- Com a mudança, os empresário Jorge Paulo Lemman, Beto Sicupira e Marcel Telles ficaram com apenas 29% das ações da varejista
- A incorporação das bases acionárias tem como objetivo de melhorar a governança da companhia. A medida agradou o mercado e as ações fecharam em alta nesta quarta-feira (3)
- Apesar de a notícia ter sido positiva para os investidores, alguns analistas são cautelosos em suas recomendações. A orientação é que avaliem os desdobramentos da fusão
A Americanas S.A anunciou nesta quarta-feira (3) a sua reestruturação societária com a consolidação das bases acionárias das Lojas Americanas (LAME3/4) e Americanas (AMER3) em uma única companhia listada na B3. Com a mudança, os investidores e empresários Jorge Paulo Lemman, Beto Sicupira e Marcel Telles deixam de ser os controladores e passam a ter domínio de 29% das ações da varejista. A notícia animou o mercado, fazendo com que os papéis LAME4 tivessem a maior alta do dia. Mas a avaliação dos analistas é de cautela para a compra das ações.
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De acordo com o comunicado, na prática, a incorporação será realizada por meio da distribuição igualitária das ações da AMER3 para os acionistas das Lojas Americanas (LAME3 e LAME4). “Cada ação das Lojas Americanas (ON ou PN) será convertida em 0,1860 da ação AMER3”, informou a empresa em comunicado. Além de tornar a estrutura societária mais simplificada e aumentar a liquidez da AMER3, a mudança eliminou o desconto de holding para os acionistas das Lojas Americanas (LAME3 e LAME4).
Com a notícia, o preço dos papéis ganhou força ao longo desta quarta-feira (3). A AMER3 fechou com uma alta de 6,57%, chegando a R$ 33,27. Já as ações LAME3 e LAME4 encerraram o dia com uma alta de 10,31% e 13,33%, respectivamente. Cada um passa a valer R$ 5,78.
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“Quando anunciaram a primeira reestruturação no início do ano, houve até uma frustração com os termos e com a manutenção dessa estrutura complexa. O movimento de hoje é a consumação de um movimento aguardado há muito tempo”, ressalta Fernando Ferrer, analista da Empiricus. E a expectativa, na visão de Ferrer, é que a integração promova melhorias nas operações das atividades físicas e on-line das Americanas, incluindo melhoria da gestão de estoque, intensificação de uso de data analytics e otimização da experiência do cliente.
Após o processo de incorporação, o plano das Americanas é listar suas ações nos Estados Unidos, seja na bolsa de NYSE (New York Stock Exchange) ou na NASDAQ. Caso a ideia se concretize, Mario Goulart, analista da O2Research, explica que a companhia pode atrair ainda mais investidores. “É lógico que quando uma empresa brasileira lança ações nos Estados Unidos não será a companhia que todo mundo vai atrás, mas ganha visibilidade. A ação pode entrar em algum ETF de mercados emergentes”, explica.
Recomendação
Apesar de a movimentação anunciada nesta quarta-feira (3) ter sido positiva, alguns analistas são cautelosos na recomendação de compra das ações das lojas Americanas. Goulart acredita que o investidor precisa esperar os desdobramentos dessa incorporação para saber se a mudança deve melhorar a governança da varejista, algo esperado pelo mercado.
Além disso, o cenário econômico brasileiro também pode dificultar o crescimento da companhia.”A inflação está pegando. Então, muitas coisas estão sendo sacrificadas. As Americanas atendem mais os (produtos) supérfluos. Então, a pessoa adia a compra de um eletrodoméstico ou celular. É preciso ver como se dará essa integração em termos de sinergia”, justifica Goulart a recomendação neutra.
A XP Investimentos também tem a mesma recomendação para as ações da AMER3 e LAME3/4. Em relatório assinado pelos analistas Thiago Suedt, Gustavo Sendat e Danniela Eiger, a cautela se deve à dinâmica atual do e-commerce. “Possuímos uma visão cautelosa em relação à dinâmica do e-commerce frente ao aumento de competição no setor e deterioração do cenário macroeconômico, que tende a impactar mais fortemente teses ligadas ao consumo e de alto crescimento”, explica.
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Mas a Inside Research acredita que este é o momento ideal para investir na empresa. Um dos motivos se deve ao “amadurecimento” na governança. A casa diz ver de forma positiva uma possível migração de listagem para os Estados Unidos. “Nossa recomendação para ambas ações (LAME4/AMER3) é de compra”, afirma a casa de investimentos.