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Por que IRB Brasil (IRBR3), Lojas Americanas (LAME3) e NotreDame Intermedica (GNDI3) tiveram os piores desempenhos do dia na Bolsa

Os três papéis registraram as maiores quedas no pregão da B3 desta quinta-feira

Por que IRB Brasil (IRBR3), Lojas Americanas (LAME3) e NotreDame Intermedica (GNDI3) tiveram os piores desempenhos do dia na Bolsa
(Mônica Zarattini/Estadão)
  • O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (2) em alta de 0,03%, aos 96.234,96 pontos, e teve giro financeiro de R$ 27 bilhões
  • As três ações que mais perderam preço no dia foram IRB Brasil (IRBR3), Lojas Americanas (LAME3) e NotreDame Intermedica (GNDI3)

Depois de abrir o mês de julho com alta de 1,21%, embalada pelo apetite de investidores por oportunidades de ações descontadas, o Ibovespa seguiu no embalo otimista nesta quinta-feira (2). No mesmo tom, setores como bancos e educação performaram em alta.

Contribuíram para esse bom humor os dados do mercado de trabalho do Estados Unidos, que vieram melhores do que se esperava. Em junho, houve a geração de 4,8 milhões de empregos no país, ante previsão de 3,7 milhões. Já os pedidos de auxílio-desemprego semanais caíram 11,1% no mês passado, em relação à projeção de 12%. A divulgação dos dados levou o S&P a subir acima de 1%.

Em meio a essa marola de alegria, o Ibovespa já rompeu a resistência técnica dos 97.500 pontos. A expectativa é de que, a partir de agora, o índice busque os 100 mil pontos, registrados pela última vez em março, quando começou a crise.

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Entretanto, restam algumas dúvidas, diante de renovados temores a respeito de uma segunda onda de covid-19 nos EUA e em relação ao ritmo de retomada da economia doméstica. Ainda que notícias sobre avanço de vacina para combater a pandemia do novo coronavírus animem, a chegada do remédio para a população deve demorar.

Encerrado o pregão, o Ibovespa chegou aos 96.234,96 pontos, uma alta de 0,03%, com giro financeiro de R$ 27 bilhões. As três ações que registraram as maiores quedas no dia foram IRB Brasil (IRBR3), Lojas Americanas (LAME3) e NotreDame Intermedica (GNDI3).

Confira o que afetou o desempenho desses três papéis:

IRB Brasil (IRBR3): -12,24%

Os papéis ON do IRB Brasil acentuaram o movimento de queda e despencaram 12,24%, pior desempenho do Ibovespa e um dos piores de todo o mercado nesta quinta-feira. No dia 09 de julho, o valor de mercado do ressegurador chegou a R$ 12,373 bilhões, maior patamar desde 10 de março. Desde então, perdeu praticamente R$ 4 bilhões em valor, boa parte nos três últimos pregões, quando acumula queda de 28%.

Os resultados da empresa no primeiro trimestre e as diversas notícias que vieram na esteira dos números dispararam as apostas do mercado de que a ação tende a cair nos próximos pregões. De acordo com operadores consultados pelo Broadcast, a taxa de aluguel da ação teve um salto desde terça (30). A posição alugada, apesar de ter variado pouco ontem (1º), está mais alta do que há uma semana.

Ontem, o operador de uma grande corretora comentou ao Broadcast que a taxa para os tomadores estava em 27%, e com um detalhe: os contratos tinham prazo fixo de 30 dias. Ou seja, não é possível revertê-los antes desse período, algo comum no mercado de aluguel de ações. De acordo com o profissional, a taxa estava em 8,5% antes da divulgação dos resultados.

Lojas Americanas (LAME3): -4,27%

Abaixo do IRB, um segmento que esteve entre os destaques negativos do Ibovespa foi o de varejo, especialmente as empresas voltadas para o e-commerce. Fecharam em baixa Lojas Americanas PN (-4,27%), B2W ON (-3,65%), Via Varejo ON (-3,75%) e Magazine Luiza ON (-3,04%, na mínima do dia).

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Sem ver motivos específicos para o movimento, operadores apontam que em um dia de mais cautela no mercado, como o de hoje, os investidores dão prioridade para realizar lucros com papéis que acumularam bons desempenhos durante a crise. No caso destes papéis, as altas acumuladas no ano vão de 20% (Lojas Americanas) a mais de 70% (B2W).

NotreDame Intermédica (GNDI3): -4,07%

No segmento de saúde, fecharam em baixa NotreDame Intermédica ON (-4,07%), Hapvida ON (-3,59%) e Qualicorp ON (-2,57%, na mínima do dia). Em análise sobre o setor, o Credit Suisse ressalta o impacto do aumento do desemprego na demanda por planos.

O fim de 1,1 milhão de vagas de trabalho em maio tem efeitos diferentes para cada operadora, de acordo com suas posições em cada região do País. A mais impactada é a NotreDame Intermédica, com queda de 3% nas vagas de emprego onde tem atuação mais forte. Para a Hapvida, esse impacto é de -2,2%.

O UBS cortou a recomendação das ações ordinárias do Grupo NotreDame Intermédica de compra para neutro, mas elevou o preço-alvo a R$ 73 (ante R$ 63), potencial de alta de 6,8% em relação ao último preço de fechamento, destacando o desempenho recente dos papéis da empresa, com valorização 20% maior que o Ibovespa até agora em 2020.

Gustavo Almeida, analista de ações da Spiti, diz que no caso de Intermédica, a queda tem fatores técnicos, uma vez que o papel conseguiu ultrapassar os preços a que era negociado antes do Carnaval. “É uma correção técnica. Todos os ativos tiveram um grande ‘gap’ [diferença entre máxima e mínima] após o Carnaval, e a Intermédica fechou esse espaço”, diz ele.

Para o setor como um todo, o analista Maurício Cepeda, do Credit Suisse, comenta que é necessário ter um “olhar cauteloso” com os impactos do aumento do desemprego sobre os planos de saúde. Ele destaca que setores importantes em termos de clientes, como varejo, serviços de alimentação e administração de pessoal, tiveram quedas acentuadas, de 5,3%, 11,9% e 4,5%, respectivamente.

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*Com Estadão Conteúdo

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