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Mercado

Como a saída de Biden vai mexer com Bolsa, juros e dólar no Brasil?

Analistas dizem que desistência do candidato Democrata é neutra para o mercado brasileiro

Como a saída de Biden vai mexer com Bolsa, juros e dólar no Brasil?
Joe Biden, atual presidente dos EUA, desiste de sua reeleição. (Foto: Agência Brasil)
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  • Analistas apontam que questões ficais brasileiras tendem a ter um impacto maior que a política americana
  • Especialistas apontam que Donald Trump e o potencial candidato Democrata terão pontos positivos e negativos para o mercado brasileiro
  • Estimativas para o dólar é de que a moeda deve ficar entre R$ 5,55 e R$ 5,65 no curto prazo

O presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, desistiu de continuar na corrida à Casa Branca neste domingo (21). A decisão foi tomada após forte pressão da sociedade, tanto por meio da imprensa com editoriais pedindo sua renúncia à reeleição quanto pela perda de apoio de líderes do seu próprio partido, como o de Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Deputados dos EUA e uma figura proeminente no Partido Democrata. Mas, afinal, o que essa mudança pode significar para o investidor brasileiro? A saída de Biden da corrida à Casa Branca pode afetar a Bolsa de Valores, os juros e o dólar no Brasil?

Segundo os analistas, os impactos dessa decisão sobre o dólar são praticamente nulos. Enrico Cozzolino, sócio e head da Levante Investimentos, argumenta que a moeda americana não deve sofrer grandes flutuações em relação ao real. “A desistência de Biden já estava precificada pelo mercado e apenas se confirmou”, explica.

Para Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, o dólar pode apresentar grandes flutuações no mercado nesta segunda-feira, mas isso terá mais influência do relatório Bimestral de Receitas e Despesas, que pode oferecer mais clareza sobre o contingenciamento de gastos, do que pela desistência do presidente americano.

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Assim, o especialista afirma que as questões fiscais internas do Brasil é que devem ditar o ritmo do dólar ao longo da semana. “Vejo o dólar à vista no curto prazo entre R$ 5,55 e R$ 5,65. Se as perspectivas fiscais melhorarem, poderia voltar para a faixa dos R$ 5,30 e R$ 5,40”, diz Corleta.

Como a Bolsa de Valores Brasileira será impactada com a saída de Biden?

Na visão dos analistas, os impactos na Bolsa de Valores no Brasil também serão limitados. Enrico Cozzolino, da Levante, explica que o mercado já considerava como quase certa uma vitória de curto prazo de Donald Trump. Portanto, ele acredita que a desistência de Biden pode trazer volatilidade de curto prazo para o Ibovespa, mas que ainda é neutra, pois o mercado continua precificando uma vitória de Trump. “Para os Democratas, a mudança pode representar uma esperança, já que Biden teve um desempenho ruim no primeiro debate”, observa.

Mesmo que a mudança não tenha impacto imediato devido à precificação atual de uma vitória de Trump, os especialistas explicam as expectativas em relação a cada candidato vencedor. Vladimir Feijó, analista político e professor de relações internacionais da Faculdade Arnaldo Janssen, destaca que uma vitória de cada candidato terá impactos diferentes para o Brasil.

Ele lembra que, dado o cenário atual de uma possível vitória de Trump, o mercado está precificando potenciais dificuldades nas relações entre Brasil e EUA, devido às políticas mais protecionistas de Trump. Feijó comenta que durante seu mandato anterior, o ex-presidente americano impôs tarifas ao alumínio brasileiro.

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Em outubro de 2020, Trump taxou as importações de alumínio de 18 países, incluindo o Brasil, resultando em tarifas pagas na época em torno de US$ 2 bilhões. “Essas medidas nos prejudicam e podem afetar as empresas brasileiras após a vitória de Trump”, comenta Feijó. Já no caso de uma vitória Democrata, o especialista comenta que o Brasil também não deve esperar benefícios significativos, pois a manutenção dos Democratas implica apoio à continuação da guerra na Ucrânia, um conflito responsável pela inflação global em alta.

Assim, com o conflito em curso, espera-se que o mundo continue sob pressão inflacionária, o que pode impedir a redução das taxas de juros, impactando a Bolsa de Valores brasileira. “Independentemente do vencedor da eleição, o Brasil enfrenta fatores de risco. Portanto, vejo a questão de forma neutra. O único problema seria uma relação diplomática insatisfatória com os EUA, o que seria prejudicial”, esclarece Feijó.

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Enrico Cozzolino, da Levante, argumenta que o Brasil deve manter uma diplomacia neutra e evitar conflitos, independentemente de quem seja eleito nos EUA. “Países emergentes que adotam essa postura geralmente se saem bem. O ideal para o Brasil é manter uma relação multilateral em seus negócios internacionais, negociando tanto com a China quanto com os EUA. Devemos buscar fazer negócios sem depender de um candidato específico A ou B”, diz ele.

Por outro lado, Felipe Corleta acredita que a desistência de Biden pode trazer um certo alívio para o mercado brasileiro, embora seja pequeno. Essa expectativa ocorre porque Trump é protecionista, enquanto um potencial candidato Democrata tende a não impor barreiras protecionistas e adotar uma política econômica externa mais liberal, o que auxiliaria o comércio com o Brasil pela redução das taxas.

Como a saída de Biden pode afetar os juros?

Em relação às taxas de juros, os especialistas comentam que a renúncia de Biden deve causar uma leve estabilidade nos mercados devido à precificação atual que ainda aponta para uma vitória de Trump. Cozzolino menciona que as questões macroeconômicas internas do Brasil, como o quadro fiscal, são muito mais relevantes para o mercado do que a eleição americana.

Ele também sugere que os EUA podem reduzir as taxas de juros na reunião do Federal Reserve em setembro, o que poderia atrair capital para o Brasil devido à diferença nos juros pagos pelos EUA. Isso poderia também aliviar os juros brasileiros se as questões fiscais forem resolvidas, permitindo ao Banco Central do Brasil reduzir as taxas.

Os especialistas enfatizam que essa possibilidade é apenas uma estimativa e que é improvável que a desistência de Joe Biden à presidência dos EUA tenha um impacto direto nas taxas de juros brasileiras. “A desistência é marginalmente positiva para os mercados emergentes, mas Trump continua como favorito. Portanto, os títulos de renda fixa no Brasil devem permanecer estáveis em relação a isso. O impacto de hoje será impulsionado pelo relatório bimestral de Receitas e Despesas”, conclui Corleta.

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