- Nesta quarta-feira (22) os EUA ordenaram o fechamento da embaixada chinesa em Houston, Texas. Nesta sexta-feira, a China retaliou
- Apesar da alta do dólar nesta quinta-feira (23), especialistas acreditam que a tendência ainda é a moeda voltar a cair
- Eles alertam, no entanto, que os investidores devem ficar atentos a novos desdobramentos do conflito
A tensão entre os Estados Unidos e a China, que começou em 2018 com uma guerra comercial, ganhou mais um capítulo esta semana. Na quarta-feira (22), o presidente americano, Donald Trump, ordenou o fechamento do consulado chinês em Houston, no Texas. O governo chinês devolveu na mesma moeda e, nesta sexta-feira (24), também determinou que um consulado dos EUA, na cidade de Chengdu, no sudoeste do país, fosse fechado.
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Neste cenário, o que o investidor pode esperar do dólar com mais um conflito de escala mundial se iniciando?
Nesta quinta-feira (23), a moeda americana fechou em alta de 1,92%, cotada a R$ 5,21, interrompendo a sequência de três baixas seguidas. Na semana, no entanto, o dólar ainda acumula queda de 3,11%.
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Segundo o Departamento de Estado dos EUA, a decisão foi tomada pelo próprio presidente após a acusação de que dois hacker chineses tentaram roubar segredos sobre o desenvolvimento de uma vacina contra a covid-19.
“Ordenamos o fechamento do Consulado Geral da RPC (República Popular da China) em Houston a fim de proteger a propriedade intelectual americana e as informações privadas americanas”, disse Morgan Ortagus, porta-voz do departamento.
O país asiático classificou a decisão como sem precedentes, afirmando que viola o direito internacional. Após a retaliação nesta sexta, o Ministério das Relações Exteriores da China informou, em comunicado, que a decisão é “uma resposta legítima e necessária às medidas irracionais dos EUA”.
Além da rusga entre os países no âmbito diplomático, as potências mundiais também já se desentenderam por questões sanitárias relacionadas à pandemia da covid-19.
Para saber como a moeda americana reagirá a essa nova escalada de tensões entre as duas maiores potências mundiais, o E-Investidor conversou com especialistas no assunto.
Conflito em segundo plano…
Segundo os especialistas, a nova tensão entre os países têm um potencial muito grande de gerar uma nova aversão ao risco mundial, o que faria a dólar subir mais ainda e a Bolsa cair. Porém, eles acreditam que o conflito ficará em segundo plano, apesar da alta do dólar nesta quinta-feira (23).
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Fernando Bergallo, CEO da FB Capital, explica que como não se trata de uma nova guerra comercial, a briga entre os dois países não deve impactar com muita força o mercado. Assim, o conflito ainda não é tão preocupante. “O problema entre esses países não é algo novo”.
William Teixeira, head de renda variável da Messem Investimentos, concorda com essa visão. Para ele, o embate entre os países não afetará tanto o câmbio, e a tendência é a moeda norte-americana voltar a se desvalorizar. “Achamos que o dólar ainda tem espaço para cair frente ao real no ano devido ao risco do País estar diminuindo”, diz Teixeira.
Bergallo, da FB Capital, comenta que os fatores que estão diminuindo o risco do Brasil são a tramitação da reforma tributária, a reabertura das economias e a expectativa em relação a uma vacina contra a covid-19. Para ele, por enquanto esses fatores estão pensado mais do que os embates entre EUA e China.
… mas não deve ser ignorado
Apesar do cenário ainda positivo, os especialistas ressaltam que os investidores não podem tirar o conflito do radar. “É um assunto que está latente e tem um potencial de danos imprevisíveis”, diz o CEO da FB Capital.
Segundo eles, novos fatos podem surgir e elevar as tensões, prejudicando principalmente os países emergentes, como o Brasil. “Qualquer fator geopolítico gera a possibilidade de impactar na valorização do dólar frente às outras moedas emergentes e derrubar a Bolsa”, afirma José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.
Dessa forma, Cataldo explica que ainda não se pode descartar a alta da moeda. Segundo o analista, os conflitos podem elevar a aversão ao risco novamente e fazer os investidores estrangeiros venderem suas posições em mercados emergentes e voltarem aos mais fortes. “Assim como o ouro, em momento de risco o dólar é muito buscado pelos investidores como uma forma de defesa”, diz o head de research da Ágora.
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Teixeira, da Messem, também pede atenção aos desdobramentos do caso para o investidor saber a hora de agir e não se prejudicar com mais uma crise. “São tantos fatores que podem mudar do dia para noite sobre o assunto que vamos ter que reavaliar a todo momento a situação”, comenta.
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