Mercado

Saiba quais setores da B3 se beneficiam com a chegada de uma vacina contra a covid-19

Bolsa inteira deve ser impulsionada, mas cinco segmentos têm as melhores oportunidades, dizem especialistas

(Foto: Dado Ruvic/Reuters)
  • Ibovespa sobe 11,56%, aos 104.808,83 pontos, em novembro impulsionado pela o avança de uma vacina contra a covid-19
  • Setores que antes estavam eram prejudicados, por conta da pandemia, agora destacam-se positivamente no mês
  • Especialistas enxergam melhores oportunidades em cinco segmentos. São eles: shoppings, concessões, distribuição de combustíveis, varejo de vestuário e aéreas e turismo

Após encerrar outubro na casa dos 93 mil pontos, o Ibovespa entrou em um forte movimento de alta em novembro e já acumula valorização de 11,56%, aos 104.808 pontos até o fechamento desta quarta-feira (11). Um dos principais fatores que impulsiona o índice até o momento são as notícias envolvendo o avanço de uma vacina contra a covid-19.

Na Rússia, foi divulgado que a Sputnik V é 92% eficaz contra a doença. Nos EUA, a vacina experimental da Pfizer se mostrou 90% capaz de prevenir a covid-19. Já no Brasil, os testes da CoronaVac foram retomados após terem sido suspensos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por conta da morte de um dos voluntários. A expectativa é que a CoronaVac fique pronta ainda este ano.

Neste contexto, a bolsa brasileira começou a precificar uma possível volta à normalidade. Alguns setores, antes prejudicados por conta da pandemia, agora se destacam positivamente no mês e devem manter o bom desempenho caso o cenário continue estável.

Preencha os campos abaixo para que um especialista da Ágora entre em contato com você e conheça mais de 800 opções de produtos disponíveis.

Ao fornecer meu dados, declaro estar de acordo com a Política de Privacidade do Estadão , com a Política de Privacidade da Ágora e com os Termos de Uso

Obrigado por se cadastrar! Você receberá um contato!

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Segundo especialistas consultados pelo E-Investidor, os segmentos com as melhores oportunidades  são aqueles que dependem principalmente da circulação das pessoas. “Com a vida voltando 80% ao normal, alguns segmentos já são muito beneficiados”, diz Pedro Serra, gerente de pesquisa da Ativa Investimentos.

Shoppings

A pandemia da covid-19 obrigou todos os shoppings a fecharem as portas por um longo período, o que fez as ações do setor estarem entre as mais afetadas no ano. Com a gradual reabertura das economias, os estabelecimentos voltam a operar e a perspectiva positiva da vacina impulsiona os ativos do segmento.

Serra aponta que o setor é o principal destaque positivo da Ativa. As companhias listadas na B3 são Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTA3), brMalls (BRML3) e Aliansce Sonae (ALSO3). “Ainda há muito espaço para estes ativos crescerem”, comenta o gerente.

Em 2020, MULT3, IGTA3, BRML3, e ALSO3 apresentam, respectivamente, desvalorização de 28,23%, 29,18%, 44,35% e 46,41%. Em novembro, no entanto, as performances são positivas em 24,57%, a R$ 23,63; 23,81%, a R$ 37,13; 23,16%, a R$ 10,05; e 16,78%, a R$ 26,87, nesta ordem, até o fechamento do mercado desta quarta (11).

Concessões

Ricardo França, analista de research da Ágora Investimentos, afirma que a corretora possuiu uma visão muito positiva para o setor de concessões ligados à mobilidade urbana. Entre as empresas deste segmento estão CCR (CCRO3), Ecorodovias (ECOR3), Rumo (RAIL3) e Santos Brasil (STBP3).

Segundo França, além de estarem descontadas devido à baixa circulação das pessoas ou produtos, haverá muitos leilões de rodovias, ferrovias e portos nos próximos anos. “Isso beneficia as empresas do segmento por muito tempo”, afirma.

Em 2020, CCRO3, ECOR3, RAIL3 e STBP3 registraram, até ontem (11), desvalorização de 32,07%, 26,93%, 23,22% e 46,31%. Em novembro, no entanto, as performances são positivas em 11,20%, a R$ 12,41; 19,22%, a R$ 11,91; 9,27%, a R$ 20,04; e 11,20%, a R$ 4,37, respectivamente.

Distribuição de combustíveis

Com a volta da circulação das pessoas, a demanda por combustíveis deve crescer em grande escala, o que aumenta a operação das companhias do segmento. Para os especialistas, empresas como BR Distribuidora (BRDT3), Ultrapar (UGPA3) e Cosan (CSAN3) devem ser muito beneficiadas.

Desde o início de janeiro até ontem (11), BRDT3 e UGPA3 registram desvalorização de 24,52% e 19,63%, enquanto CSAN sobe 11,27%. No acumulado de novembro, porém, a performance de todos os ativos é positiva em 15,75%, a R$ 22,20; 23,44%, a R$ 20,22; e 16,63%, a R$ 75,80, nesta ordem.

Varejo de vestuário

Apesar de o varejo não ter sido um dos mais afetados durante a crise, o segmento de vestuário não conseguiu acompanhar o desempenho do setor. Na opinião dos analistas, mesmo com operações de e-commerce disponíveis, o consumidor prefere comprar roupas nas lojas físicas. “A reabertura das lojas é muito importante para o segmento”, diz França.

Entre as empresas do setor estão C&A (CEAB3), Hering (HGTX3) e Lojas Renner (LREN3). Em 2020, os papéis têm desvalorização de 22,69%, 45,97% e 16,12%, nesta ordem. No acumulado de novembro até ontem (11), as performances são positivas em 16,10%, a R$ 13,70; 14,20%, a R$ 18,17; e 25,18%, a R$ 46,88, respectivamente.

Aéreas e turismo

A volta da circulação do público deve impulsionar o setor de turismo, que conta com empresas como  Azul (AZUL4), GOL (GOLL4), Embraer (EMBR3) e CVC (CVCB3). A vacina tende a trazer de volta a demanda pelos serviços dessas companhias, que ficou praticamente zerada durante a pandemia.

Apesar de boas oportunidades no setor, Serra destaca que a aposta nestes ativos é um pouco mais arriscada que nas demais. “Essas empresas passam por outros problemas além da pandemia, como o alto endividamento”, afirma o gerente da Ativa.

Em 2020, AZUL4, GOLL4, EMBR3 e CVCB3 apresentam, nesta sequência, desvalorização de 48,87%, 44,95%, 63,61% e 65,37%. Em novembro, porém, as performances até o fechamento de ontem são positivas em 32,15%, a R$ 29,80; 29,13%, a R$ 20,26; 19,07%, a R$ 7,18; e 16,21%, a R$ 14,27, respectivamente.

Demais setores também devem ser beneficiados

Os especialistas ressaltam que nenhum setor da B3 tende a perder com a chegada da vacina – afinal, o medicamento permitirá que a economia como um todo volte ao normal e diminua os riscos que afligem o mercado acionário em todo o mundo.

Contudo, setores como o de e-commerce podem apresentar desempenho ruim no curto prazo. Isso ocorre porque muitos investidores devem se desfazer de suas posições em Magazine Luiza (MGLU3), B2W (BTOW3) e Via Varejo (VVAR3) em busca de melhores oportunidades em ações mais descontadas, o levando à queda destes ativos.

É importante salientar, no entanto, que o movimento não significa que as empresas apresentarão resultados ruins em um horizonte maior de tempo. Apenas que o desempenho delas será abaixo da média do mercado, devido à forte valorização que o segmento já teve enquanto os outros caíam.

“O e-commerce foi consolidado na pandemia e a sua tendência de ser cada vez mais relevante continua igual, mas pode haver uma desvalorização dos papéis enquanto outros setores se recuperam”, afirma França.