- Na última segunda-feira (29), o Brazil Jornal informou que a rede de drogarias Panvel, do Sul brasileiro, fará um follow-on nas próximas semanas, com uma oferta de ações que busca captar entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões
- Já a Pague Menos, por meio de fato relevante, solicitou o “registro da oferta pública de distribuição primária e secundária de ações ordinárias (IPO)”
- As movimentações recentes, ainda que a da Panvel não esteja confirmada, indicam que poderá aumentar a concorrência da Raia Drogasil, que já está na B3 e teve queda recente nos seus papéis
A procura de farmácias pelo mercado de ações pode indicar um movimento maior do setor de drogarias em busca da bolsa de valores. A avaliação é de especialistas que acompanham as recentes movimentações de farmácias brasileiras, como a rede cearense Pague Menos, que solicitou na última quinta-feira (25), a sua entrada na B3.
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Na última segunda-feira (29), o Brazil Jornal informou que a rede de drogarias Panvel, do Sul brasileiro, fará um follow-on nas próximas semanas, com uma oferta de ações que busca captar entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões. Com isso, a companhia pretende migrar para o Novo Mercado.
Entre os objetivos da Panvel com esse passo, estaria o investimento na expansão da rede, com a criação de 500 lojas, segundo o Brazil Jornal. Procurada pelo E-investidor, a Panvel respondeu que “não está comentando esta informação”.
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Já a Pague Menos, por meio de fato relevante, solicitou o “registro da oferta pública de distribuição primária e secundária de ações ordinárias (IPO)”. A companhia listou algumas etapas necessárias para o IPO, que serão fixadas pelo seu Conselho de Administração, como a quantidade de ações a serem emitidas na oferta e o preço de venda das ações que será realizada no Brasil e no exterior.
As movimentações recentes, ainda que a da Panvel não esteja confirmada, indicam que poderá aumentar a concorrência da Raia Drogasil, que já está na B3 e teve queda recente nos seus papéis.
“É um momento de consolidação do setor. As empresas vão buscar crescimento e isso vai levar, óbvio, a outras empresas também quererem buscar essa área. A gente poderá ver algumas aquisições, fusões, empresas grandes buscando adquirir menores”, avalia Marcio Loréga, analista da Ativa Investimentos.
O especialista compara a situação à outra também recente: a briga de varejistas por espaço no e-commerce brasileiro. “São duas praticamente brigando ao mesmo tempo. Diferente do varejo, houve primeiro o IPO da Centauro e depois da Via Varejo, agora a gente vai ter praticamente duas coladas. Vamos ver como vai ser o atendimento a essas demandas”, analisa Loréga.
Abertura de capital depende de boa saúde financeira
Simone Pasianotto, economista chefe da Reag Investimentos, também observa o movimento das farmácias e destaca que, para se chegar a esse ponto, é necessário que as companhias estejam em um patamar de maturidade nos seus indicadores de saúde financeira e de governança.
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“Para fazer um follow-on ou um IPO, precisa realmente ter uma saúde financeira. E é o que a gente está vendo. São redes mais robustas, que mostram alguma maturação de governança corporativa que as permitem ir ao mercado”.
Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV-EAES, lembra que essa “onda” de abertura de capitais de farmácias também se deve ao setor ser “fragmentado” no País.
“É um segmento que tem bastante espaço para consolidação. Quando faz um IPO, um ponto importante é conseguir colocar esses títulos no mercado, ter atratividade por parte de investidores. E dentro deste cenário atual, talvez seja um dos pouco setores hoje em dia que consegue, em uma rodada de apresentações para investidores, ter um certo grau de atratividade”, acredita Claudia.
Em relação à pandemia, a economista chefe da Reag Investimentos avalia que a crise mostrou a importância do setor e seu potencial atrativo na captação de recursos, uma vez que oferece menos risco “macro-pandêmico” aos investidores.
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“Por pior que seja a pandemia, é um segmento que vai continuar funcionando, enquanto setores mais sensíveis, como serviços ou alimentação, vão ficar muito susceptíveis agora no curto e no médio prazo às determinações de isolamento social por conta de novos surtos da covid-19”, diz Simone.