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O que fez a Bolsa subir ou cair nos primeiros 100 dias do governo Lula

Os 100 primeiros dias governo Lula foram de fortes turbulências para a Bolsa de Valores brasileira

O que fez a Bolsa subir ou cair nos primeiros 100 dias do governo Lula
Saiba quais foram os fatos que deram o tom para o Ibovespa. Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
O que este conteúdo fez por você?
  • As incertezas sobre as políticas econômicas do novo governo foram uma das principais causas das instabilidades
  • O rombo fiscal das Americanas afetou a confiança dos investidores na bolsa
  • Tensões globais em torno de juros altos e inflação descontrolada, bem como a quebra de bancos, também trouxeram prejuízos

Os 100 primeiros dias do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foram de fortes turbulências para a Bolsa de Valores brasileira, que acumulou baixa de 8,17% no período. As instabilidades vieram de diversas frentes, incluindo as incertezas sobre as políticas do novo governo, o rombo fiscal das Americanas, a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% e o temor global pela quebra de bancos no exterior.

Em janeiro, sobraram motivos de preocupação. O primeiro pregão do ano começou com reações negativas ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que criticou a regra do teto de gastos. Na semana seguinte, dois eventos desestabilizaram ainda mais os investidores: a invasão e depredação à sede dos três poderes, em Brasília, e a descoberta do rombo bilionário das Americanas.

Os demais meses foram marcados principalmente pela tensão global em torno dos juros altos e inflação ainda descontrolada. As preocupações foram ampliadas com a quebra de bancos como o Silicon Valley Bank (SVB), nos Estados Unidos, e pouco depois a crise que levou o banco suíço Credit Suisse a ser vendido às pressas.

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No cenário doméstico, outro fator de peso foi a falta de informações sobre as propostas do governo para o novo arcabouço fiscal. A expectativa pelas regras movimentaram o Ibovespa em diversos pregões, somando-se a outros fatores para ganhos ou perdas da bolsa a depender de notícias sobre quando o Executivo faria a publicação.

Confira em detalhe quais foram os momentos de maiores movimentações no período:

2 de janeiro – Mercado reage mal ao início do governo Lula

O primeiro pregão do ano de 2023 repercutiu o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao assumir o comando do Palácio do Planalto pela terceira vez, ele voltou a criticar a regra do teto de gastos e prometeu revogá-la, ainda que tenha rejeitado fazer qualquer “gastança” e tenha prometido um governo responsável. Isso fez com que as quedas fossem de 3,06% no dia 2 e de 2,08% no dia 3. No entanto, o Ibovespa voltou a ter um comportamento positivo a partir do dia 4, com altas que se sustentaram até o dia 12.

12 de janeiro – O  rombo fiscal nas Americanas

Em uma semana já tensionada pela invasão e depredação à sede dos três poderes, em Brasília, um rombo de R$ 20 bilhões nas Americanas é deflagrado no mercado. O caso impactou o índice por vários dias, com baixas consecutivas na bolsa.

O escândalo da Americanas deixou um rastro de dívidas e destruição no sistema financeiro. Além da derrocada nas ações, o patrimônio de muitos investidores virou pó, fundos amargaram perdas, bancos tiveram balanços impactados e há uma extensa lista de credores vítimas da dívida bilionária. Veja a cobertura completa sobre o caso.

1º de fevereiro – Copom mantém a Selic em 13,75% pela quarta reunião seguida

O Ibovespa foi impactado pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter os juros mais uma vez em 13,75%. O tom mais duro do Banco Central trouxe preocupações sobre a trajetória da taxa Selic, o que aumentou a aversão a risco por parte dos investidores. Os impactos foram severos para o índice entre os dias 1º e 3, com quedas de 1,2%, 1,72% e 1,47%.

9 de fevereiro – Tensão aumenta diante da possibilidade de revisão da meta de inflação

Enquanto o mercado ainda digeria a manutenção da Selic, a notícia de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliava alterar a meta de inflação de 3,25% para 3,50%, em 2023, resultou em aumento da tensão. No entanto, a queda foi pontual, de 1,77%, com a retomada de patamar positivo já no dia seguinte.

22 de fevereiro – Mercado se frustra com expectativa de aumento de juros e inflação global

O índice foi impactado pela piora do apetite ao risco verificado no exterior, motivada pela frustração em relação ao controle da inflação nas principais economias do mundo. Os dados inflacionários mostravam que as taxas de juros poderiam ser ajustadas a níveis mais altos. A ata do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) pressionou esse cenário de juros altos, dado o posicionamento mais duro no documento. No mês, o Ibovespa caiu 5,54%.

2 de março – Em dia morno, mercado reage a falas do governo sobre BC

Apesar da tranquilidade do mercado no início de março, uma fala do presidente Lula ajudou o Ibovespa a ter forte queda no dia 2, quando o índice recuou 1,1%. Na ocasião, em mais um episódio de críticas, o presidente disse que o País não poderia ficar refém do chefe do BC. As declarações ocorreram após a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) acumulado de 2,9% em 2022.

10 de março – Quebra do Silicon Valley Bank

A maior sequência de quedas do índice neste ano teve relação direta com o temor de uma crise bancária global. Isso se deu após a quebra de dois bancos nos Estados Unidos, entre eles o Silicon Valey Bannk. No total foram cinco dias com quedas entre 9 e 15 de março, com baixas de 1,38%, 1,38%, 0,48%, 0,18% e 0,25%.

16 de março – Crise do Credit Suisse fica insustentável

Ampliando os temores de crise bancária global, a instabilidade que acompanhava o Credit Suisse desde 2021 fica insustentável e o banco precisa ser vendido às pressas. As reações imediatas foram mistas para a bolsa do Brasil. O Ibovespa chegou a subir 0,74% no dia do anúncio da quebra do banco, em movimento de ajuste da semana anterior de forte queda, mas acabou ampliando as perdas nos dias seguintes, com quedas de 1,4% e 1,04% nos dias 17 e 20.

22 de março – Copom mantém a Selic em 13,75% pela quinta vez

O Copom decidiu manter a taxa Selic em 13,75%, mesmo com as pressões políticas para redução de juros. Além disso, a autoridade monetária sinalizou que pode até mesmo elevar a taxa, se necessário, o que fez o presidente Lula engrossar o tom contra Roberto Campos Neto, chefe do BC. Com isso, a baixa também teve relação com os embates entre o governo e o Banco Central. As quedas foram de 0,77% e 2,29% nos dias 22 e 23.

30 de março – Haddad apresenta o novo arcabouço fiscal

Após semanas de espera, o mercado conferiu as linhas gerais da proposta de novo arcabouço fiscal do governo federal. No dia do anúncio, feito no dia 30, a alta foi de 1,89% na Bolsa. No pregão seguinte, porém, o índice voltou a fechar em baixa diante do início das análises mais detalhadas do mercado sobre a proposta, que ainda está em avaliação e não foi apresentada oficialmente ao Congresso.

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