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As 5 ações que mais subiram e caíram em abril de 2022

O desempenho do Ibovespa no acumulado de abril foi negativo, com queda de 10,1%

As 5 ações que mais subiram e caíram em abril de 2022
O Ibovespa encerrou abril com uma queda de 10,1% no acumulado do mês (Foto: Envato Elements)
  • Apesar da baixa performance do IBOV, as empresas do setor de energia e do setor de produção de petróleo se destacaram no acumulado do mês
  • PetroRio e CPFL Energia lideraram o ranking das cinco ações com as maiores altas
  • Por outro lado, as varejistas e as empresas ligadas ao setor de tecnologia sofreram forte desvalorização com alta dos juros e aumento da inflação

O Ibovespa encerrou o último pregão do mês de abril com uma queda de 1,86% aos 107.876,16 pontos. No acumulado do período, o desempenho do principal índice da B3 também foi negativo, ao apresentar uma queda de 10,1%.

O resultado rompe com o movimento de alta dos últimos quatro meses, em que os ganhos no acumulado mensal ficaram no campo positivo. Além disso, é o menor desempenho no acumulado do mês desde março de 2020, quando começou a pandemia da covid-19.

Um dos motivos para o recuo do IBOV no mês de abril, após um primeiro trimestre positivo, é a redução dos preços das commodities. Segundo Jennie Li, estrategista de ações da XP, nos primeiros meses de 2022 a alta demanda e pouca oferta desses produtos foram os responsáveis pelos ganhos expressivos do setor. No entanto, a disparada nos preços não permaneceu ao longo de abril.

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“No fim de março vimos a China adotando lockdown severo em cidades importantes para controlar o surto de covid-19. Então, as medidas sanitárias afetaram bastante os preços de commodities por conta da incerteza quanto à demanda”, esclarece Li.

Outro ponto abordado pela estrategista de ações da XP é o resultado de alguns dados da atividade econômica da China, que vieram abaixo do esperado. Os números trouxeram preocupação do mercado sobre o que pode acontecer com a economia do país após as medidas sanitárias. “A China deve continuar com os lockdowns severos que puxam para baixo a atividade econômica, reduz a demanda e, logo, as commodities sofrem um pouco com esse cenário”, acrescenta.

Além disso, o fluxo de capital estrangeiro que veio forte no primeiro trimestre na bolsa de valores não seguiu da mesma forma durante o mês de abril. Em abril, os gringos retiraram da bolsa R$ 5,3 bilhões, o primeiro resultado negativo mensal do ano.

Para Naor Coelho, trader de renda variável da Infiny Asset, o dinheiro estrangeiro não deixou de entrar. Segundo ele, o que aconteceu no mês de abril foi uma mudança da percepção de risco dos investidores internacionais devido à alta do dólar, à continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e ao surto de covid-19 na China. “Deixou de ser um bom local de investimento? Na minha avaliação, não. O que a gente viu é uma movimentação da renda variável para a renda fixa”, afirma Coelho.

As maiores altas do Ibovespa

As empresas do setor de energia e de produção de petróleo foram as que apresentaram as melhores performances durante o mês de abril. As ações da PetroRio (PRIO3) foram as que registraram os maiores ganhos no período, com alta de 12,1%.

Segundo a equipe de research da Ágora Investimentos, a companhia se beneficiou dos altos preços do petróleo, mesmo com a volatilidade da commodity nas últimas semanas. “A PetroRio segue confiante que a aquisição de ambos os campos de Albacoras (Leste e Oeste) será assinada com a Petrobras, o que será um gatilho importante para o ativo”, informou a corretora.

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A CPFL Energia apareceu, logo em seguida, como destaque positivo do Ibovespa neste mês de abril. Houve alta de 12%. Segundo Felipe Moura, analista da Finacap, o bom desempenho é um resultado do otimismo do mercado com a aquisição da Companhia Estadual de Transmissão do Rio Grande do Sul, em outubro do ano passado.

Com a compra, a companhia conseguiu apresentar, no último trimestre de 2021, um balanço atraente para os investidores.

“A aquisição foi muito positiva. Com a compra, a CPFL quadruplicou a presença dela no mercado de transmissão de energia no Brasil”, ressalta Moura. Embora a maior parte da geração de caixa da companhia venha da distribuição e de geração de energia, o aumento da posição no segmento de transmissão é visto como positivo pelos investidores por se tratar de um tipo de negócio resistente a volatilidade.

As ações preferenciais da Eletrobras também estão no grupo das cinco maiores altas do IBOV em abril, com 11,3% de valorização. Um dos motivos se deve ao interesse dos investidores no processo de capitalização da empresa, que sofreu uma pausa de 20 dias por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).

“Embora o processo tenha sido interrompido, o mercado aguarda a conclusão que pode levar a uma capitalização, através da emissão de novas ações, de forma a diluir a participação na União”, acrescentou a Ágora.

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Os papéis da 3R Petroleum (RRRP3) e da Cielo (CIEL3) também se destacaram no acumulado mensal com ganhos de 10,5% e 9,3%, respectivamente.

As maiores quedas do Ibovespa

Do outro lado, as varejistas e as companhias ligadas ao setor de tecnologias amargaram perdas superiores a 20% no acumulado de abril. Na lista das ações que encerraram o período no campo negativo, a Locaweb (LWSA3) ocupa o primeiro lugar, com uma queda de 29% no desempenho dos seus papéis. A depreciação dos papéis está ligada ao movimento de alta dos juros tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.

Segundo a Ativa Investimentos, empresas de tecnologia como a Locaweb possuem parte do seu crescimento projetado no futuro. Por isso, o mercado costuma penalizar esses papéis em momentos de juros elevados. “Além disso, o resultado da Locaweb referente ao quarto trimestre foi bem abaixo das expectativas do mercado”, acrescenta a corretora. A divulgação do balanço do primeiro trimestre deste ano está prevista para o próximo dia 12, mas o mercado segue pessimista para os resultados.

Logo em seguida, aparece a Via (VIIA3) com uma queda de 28,8% no desempenho dos seus papéis. A desvalorização é um efeito do cenário macroeconômico atual. Com a alta da inflação e o aumento do endividamento das famílias brasileiras, as vendas no setor do varejo são prejudicadas. O problema é que, no caso da Via, a situação é ainda mais delicada em relação aos seus pares.

Ainda de acordo com a Ativa Investimentos, a companhia tem maior atuação nos produtos de bens duráveis, como eletrodomésticos e eletroeletrônicos. “É um segmento com um preço maior e, por isso, o consumidor médio precisa de um financiamento para conseguir adquirir os produtos”, informa a equipe de research da Ativa.

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O movimento de alta dos juros e da inflação também foi sensível para a Magazine Luiza (MGLU3), Banco Inter (BIDI11) e para o Grupo Natura (NTCO3). As três companhias tiveram quedas de 28,5%,  28,4% e  28,2 %, respectivamente.

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