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Maio chegou, confira os 3 fatores que irão balançar o Ibovespa no mês

Se prepare para maio com os assuntos que os investidores precisarão ficar de olho e as oportunidades do mês

Maio chegou, confira os 3 fatores que irão balançar o Ibovespa no mês
A primeira semana de maio será decisiva. Foto: Envato Elements
O que este conteúdo fez por você?
  • As decisões de juros nos EUA e no Brasil, as discussões relacionadas ao arcabouço fiscal e a divulgação dos balanços financeiros devem apimentar o mês de maio para o Ibovespa
  • “Este mês de maio será de muita volatilidade. Aliás, volatilidade será o nome do jogo”, afirma Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos

O Ibovespa terminou abril em alta de 2,5%, aos 104.431,63 pontos. Grande parte dessa valorização ocorreu na esteira da divulgação de dados de inflação melhores do que o esperado. O pregão de maior valorização do mês ocorreu no dia 11 de abril, data em que o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) de março foi anunciado. Veja as ações que mais se valorizaram em abril

O indicador de inflação veio em 0,71%, abaixo do consenso de 0,77%. Essa novidade agitou os investidores, que anseiam por sinais econômicos que viabilizem cortes na taxa básica de juros da economia, a Selic, que hoje está em 13,75% ao ano – patamar que significa o encarecimento da dívida das companhias, diminuição dos lucros e consequentemente, um Ibovespa, principal índice da Bolsa, mais tímido.

Essa grande expectativa em cima dos juros e da inflação continuará ditando o ritmo em maio, que deve se mostrar desafiador e fazer jus ao bordão “sell in may and go away” (“venda em maio e vá embora”, em tradução livre). A expressão, conhecida entre os investidores e analistas da bolsa, se refere a uma teoria de que o período de novembro a abril geralmente apresenta crescimento do mercado de ações significativamente maior que na média dos outros meses.

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“Este mês de maio será de muita volatilidade. Aliás, volatilidade será o nome do jogo”, afirma Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos. Veja os 3 principais fatores que devem balançar o índice de ações ao longo de maio e as oportunidades de investimento.

Super Quarta

Logo na primeira semana de maio, os dois principais eventos do mês devem ocorrer quase simultaneamente. Na próxima quarta-feira (3), acontece a decisão de juros do Federal Reserve, banco central americano conhecido como “Fed”, e do Banco Central (BC) brasileiro.

“A primeira semana definirá o curso de todo o mês de maio”, afirma Flávio Conde, analista da Levante Ideias de Investimento. A esperança dos mercados é de que o Fed sinalize o fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, o que traria alívio não só para as bolsas americanas, mas globais.

Episódios recentes, como a falência do Silicon Valley Bank (SVB) e outros bancos norte-americanos, acenderam um sinal de alerta em relação aos possíveis efeitos amargos da elevação de juros realizado pelo Fed – entenda todo o caso SVB aqui. Por lá, a taxa de juros está entre 4,75% e 5% ao ano, a maior desde a crise de 2008. A inflação não fica para trás e chegou também a 5% em 12 meses (março de 2021 a março de 2022), um dos maiores patamares em 40 anos.

Apesar das esperanças em relação ao término da subida de juros, não será essa notícia que o investidor receberá do Fed, na visão de Conde, que espera uma elevação de 0,25 ponto percentual. “A autoridade monetária não reportará um fim do aumento de juros porque se sair índices de inflação ruins nos próximos meses ficará amarrado a essa promessa”, diz o analista da Levante. “Isso provavelmente frustrará os investidores, provocando a subida das expectativas para os juros e queda das Bolsas.”

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Flávia Meireles, analista da Ágora Investimentos, tem uma percepção semelhante. “Mesmo com os problemas no sistema bancário americano, estamos firmes na ideia de que o aumento de juros por lá ainda não deu conta de conter o processo inflacionário”, afirmou a especialista, em podcast da corretora sobre a estratégia mensal para maio.

Por aqui, o Banco Central também deve ir na contramão da vontade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e das expectativas de parte do mercado financeiro. “Está todo mundo esperando ou torcendo para que haja sinalizações de cortes de juros, mas na minha visão, também não será dessa vez que isso irá ocorrer”, afirma Conde. O analista espera que a autoridade monetária mantenha os juros em 13,75% ao ano e o discurso cauteloso em relação à inflação, mesmo com os dados recentes positivos.

Isto porque ainda existem muitas incertezas econômicas à frente, principalmente em relação ao novo arcabouço fiscal, regra apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), para substituir o antigo Teto de Gastos –  veja o que pensam os principais analistas do mercado sobre o plano de Haddad.

“O BC não vai passar no comunicado nem na ata a intenção de cortar juros, porque qualquer mudança o mercado vai precificar um corte na reunião seguinte. E o BC não quer isso”, afirma Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos.

Haddad x arcabouço fiscal

Outro ponto que deve ser acompanhado de lupa pelos investidores em maio é o avanço do texto do arcabouço fiscal no Congresso. A nova âncora, que estabelece um limite de crescimento das despesas a 70% do avanço das receitas, com uma banda mínima e máxima de aumento real de gastos entre 0,6% ao ano a 2,5% ao ano e metas de superávit, já dividiu opiniões logo nos primeiros momentos de apresentação.

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A necessidade de aumento da arrecadação para atingir as metas, ou seja, via impostos, é um dos pontos sensíveis da proposta. A falta de punições para o descumprimento dos tetos estipulados também provocou reações negativas. “É preciso ver como o texto irá passar, se o Congresso deve realmente colocar as punições. Toda essa movimentação é muito importante”, afirma Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos.

A Ágora Investimentos acredita em um cenário ainda muito incerto para os ativos de risco e vê o novo arcabouço fiscal como aquém do necessário para diminuir a dívida pública. As consequências podem surgir na forma de juro real relativamente mais alto, assim como uma pressão baixista sobre o crescimento econômico.

“Um ajuste fiscal genuíno, com corte de despesas, não está presente”, afirma a casa, em relatório. “Para qualquer das metas fiscais serem cumpridas serão necessários aumentos de impostos significativos ou corte de gastos tributários. O crescimento da dívida pública deverá caminhar para expandir o nível da dívida bruta do governo”, afirmam os analistas da Ágora.

Por outro lado, há quem veja as estratégias de Haddad para aumentar a arrecadação e garantir o cumprimento do arcabouço como positivas. O ministro pretende “abrir a caixa preta da renúncia fiscal”, ou seja, caçar benefícios tributários de grandes empresas.

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A taxação de fundos exclusivos (aqueles de apenas um único cotista) e dividendos, assim como a revisão do Juros Sobre Capital Próprio (JCP) são iniciativas ventiladas no último mês e consideradas interessantes por Conde, da Levante. “Haddad falou que quer equilíbrio fiscal, mas com justiça social. E eu, ao contrário da maioria do mercado, estou super favorável a ele”, afirma.

“No caso dos fundos exclusivos, é um absurdo a pessoa ficar comprando e vendendo ativos e só pagar imposto de renda quando for tirar o dinheiro do fundo, enquanto você e eu precisamos pagar IR quando fazemos isso. O JCP também é uma coisa antiga, de 1995, criada na época de inflação muito alta. Tem que acabar com isso”, diz Conde.

Balanços corporativos

A maior parte dos balanços referentes ao primeiro trimestre de 2023 deve ser divulgada neste mês de maio, o que deve ditar o tom de alguns papéis. Wellington Lourenço, analista da Ágora Investimentos, espera um baixo desempenho dos lucros na esteira dos juros elevados e do aumento do endividamento das empresas.

“Além disso, vemos riscos de desaceleração econômica. O Produto Interno Bruto (PIB) deve ser bem modesto, cerca de 0,5% neste ano. Então, as condições financeiras permanecem apertadas e o mercado de trabalho começa dar sinais de esfriamento”, afirma Lourenço, em podcast.

Esse cenário adverso faz com que a Ágora Investimentos continue preferindo o posicionamento em ações com viés defensivo, receitas resilientes e que se beneficiam do cenário inflacionário. Seria o caso do segmento de shoppings, cujos aluguéis são atualizados pela inflação, supermercados, que conseguem repassar os preços para o consumidor, e bancos – este último setor vem com um adendo.

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“Estamos mais cautelosos com o setor de bancos pela deterioração da qualidade do crédito, mas é um setor que já passou por períodos de crise de forma resiliente, além de ser a porta de entrada para o investidor estrangeiro”, afirma Meireles, da Ágora.

Conde, da Levante, também vê os bancos como oportunidades, especialmente Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3). Contudo, acredita que os papéis da Vale (VALE3) estão com preços descontados após as quedas de mais de 16% no acumulado do ano.

As discussão sobre uma eventual reestatização da Eletrobras (ELET3) abriu oportunidades não só no próprio papel, que também cai 20% no acumulado de 2023, mas no setor de energia como um todo. “É um setor que o investidor precisa ter na carteira após essas quedas todas”, afirma Conde.

Cruz, da RB Investimentos, espera que os resultados de shoppings, varejo farmacêutico, agronegócio, Itaú e Banco do Brasil surpreendam positivamente. “E claro, qualquer indício do Banco Central sobre os juros beneficiará as varejistas e as imobiliárias”, diz.

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