- A reversão do prejuízo em lucro durante um intervalo de um ano não foi o suficiente para atender as expectativas do mercado
- O aumento das despesas, especialmente as não recorrentes, comprometeu a entrega de lucros dentro das projeções dos analistas
Os números do balanço da Eletrobras (ELET3;ELET6), referente ao quatro trimestre de 2023 não conseguiram dar as respostas que o mercado esperava após quase dois anos da sua privatização. A companhia entregou um lucro líquido de R$ 893 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 479 milhões registrado no mesmo período de 2022. O problema é que o número do balanço veio bem abaixo das expectativas, que estavam em R$ 2 bilhões, o que pode pesar de forma negativa para os papéis ao longo do pregão desta quinta-feira (14).
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Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Research, avalia que o grande vilão para o balanço da Eletrobras foi a dívida líquida, que encerrou o quarto trimestre de 2023 na ordem de R$ 41,7 bilhões. O volume corresponde a um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2022, quando a empresa registrou uma dívida líquida de R$ 34,7 bilhões.
“Tal situação acarreta em aumento no pagamento de juros e as despesas financeiras ficam maiores. Essa dinâmica pressiona o resultado financeiro e, consequentemente, o lucro líquido”, destaca Bueno. Por essa razão, a Nord mantém preferência pelas ações Engie Brasil (EGIE3) e da Trans Paulista (TRPL4) para o setor elétrico, ao invés dos papéis da Eletrobras, diante dos desafios ainda presentes no processo de melhora operacional da ex-estatal.
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Já Arlindo Souza, analista da Levante Corp, avalia os números do balanço do quarto trimestre de 2023 como mistos. Assim como Bueno, enxerga que a presença de despesas, especialmente as não recorrentes que superaram os R$ 2 bilhões, impediu a companhia de entregar resultados melhores. No entanto, nem tudo está perdido. O balanço, na visão dele, sinaliza avanços importantes em termos de eficiência operacional, que eram esperados pelo mercado.
A principal delas ficou com a redução de custos com Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outros (PMSO) em torno de 47% no intervalo de um ano. “Isso é muito importante porque toda essa despesa impacta diretamente no resultado”, diz Souza. Além disso, a Eletrobras conseguiu entregar um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado acima das expectativas do mercado. O analista da Levante projetava o Ebitda de R$ 4 bilhões contra os R$ 5,6 bilhões reportados pela empresa no balanço Esses resultados sustentam a recomendação de compra das ações com um preço-alvo de R$ 51.
A Ativa Investimentos também possui a mesma visão sobre a companhia. Em relatório, a corretora destacou o empenho da Eletrobras em melhorar as suas margens operacionais com a redução de custos e do estoque das provisões com o empréstimo compulsório. “Ainda que as ações da empresa sigam repercutindo ruídos políticos e os ainda baixos preços de energia, continuamos a acreditar que os seus múltiplos atuais não refletem inteiramente o seu potencial”, escreveu Ilan Arbetman, CFA e analista da Ativa.
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Com essa visão, a corretora mantém uma recomendação de compra para o papel com um preço-alvo de R$ 54, o que representa um potencial de valorização de 24,5% em relação ao pregão desta quarta-feira (13).