Veja as 24 ações do Ibovespa que custam menos de R$ 10

Segundo levantamento realizado a pedido do E-Investidor pela Monett, plataforma de investimentos, o número de ações precificadas em até R$ 10 cresceu 140% em um ano
Os dados mostram que, no dia 1º de julho de 2021, dez ações do Ibov eram precificadas abaixo de R$ 10. Em 1º de julho de 2022, esse número subiu para 24, o que sinaliza a depreciação dos papéis da bolsa brasileira
O baixo valor nominal da ação pode sinalizar uma oportunidade de compra, mas, segundo analistas, é preciso avaliar outros indicadores antes de investir

O pessimismo no cenário macroeconômico empurrou para baixo os preços das ações do Ibovespa. Segundo levantamento realizado a pedido do E-Investidor pela Monett, plataforma de investimentos, o número de ações precificadas em até R$ 10 cresceu 140% em um ano.

Para analistas, a queda do preços dos papéis pode abrir uma janela de investimentos, mas a decisão de compra não deve ser baseada apenas no valor nominal da ação.

Os dados mostram que, no dia 1º de julho de 2021, dez ações do Ibov eram precificadas abaixo de R$ 10. Em 1º de julho de 2022, esse número subiu para 24, o que sinaliza a depreciação dos papéis da bolsa brasileira.

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Para Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos, a elevação do número de ações com preços baixos é um reflexo do cenário macroeconômico desfavorável para os ativos de renda variável.

“A queda (no valor) das ações se deve a diversos fatores, como a alta dos juros, risco fiscal e político no Brasil (com a aproximação das eleições) e risco de recessão global. Mas o aumento dos juros é um dos principais fatores tanto no Brasil em 2021 quanto no mundo em 2022”, ressalta Siqueira.

Desde março do ano passado, o Banco Central (BC) segue em ritmo de elevação da Selic para conter a inflação. Naquele mês, depois do piso histórico de 2%, a taxa básica de juros era de 2,75% ao ano. Hoje, ela está no patamar de 13,25% a.a.

Com isso, o capital de investimentos costuma migrar da renda variável para a renda fixa devido ao retorno seguro e ao baixo risco para o investidor.

Segundo Felipe Paletta, sócio e analista da Monett, o movimento de alta de juros é uma resposta dos Bancos Centrais para frear a alta dos preços, ocasionados pelo retorno da atividade econômica após os períodos de lockdown.

“Na pandemia começou uma série de disfunções na cadeia global e problemas energéticos que refletiram no aumento da inflação no Brasil e no resto do mundo”, explica Paletta. “O real perdeu muito valor nesse movimento, o que favorece as exportações e encarece o preço do produto importado, o que impacta no custo de vida do consumidor”, acrescenta.

Mas a situação poderia ser ainda pior. No primeiro trimestre de 2022, a bolsa brasileira se beneficiou com a entrada robusta de capital estrangeiro. Nos três primeiros meses deste ano, os investidores internacionais deixaram no Brasil R$ 69 bilhões, de acordo com dados da B3. O volume representa uma alta de 601% em relação ao fluxo registrado no mesmo período do ano passado.

“Tivemos muitas ações que foram bastante compradas entre os investidores estrangeiros e com mais relevância no índice, como a Vale, Petrobras e bancos. Se não tivesse tido esse fluxo gringo, a bolsa estaria cerca de 10% a 15% abaixo do patamar atual”, avalia João Abdouni, analista de investimentos da Inv.

Oportunidade de investimento?

Os baixos preços das 24 ações que até o início de julho podem representar para o investidor uma oportunidade de compra. Mas Mário Goulart, analista de O2 Research, explica que o valor nominal das ações não é o suficiente para indicar se os preços estão descontados ou não.

“Uma ação pode custar R$ 1.000 e ser considerada barata porque tem uma relação entre preço e lucro, preço e patrimônio ou dívida/EBITDA que seja positiva. O mesmo pode acontecer com uma ação de R$ 1 que pode ser cara porque a relação entre preço e lucro é ruim”, ressalta.

Com esses indicadores no radar, há chances de o investidor conseguir se beneficiar nos próximos com uma possível recuperação da bolsa de valores. Segundo Paletta, como o Brasil foi um dos primeiros países a iniciar o seu ciclo de aperto monetário, pode ser um dos primeiros a reduzir a taxa de juros. Caso esse movimento aconteça, os papéis devem apresentar ganhos.

"Vamos ter eleições neste ano, mas temos a expectativa de um movimento de bolsa para cima, independente do resultado das eleições, diante do nível de desconto dos papéis”, acredita Paletta.

Nesta perspectiva, Abdouni acredita que, entre ações com preços abaixo de R$ 10, as companhias Itaúsa e Metalúrgica Gerdau são as melhores opções de investimento para quem tem o objetivo de manter esses ativos nos próximos cinco anos. "À medida que os resultados das companhias foram saindo e o mercado for avaliando que a situação das empresas está melhor do que o esperado, as ações devem performar melhor”, projeta.

Goulart também recomenda os papéis da Itaúsa por ser uma companhia composta, principalmente, pelo Banco Itaú. Na visão dele, é uma instituição financeira sólida e que se beneficia com o atual movimento de alta de juros.

Além desse papel, o analista da O2 Research enxerga as ações da Copel como uma boa opção de investimento. "A Copel é interessante porque é uma empresa do setor elétrico que tem receitas mais ou menos estáveis porque é uma concessionária de energia. Mas tem um risco por ser uma estatal", explica Goulart. No intervalo entre o dia 1º de julho de 2021 e 1º de julho de 2022, as ações da Copel apresentaram uma alta de 39% no acumulado do período.

No fechamento do pregão desta segunda-feira (18), os papéis da Copel e Metalúrgica Gerdau encerraram o dia com quedas de 1,3% (R$ 6,83) e 0,9% (R$ 9,72), respectivamente. As ações da Itaúsa fecharam com ganho de 1,2%, cotadas a R$ 8,45.