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Por que as estatais foram bem no 1º ano de Lula e o que esperar em 2024?

Índice Bolsa Estatais subiu 50,4%, bastante acima do Ibovespa, que avançou 22,3% no ano passado

Por que as estatais foram bem no 1º ano de Lula e o que esperar em 2024?
Tanques da Petrobras (Foto: Geraldo Falcão/Petrobras)
  • Logo no início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2023, uma grande dúvida foi lançada sobre o desempenho das estatais na Bolsa
  • A expectativa era de que as companhias enfrentassem maiores dificuldades por um possível aumento de gasto público
  • Na última sexta-feira (5), o Banco Central revelou que as empresas públicas registraram déficit de R$ 3,2 bilhões. Essa situação, entretanto, não se refletiu nas estatais listadas

Logo no início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2023, uma grande dúvida foi lançada sobre o desempenho das estatais na Bolsa. A expectativa era de que as companhias enfrentassem maiores dificuldades por um possível aumento de gasto público, aos moldes do que ocorreu em gestões petistas anteriores.

Na última sexta-feira (5), cerca de um ano depois do início do terceiro mandato de Lula na Presidência, o Banco Central revelou que as empresas públicas federais – com exceção de Petrobras (PETR3; PETR4) e Eletrobras (ELET6), que não entram na conta – registraram déficit de R$ 343 milhões entre janeiro e novembro do ano passado. Se continuarem no vermelho, deve ser o primeiro resultado negativo desde 2020, marco do início da pandemia de covid-19.

O assunto repercutiu negativamente entre analistas nas redes sociais e levantou preocupações sobre o futuro dessas companhias. Contudo, pelo menos quando o tema são as estatais listadas na B3, as perspectivas seguem mais positivas do que negativas. “O grupo empresas públicas pode ter tido um déficit no ano passado, mas as empresas públicas listadas, todas elas estão tendo resultados bons. No setor financeiro, por exemplo, eu diria até que foram excepcionais”, afirma Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos.

Vale lembrar que, em 2023, o Índice Bolsa Estatais subiu 50,4%. Portanto, bastante acima do Ibovespa, que avançou 22,3%. Para Fernando Siqueira, head de Research da Guide Investimentos, além de ótimos resultados, o excesso de pessimismo com as estatais após a vitória de Lula contribuiu para o desempenho destacado dos papéis.

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“A boa performance das estatais se deve, em parte, ao ponto de partida: expectativas bem negativas ao final de 2022, após as eleições, e diversos discursos do governo na linha de maior intervenção nas estatais”, diz Siqueira.

De acordo com levantamento feito pela Economatica, empresa de dados financeiros do TC, existem hoje cinco ações de empresas públicas no Ibovespa: Petrobras (PETR4), Sabesp (SBSP3), Cemig (CMIG4), Banco do Brasil (BBAS3) e BB Seguridade (BBSE3). Nenhuma delas apresentou resultado negativo nos últimos dois anos. Veja a seguir as recomendações para os papéis.

 

Petrobras (PETR4)

Somente no ano passado, as ações da Petrobras (PETR4) subiram 96,04%, aos R$ 37,24, segundo dados da Economatica. A petroleira que estava no centro das discussões sobre ingerência política foi beneficiada justamente pela dissipação de alguns temores. As mudanças na política de dividendos, por exemplo, não foram tão relevantes quanto o esperado. Os reajustes nos preços dos combustíveis também não foram encerrados.

Paralelamente, fatos atípicos impuseram volatilidade sobre o petróleo, como a guerra entre Israel e o Hamas. Siqueira, da Guide Investimentos, possui recomendação de compra para os papéis da estatal brasileira, com o preço-alvo de R$ 40. “Não houve grande mudança na estratégia da empresa, apesar de algumas alterações na diretoria”, afirma.

A Ágora Investimentos também mantém uma visão positiva para a Petrobras para os próximos meses. “O ano de 2023 foi de resultados muito consistentes, a empresa gerou muito caixa e a remuneração aos acionistas em dividendos seguiu elevada”, afirma Ricardo França, analista da casa. “Para 2024, ainda vemos um ano em que os resultados continuarão sendo muito positivos. O investidor pode esperar dividendos ainda bem elevados, de 20%, nas nossas estimativas”, diz.

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Hulisses Dias, analista CNPI e mestre em finanças, vê a Petrobras com um números atrativos, mas possui uma projeção menor para os dividendos. “Atualmente o dividend yield (rendimento em dividendos) se encontra em 19,27%. Este DY não deve permanecer pelos próximos 12 meses, visto que o plano apresentado em novembro de 2023 prevê aumento dos investimentos. A tendência é de que haja redução de 35% nos dividendos pagos”, afirma.

Sabesp (SBSP3)

As ações da Sabesp (SBSP3) subiram 35,61% no ano passado, para R$ 75,37. O avanço ocorreu na esteira das discussões para uma eventual privatização da companhia. O mercado espera que a conclusão desse processo aconteça ainda no primeiro semestre deste ano. “Se aprovada a privatização, a expectativa de que aconteçam evoluções positivas do ponto de vista de ganho de eficiência, redução de custos e aceleração dos investimentos em saneamento”, afirma França, da Ágora.

O analista vê as ações com preço atrativo e mantém a recomendação de compra para os ativos em 2024. “Pensando nessa possibilidade de destravar valor com a capitalização, continuamos com uma visão positiva para Sabesp”, afirma o analista da Ágora.

A Genial Investimentos também mantém recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 77. “A essência da nossa recomendação é a ideia de se estar exposto a um case transformador: a privatização da empresa. Sendo assim, o maior risco a nossa recomendação reside na possibilidade de tal evento ser postergado ou suspenso”, ressalta a Guide, em relatório.

Já Dias, analista CNPI e mestre em finanças, vê as ações já bem precificadas e, por ora, sem oportunidade de entrada. Ele também calcula uma menor distribuição de proventos nos próximos anos. “A expectativa é de que o governo estadual reduza sua participação dos atuais 50,3% para algo entre 15% a 30%. Nos próximos anos, com os maiores investimento a serem realizados, a expectativa é que os pagamentos de dividendos diminuam”, diz o especialista.

Cemig (CMIG4)

A companhia elétrica Cemig (CMIG3) acumulou uma valorização de 15,10% em 2023. França, da Ágora, vê a empresa como sólida, com histórico consistente de resultados e distribuição de dividendos. Entretanto, a discussão que se iniciou no final do ano passado sobre a possível federalização da companhia pegou o mercado de surpresa e lançou dúvidas sobre a tese.

A discussão sobre a companhia atualmente gira em torno da troca das ações que estão sob controle de Minas Gerais para o governo federal. “O mercado vai aguardar um desfecho sobre essas tratativas”, afirma França, da Ágora.

A possível troca de comando é um fator de risco importante, mas do ponto de vista técnico, as ações estão descontadas. “No preço atual, considero a relação risco versus retorno atrativa, visto que a empresa historicamente costuma aumentar a lucratividade de forma consistente e distribuir em torno de 40% do lucro em dividendos”, afirma Dias, analista CNPI.

Banco do Brasil (BBAS3) e BB Seguridade (BBSE3)

De acordo com Chanes, da Ágora, Banco do Brasil (BBAS3) e BB Seguridade (BBSE3) foram largamente beneficiadas pelo avanço do agro em 2023 e apresentaram resultados “excepcionais”. No ano passado, as ações do banco e da seguradora subiram 76,18% e 10,67%, respectivamente.

“O Banco do Brasil é o principal repassador de crédito agrícola no País. No caso do BB Seguridade, esses mesmos créditos demandam, muitas vezes, seguros”, afirma o analista da Ágora.

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Entretanto, para 2024, o desempenho das instituições financeiras não deve ser tão destacado quanto no ano anterior. “Não que nós tenhamos uma visão negativa, pelo que tudo indica os resultados vão continuar bastante resilientes. O ponto é conseguir crescer muito além do que foi feito em 2023”, diz Chanes. Por esse motivo, o analista possui recomendação neutra para ambas as ações.

Na outra ponta, a Guide Investimentos mantém a recomendação de compra para Banco do Brasil e BB Seguridade, apostando na manutenção da rentabilidade das companhias. Os preços-alvos para BBAS3 e BBSE3 são de R$ 64 e R$ 38, respectivamente, o que representam um potencial de alta de 17% e 14% frente às cotações atuais. “Em nossa visão, os resultados devem continuar sendo bons, principalmente para Banco do Brasil e BB Seguridade”, ressalta Siqueira, head de Research da casa.

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