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Não tire Petrobras da carteira: entenda por que as ações podem ser as melhores do Ibovespa

Mesmo com as recentes polêmicas, petroleira mostra fatores que atraem o investidor; analistas explicam os motivos

Não tire Petrobras da carteira: entenda por que as ações podem ser as melhores do Ibovespa
A Petrobras é uma das companhias mais importantes da bolsa de valores (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
  • Levantamento da Rocha Opções de Investimentos identificou qual ação do Ibovespa entrega atualmente ao investidor o maior lucro e o maior desconto
  • A análise considerou os múltiplos ROE, DY e o P/L para identificar a ação mais barata e mais lucrativa do Ibovespa
  • O resultado mostrou que as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) entregam ao investidor os melhores múltiplos entre as companhias que compõem o IBOV

Os últimos meses foram turbulentos para a Petrobras (PETR3; PETR4) na Bolsa de Valores em meio às decisões do governo – principal acionista da companhia – que desagradaram o mercado e resultaram em forte volatilidade nas ações ao longo do primeiro semestre de 2024. Apesar das polêmicas, a atratividade das ações da Petrobras parece permanecer intacta. Os múltiplos da empresa ajudam a torná-la como uma das melhores opções de investimento do Ibovespa.

Um levantamento realizado por Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos, conseguiu identificar qual ação do principal índice da B3 entrega atualmente ao investidor o maior lucro e o maior desconto (ou seja, abaixo do seu valor considerado ideal pelo mercado) entre as 81 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa.

Para chegar neste resultado, o analista observou os seguintes múltiplos: retorno sobre Patrimônio (ROE – sigla em inglês), dividend yield (DY) e preço sobre lucro (P/L). Com esse filtro, as ações da Petrobras (PETR3/PETR4) apresentaram os melhores resultados entre todos os papéis listados do Ibovespa e o segundo melhor entre as ações listadas na B3.

O principal deles, segundo os dados de Sobreira, corresponde ao ROE da companhia, que permanece no patamar de 27,43%. Na prática, isso significa que a cada R$ 1 investido na companhia o ganho para o investidor chega a R$ 0,27. Já o dividend yield (DY) permanece a 17,99%, cerca de 7,49 pontos porcentuais acima da taxa Selic.

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Já o preço sobre o lucro (P/L) da ação permanece 4,24 x e sinaliza ao investidor que a ação pode estar sendo negociada abaixo do seu valor ideal com base no lucro da empresa e no cenário econômico atual. “Com a Selic a 10,50% ao ano, um bom poder de lucro de uma companhia ao investidor corresponderia a um retorno de 15%. Na prática, isso equivale a um P/L perto de 6,7x. Portanto, qualquer P/L menor do que 7x começa a ser interessante”, explica o analista da Rocha Opções de Investimentos.

Um longo semestre para a Petrobras

As ações da Petrobras (PETR3/PETR4) enfrentam alta volatilidade na bolsa de valores diante da repercussão do embate entre o mercado financeiro e o governo federal, acionista controlador da empresa. Em março, o mercado foi surpreendido com a decisão da Petrobras (PETR3; PETR4) de não distribuir os dividendos extraordinários da companhia.

Na época, o Conselho de Administração da petroleira informou que o montante de R$ 43,9 bilhões seria integralmente destinado para a reserva de remuneração do capital com a finalidade de assegurar recursos para distribuições futuras. A pressão dos investidores sobre a decisão obrigou o governo a voltar atrás. No fim de abril, a Assembleia Geral Ordinária (AGO) da petroleira aprovou o pagamento de 50% dos dividendos extraordinários retidos pela estatal.

A queda de braço não se resumiu apenas a esse episódio. Em maio, uma nova surpresa: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitiu Jean Paul Prates do comando da Petrobras. A saída já era ventilada desde o fim do ano passado e a causa da troca se deve à cobrança por maior velocidade na execução dos projetos anunciados pela empresa, segundo apurou o Broadcast.

Magda Chambriard, indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o posto, herdou o cargo e o desafio de acelerar os investimentos da companhia previstos no plano estratégico sem perder a confiança do mercado financeiro. Com a troca do comando, a Petrobras perdeu R$ 34 bilhões em valor de mercado após as ações cederem mais de 6% no dia 15 de maio, quando os investidores repercutiram a demissão de Prates.

Vale o risco?

A troca da gestão da estatal trouxe dúvidas sobre a capacidade de a companhia sustentar os seus retornos elevados e continuar com a política de distribuição de dividendos. Até o momento, não há sinais efetivos de uma mudança de rota na rentabilidade da companhia, o que sustenta a recomendação de compra de alguns analistas.

Mesmo com a possibilidade de a estatal acelerar os seus projetos de investimentos que podem reduzir o lucro da companhia, Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Rocha Opções de Investimentos, estima que o dividend yield (DY) da petroleira deve ficar próximo de 12% ao ano, patamar já considerado acima da média das empresas brasileiras.

O Bradesco BBI e a Ágora Investimentos também possuem uma perspectiva similar. Embora reconheçam a intenção do governo em aumentar os investimentos da Petrobras, ambos ressaltam que a política de distribuição de dividendos da estatal não deve ser alterada nesta nova gestão. A avaliação está ancorada na resistência que o governo enfrentará caso deseje realizar alguma mudança, sendo uma delas a Lei das Estatais, como mostramos nesta reportagem.

Por essa razão, o banco e a corretora mantêm uma recomendação de compra para o papel com preço-alvo de R$ 47. “Se o nosso diagnóstico acima mencionado estiver correto, as ações poderão se recuperar gradualmente, como em casos anteriores de momentos agitados para a Petrobras”, argumentaram Vicente Falanga, do Bradesco BBI, e Ricardo França, da Ágora Investimentos, durante a demissão de Prates. Já a Genial Investimentos mantém uma recomendação neutra para as ações com um preço-alvo de R$ 47 por preferir esperar ter maior clareza sobre a atuação da nova gestão e os planos para a companhia.

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