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Ibovespa vai voltar ao patamar dos 120 mil pontos neste ano?

Especialistas veem índice em alta, mas sem alcançar o recorde pré-crise. Entenda

Painel na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. Foto: Gabriela Biló/Estadão
  • Mesmo com grande valorização recente, Ibovespa continua com desvalorização de 17,43% ante ao seu patamar mais alto durante a crise
  • Segundo especialistas, a perspectiva para o resto do ano é positivo para o índice, porém ele não deve voltar ao nível pré-crise
  • Saldo negativo de investimento estrangeiro impede o Ibovespa de ultrapassar a marca dos 120 mil pontos

Após superar a marca dos 100 mil pontos na sexta-feira (10), o Ibovespa frustrou os investidores que pensaram que o principal índice da B3 engataria altas seguidas até seu recorde nominal de pontuação. Na segunda-feira (13), o indicador fechou em queda de 1,33%, aos 98.697 mil pontos, ficando mais distante dos 119.527 mil pontos, alcançado em 23 de janeiro deste ano.

Desde que o Ibovespa atingiu seu patamar mais baixo, em 23 de março, aos 63.569 mil pontos, a recuperação foi de 56%. Os especialistas consultados pelo E-Investidor comentam que o índice vem em uma curva de crescimento devido à melhora da perspectiva em relação ao coronavírus (possibilidade do surgimento de uma vacina) e da reabertura das economias.

Para alcançar o seu recorde, próximo dos 120 mil pontos, o Ibovespa precisa acumular mais 17,43% de alta. Mas, para saber se o índice ainda tem força para zerar suas perdas no ano e acumular novos recordes ainda neste ano, é preciso entender se o Ibovespa deve voltar ou não ao patamar pré-crise é necessário compreender o que causou a grande valorização do índice até aqui.

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“O mercado antecipa muito e o cenário atual de 100 mil pontos já está precificando a economia com uma projeção melhor do que no começo da crise”, diz José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.

Os dados de mortes pela covid-19 e a reabertura das economias indicam que a crise passará mais rápido do que era previsto e a Bolsa acaba refletindo esse comportamento. “O mercado financeiro olha a longo prazo e já está antecipando e precificando o movimento de retomada”, afirma João Beck, sócio da BRA.

Tendência é positiva, mas Ibovespa não deve voltar aos 120 mil pontos

Neste contexto, os especialistas afirmam que é inegável a tendência positiva para o Ibovespa no segundo semestre. Flavio Rietmann, CFO da Veritas Capital, explica que isso acontece, pois, além desses fatores, a taxa de juros está muito baixa e ela deve se manter assim por mais tempo. “O efeito disso é a maior migração da renda fixa para variável buscando maiores rentabilidade. O que faz a bolsa crescer cada vez mais”, diz ele.

Cataldo concorda com essa visão, mas alerta que a volatilidade ainda não acabou. “Pode acontecer de alguns momentos de estresse e ele voltar a cair, mas em geral o Ibovespa deve subir com o cenário atual”, afirma o head de research da Ágora.

João Beck, da BRA, além de enxergar o momento atual como positivo para o Ibovespa a longo prazo, afirma que ele deve continuar se valorizando rapidamente no curto prazo até encontrar o próximo ponto de resistência. “Depois que rompemos a resistência dos 97.690 pontos, devemos ter uma boa aceleração até os 108 mil pontos antes de frear um pouco o crescimento”.

Apesar disso, mesmo com a tendência positiva para o índice, os especialistas acreditam que dificilmente o Ibovespa deve voltar ao patamar dos 120 mil pontos. Mesmo com o cenário favorável, as incertezas ainda são grandes. “Ainda estamos em julho e pode acontecer muita coisa ainda neste ano”, diz Cataldo.

Por isso, atenção. A tendência para o Ibovespa é positiva para o ano e os especialistas acreditam que ele deve continuar se valorizando, mas o momento ainda não está livre de todas as dúvidas.

“O Ibovespa vai terminar o ano acima dos 100 mil pontos. É difícil ele chegar ao nível pré-crise ainda neste ano, mas é mais provável ele chegar ao patamar de 120 mil pontos do que volte para 80 mil no final do ano”, diz Rietmann, da Veritas.

O que é necessário para o Ibovespa superar os 120 mil pontos?

Para o Ibovespa voltar ao patamar pré-crise e superá-lo, os especialistas apontam a volta do investidor estrangeiro para a bolsa brasileira como um ponto crucial. “Se tudo convergir para um cenário mais calmo e o investidor estrangeiro voltar a acreditar no brasil, a bolsa vai buscar novos patamares”, explica Rietmann.

Com isso, Cataldo comenta que o saldo de investimento deles ainda é muito negativo no ano. Assim, dificilmente ele será revertido até o final do ano e por isso o Ibovespa não deve romper os 120 mil pontos até o final de 2020. “Por isso ainda é cedo para dizer que vamos zerar as perdas do Ibovespa ainda neste ano”.

Em julho, a bolsa apresenta um saldo negativo de R$ 4,13 bilhões em recursos estrangeiros, resultado de R$ 76,29 bi em compras e R$ 80,421 bi em vendas. No acumulado de 2020, o saldo é negativo em R$ 80,635 bi.

Apesar disso, junho foi o primeiro mês de ano que o saldo de investimento estrangeiro foi positivo e especialistas acreditam que esse movimento pode se repetir nos próximos meses.

Assim, é necessário que as perspectivas do País fiquem ainda melhores para os investidores estrangeiros voltarem e alavancarem o Ibovespa. “Com o investidor estrangeiro voltando a bolsa vai atingir patamares recordes”, diz Rietmann, da Veritas.

Como o investidor local deve olhar esse cenário?

Segundo os especialistas, mesmo com a perspectiva de que a bolsa brasileira não deve se valorizar muito mais até o final do ano, as melhores oportunidade para os investidores estão no mercado de ações. “Com a taxa de juros atual, o caminho continua a renda variável para quem busca melhor rentabilidade no longo prazo”, diz Beck, da BRA.

Rietmann ressalta que no cenário atual da Selic, o juros real é muito baixo e dependendo do prazo, pode até ser negativo. “Tendo como perspectiva que a taxa de juros deve se manter assim por mais tempo, os melhores prêmios continuam na bolsa”, diz ele.

Assim, eles recomendam que os investidores busquem empresas sólidas e com bons projetos para o futuro. “Ele deve olhar a longo prazo e escolher as empresas mais fortes do mercado”, afirma Beck.

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