário em agosto foram dados de mercados de trabalho mais fracos nos Estados Unidos. Isso mostrou que a atividade americana está, sim, desaquecendo, e respondendo aos juros elevados”, diz. “Isso encoraja o Fed a iniciar os cortes já em setembro.”

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Simone Albertoni, especialista em renda fixa na Ágora Investimentos, reforça a preponderância dos fatores externos em relação ao cenário doméstico. “Os últimos dados de inflação acima do esperado no Brasil e dados de atividade corroboram para um patamar de juros mais alto e possíveis altas na taxa Selic nas próximas reuniões do BC. Porém o ambiente externo pressiona um fechamento na curva de juros local, devido perspectivas de corte nas taxas de juros nos EUA”, diz.

Quais os melhores títulos para investir no Tesouro Direto?

Pensando em investimentos, no geral, Nepomuceno indica o Tesouro IPCA+2035. Ela vê o juro real atual, de 6,15% ao ano, ainda atrativo apesar de não estar nas máximas, de 6,5% ao ano.

“É um título que fornece a possibilidade de um resgate antecipado, com um eventual ganho a marcação a mercado, caso seja possível observar uma queda ainda maior nessas taxas de juros nos próximos meses”, diz Nepomuceno, que também recomenda o conservador Tesouro Selic. O Tesouro IPCA+2035 acumulou ganhos de 1,85% em marcação a mercado no mês até o fechamento da última quarta (28).

Para Albertoni, da Ágora, o foco está também no Tesouro IPCA+. “Além de buscar ganhos acima da inflação no período, também estão com patamares de juros reais atrativos para carregar com prazos de 5 ou 6 anos, por exemplo”, afirma. Já os prefixados, na visão dela, inspiram maior cautela pelo risco de subida das taxas e, consequentemente, perdas em marcação a mercado no curto prazo. “Não significa que não estamos recomendando, mas é necessário atenção para identificar boas oportunidades.”

Prazos e títulos

Já Mori recomenda mesclar prazos e títulos para diminuir o risco do investimento. Ainda assim, para ele, há uma categoria de papel que não representa oportunidade no momento. “Títulos prefixados de curto prazo não apresentam muita oportunidade de ganho acima da Selic”, diz.

Já Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, por sua vez, aposta nos prefixados para travar os ganhos em uma taxa interessante. Hoje, esses papéis oferecem entre 11,59% e 11,81% ao ano de retorno. O especialista só ressalta que para o curtíssimo prazo, o investidor pode ter perdas de marcação a mercado, já que a expectativa atual aponta para uma alta da Selic ainda neste ano.

Por último, Elaine Domênico, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, vê, no Tesouro Direto, prefixados e títulos IPCA+ de prazos médios como oportunidades. Pensando, porém, em uma eventual redução das taxas nos próximos anos. “Os prefixados garantem uma taxa de retorno fixa, que se torna ainda mais vantajosa se as taxas de juros caírem, enquanto os IPCA+ protegem contra a inflação e ainda oferecem um rendimento real”, afirma.

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