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- Para Ricardo França, o real é a moeda mais penalizada em relação a vários pares, justamente porque o investidor precifica um quadro muito adverso relacionado ao cenário fiscal
- Segundo estimativas dos especialistas, o dólar pode ficar entre R$ 4,80 e R$ 5,60 ao longo do ano
- O pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão nos Estados Unidos, proposto por Joe Biden, é um dos motivos que reforçam o enfraquecimento do dólar
O dólar entrou em 2021 engatado em um movimento de alta. Cotado a R$ 5,31, até às 11h desta quarta-feira (20), o preço da moeda tem vivido um momento de grande flutuação no mercado, refém dos avanços da pandemia de coronavírus, a entrada de um novo governo nos Estados Unidos e da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que definirá o futuro da taxa básica de juros no Brasil, a Selic, no final do dia.
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Em enquete realizada no Twitter do E-Investidor, os leitores sinalizaram dúvidas sobre a cotação do dólar até o fim do ano. Veja a análise e projeção para a moeda norte-americana, segundo 5 especialistas:
Anderson Meneses – Alkin Research
- Estimativa – R$4,95 – R$ 5,05
A nossa estimativa considera a alta da inflação nos EUA, principalmente com o pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão, proposto pelo novo presidente, Joe Biden. Caso esse incentivo se concretize, será um gatilho para enfraquecer a moeda. Em contrapartida, Janet Yellen, nova secretária do Tesouro, já deu declarações dizendo que não quer saber de dólar fraco, o que pode fazer com que a moeda não deprecie tanto.
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Olhando para o Brasil, as maiores preocupações são a respeito ao teto de gastos e a aprovação de reformas, que caso sejam realizadas, terão impactos positivos no dólar, baixando seu preço.
Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos
- Estimativa – R$ 5,40 – R$ 5,60
O dólar é, provavelmente, a variável mais difícil de se projetar para esse ano. Se a economia evoluir com a vacinação e com as reformas voltando, podemos ver a moeda em torno de R$ 5. Todavia, se não evoluir bem, a chance de um câmbio em torno de R$ 6 é grande.
As maiores preocupações são a pandemia e a questão fiscal. Se a vacinação prosperar, for eficaz rapidamente e a agenda de reformas for resgatada, o cenário positivo deve prevalecer. Com isso, o PIB poderia saltar para 3%. Do contrário, a pressão por novos auxílios pode forçar o rompimento do teto dos gastos, o que vai trazer muita incerteza e, consequentemente, os investidores vão penalizar o País.
Outro ponto é a dúvida sobre como será a política externa do Biden em relação à China. Vamos manter a tal guerra comercial ou será tudo mais leve? Todos esses pontos podem afetar a recuperação da economia global e a força (ou não) do dólar no mercado internacional, que tende a se desvalorizar.
Álvaro Frasson, economista do BTG Pactual Digital
- Estimativa – R$ 4,90
Nossa estimativa é baseada no cenário de liquidez global permanente, que irá se manter por conta da onda democrata. Vemos um discurso muito alinhado entre a Janet Yellen e Jerome Powell. Por conta disso, temos um cenário fiscal mais intenso do que seria no caso de um senado mais republicano.
Fora isso, Powell já sinalizou que, mesmo com um pacote de estímulos mais robusto, não pretende tirar nenhum incentivo de curto prazo para a política monetária. Com um cronograma de vacinação bem realizado ao redor do mundo, teremos uma volta da atividade econômica, principalmente dos serviços. Caso o Federal Reserve (FED) não retire os estímulos, os países emergentes serão beneficiados, pois a prática enfraquece o dólar.
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Do lado do real, por mais que tenhamos um cenário positivo em termos de valorização das moedas emergentes, precisamos que a liquidez global escoe para o nosso país. Entretanto, para que esse dinheiro internacional chegue no Brasil, é preciso algumas sinalizações mais assertivas, tanto para o cronograma de vacinação a ser cumprido, quanto para que a agenda de reformas prevaleça em 2021.
Victor Beyruti, economista da Guide
- Estimativa – R$ 4,80
Nossa visão pode parecer um pouco otimista em um primeiro momento, mas é porque temos expectativa da aprovação de um orçamento abaixo do teto de gastos. Além do avanço de algumas pautas para sustentar o benefício da dúvida que o mercado tem dado para o governo com relação às contas externas, que seria uma PEC emergencial, porque sem isso em 2022 nós não teremos teto.
Além disso, nós continuamos a ver o dólar mais fraco no exterior, tanto por conta do FED, que não para de reforçar a política monetária ultra-acomodatista pelo menos até 2023, segundo a projeção da própria instituição. Temos também a questão dos pacotes de estímulos de US$1,9 trilhão, que devem contribuir para um dólar mais fraco em 2021.
Outro aspecto interno é que, na nossa opinião, haverá o aperto da política monetária a partir do segundo semestre, com o Banco Central (BC) voltando a subir a Selic, o que acaba aliviando um pouco a nossa moeda.
Ricardo França, da Ágora Investimentos
- Estimativa – na faixa dos R$5
A nossa projeção vai de encontro com as feitas pelo boletim Focus do Banco Central. Do lado global, nós temos uma melhora da expectativa em relação à pandemia, com o avanço da vacinação e a esperança de uma redução no número de casos. Isso, por si só, já reduz a percepção de risco e acaba tirando força do dólar frente aos principais pares, já que o dólar é uma moeda que os investidores buscam em períodos de incerteza.
Internamente falando, o principal ponto que ajudaria o fortalecimento do real é uma agenda mais positiva relacionada à pauta fiscal, com algumas aprovações no congresso, melhora nas expectativas na economia de médio a longo prazo.
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Outro ponto interno que pode ajudar no fortalecimento da nossa moeda nacional é a provável alta da Selic ao longo do ano. Se o Copom caminha realmente para uma alta de juros em 2021, isso eleva o interesse dos investidores, principalmente em ativos de renda fixa.