- Ebitda ajustado da mineradora ficou alinhado com as expectativas da Genial, mas -6% em relação às projeções da XP
- Aumento no lucro líquido da Vale foi impulsionado por reversão de impairment e ajustes não recorrentes
- Total de dividendos da empresa: US$ 0,37 por ação (R$ 2,09), rendimento anualizado de cerca de 13,5%
A Vale (VALE3) apresentou desempenho considerado misto no balanço do segundo trimestre de 2024, com alguns indicadores que superaram expectativas e outros que ficaram abaixo do esperado, escreveram os analistas financeiros, em relatório, após a divulgação de resultados da mineradora na quinta-feira (25).
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No balanço da Vale relativo ao segundo trimestre deste ano (2T24), a receita líquida consolidada chegou a US$ 9,9 bilhões, um aumento de 15,5% em relação ao trimestre anterior e de 2,5% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo documento da empresa enviado ao mercado. Embora esse crescimento seja notável, conforme os estrategistas, ele ficou um pouco abaixo das expectativas da Genial Investimentos, que projetava US$ 10,2 bilhões.
Os analistas da XP Investimentos Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano reconheceram o crescimento, mas notaram que a leve discrepância não deve impactar negativamente a visão otimista para a empresa. O BTG Pactual também comentou que a receita da Vale foi influenciada por custos elevados e variações nos preços realizados, ressaltando a necessidade da empresa se adaptar a esses desafios.
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O Ebitda da Vale (ajustado), que representa o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, foi de US$ 4 bilhões, um crescimento de 16,1% em relação ao trimestre anterior, mas estável em relação ao ano passado. Esse resultado alinhou-se com as expectativas da Genial, enquanto a XP Investimentos observou uma pequena diferença de -6% em suas projeções.
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O BTG Pactual, por sua vez, apontou que o Ebitda ficou 3% abaixo do esperado, destacando a pressão sobre os custos e variações nos preços. O lucro líquido, por outro lado, foi de US$ 2,8 bilhões, com um aumento de 198% em relação ao ano passado (2T23) e 64,1% em relação ao trimestre anterior (1T24).
Esse crescimento, dizem analistas, foi impulsionado por uma reversão de impairment e ajustes não recorrentes. Um impairment é quando um ativo perde valor e seu valor recuperável é inferior ao valor registrado nos livros contábeis da empresa. A Genial Investimentos viu isso como um fator positivo, enquanto o BTG Pactual ressaltou que esses ajustes podem inflacionar a percepção do resultado real da mineradora.
Já o Safra diz que a reversão de impairment contribuiu de maneira significativa para o aumento no lucro líquido, indicando uma recuperação positiva nas condições dos ativos da empresa. Por sua vez, o analista da Suno, João Daronco, diz que o resultado deve ser avaliado com um tom mais cauteloso, destacando que, apesar do aumento expressivo no lucro, a reversão de impairment pode não refletir uma melhoria real na operação, mas sim um ajuste contábil que pode não ter impacto sustentável no desempenho futuro.
De acordo com a Suno, embora a Vale mostre uma recuperação significativa, o mercado deve acompanhar de perto os próximos trimestres para entender se a empresa conseguirá manter esse nível de desempenho sem depender de ajustes contábeis.
Receita líquida e dividendos da Vale
A Vale também anunciou um dividendo total de aproximadamente US$ 0,37 por ação, equivalente a R$ 2,09 para ações negociadas na B3, o que representa um rendimento anualizado de cerca de 13,5%. O pagamento será feito a partir de 11 de setembro, com a data ex-dividendo marcada para 5 de agosto.
Os estrategistas Igor Guedes, Rafael Chamadoira e Iago Souza, da Genial, consideraram o dividendo atraente e um reflexo positivo da posição financeira da empresa, enquanto a XP Investimentos concordou com a generosidade dos dividendos da Vale, mas sugeriu que os investidores devem observar a sustentabilidade desses pagamentos. O BTG Pactual também viu a remuneração aos acionistas como um ponto positivo, embora recomendasse cautela quanto à continuidade desse nível de distribuição diante de desafios operacionais – saiba mais nesta reportagem.
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No segmento de minério de ferro, a receita líquida dos finos alcançou US$ 67 bilhões, com um crescimento de 27,2% em relação ao trimestre anterior, apesar de uma queda de 25% nos preços realizados em comparação ao ano passado. O BTG Pactual destacou um aumento de 30% nos embarques de finos, mas também identificou custos elevados e prêmios negativos de qualidade como fatores limitantes.
No segmento de pelotas, a receita líquida da Vale atingiu US$ 14 bilhões, apresentando uma queda de 12,1% em relação ao trimestre anterior e 13% em relação ao ano passado. O preço realizado das pelotas caiu, refletindo uma tendência negativa que preocupou os analistas.
O segmento de níquel apresentou uma receita líquida de US$ 879 milhões, um aumento de 5,1% em relação ao trimestre anterior, mas uma queda de 28,1% em relação ao ano passado. O cobre teve um desempenho melhor, com receita de US$ 779 milhões, um crescimento significativo de 21,9% em relação ao trimestre anterior e 44,8% em relação ao ano passado.
A recuperação no preço do níquel foi vista como um sinal positivo pelos analistas da Genial Investimentos, que também destacaram a melhora no cobre como um ponto encorajador. A XP reconheceu a pressão nos preços das pelotas e custos elevados, sugerindo que a Vale pode compensar esses desafios com melhorias na produção e gestão de custos.
Os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG, também destacaram a melhora no cobre e a performance positiva dos finos, mas advertiu sobre a necessidade de gerenciar os custos e margens para sustentar o crescimento.
Custos operacionais, dívida líquida e futuro da Vale
Os custos operacionais da Vale, medidos pelo por unidade de produção ou tempo (C1/t), subiram para US$ 24,9/t, um aumento de 6% em relação ao trimestre anterior. Os analistas da XP observaram a pressão sobre os custos devido a manutenção e atividades de alto custo, enquanto o BTG relatou uma leve redução para US$ 22/t em junho, sugerindo uma possível melhora no segundo semestre de 2024. O capital de investimento (Capex) da Vale foi de US$ 1,2 bilhão, um aumento de 27,2% em relação ao ano passado.
A dívida líquida proforma da Vale foi reduzida para US$ 1,6 bilhão, e o caixa final do trimestre foi de US$ 10,7 bilhões, um aumento em relação ao trimestre anterior. Analistas da Genial veem o aumento do Capex como um sinal de investimento no crescimento futuro, apesar dos custos elevados no curto prazo.
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A XP aprecia a redução da dívida líquida e o aumento do caixa da Vale, mas recomenda observar de perto o impacto dos custos e do Capex (investimentos produtivos). O BTG Pactual vê a redução da dívida líquida como positiva, mas sugere que a Vale deve gerenciar cuidadosamente o aumento dos custos e do Capex para manter a sustentabilidade financeira.
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Para o futuro, a Vale mantém sua orientação de unidade de produção ou tempo para este ano entre US$ 21,5 e US$ 23,0/t, o que sugere uma expectativa de melhoria na segunda metade do ano. A Genial e a XP destacam que, apesar dos desafios, a Vale continua com um bom potencial de crescimento. O BTG e o Safra também acreditam que a empresa pode melhorar seu desempenho, mas precisam enfrentar os desafios operacionais e de custo para sustentar o crescimento.
Quem recomenda comprar as ações da Vale e por quê?
- Os analistas da XP Investimentos têm uma visão positiva sobre a Vale, destacando que a empresa está bem posicionada para se beneficiar da recuperação da demanda por minério de ferro, especialmente da China, que continua sendo um dos maiores consumidores globais. Eles apontam que a Vale tem implementado estratégias eficazes de redução de custos e manutenção de sua posição competitiva no mercado. A XP recomenda a compra das ações da Vale, destacando um potencial de valorização no médio e longo prazo.
- A análise da Genial também é favorável às ações da Vale. Os estrategistas destacam a sólida estrutura financeira da empresa e sua capacidade de gerar fluxo de caixa acima do esperado, mesmo em um cenário de volatilidade de preços das commodities. A Genial acredita que a Vale está bem posicionada para aproveitar qualquer aumento na demanda global por minério de ferro, especialmente devido ao seu portfólio diversificado e operações eficientes. A recomendação da Genial sobre as ações da Vale é de compra, com uma perspectiva positiva para os próximos meses.
- O BTG Pactual cita o forte balanço patrimonial da empresa e suas estratégias bem-sucedidas de redução de custos. Os analistas do BTG veem um potencial de crescimento impulsionado pela recuperação dos preços das commodities e pela eficiência operacional contínua da Vale. O BTG recomenda a compra das ações da Vale, ressaltando que a empresa pode oferecer retornos atraentes para os investidores dispostos a assumir um risco moderado.
- Os analistas do Safra, Ricardo Monegaglia e Conrado Vegner, dizem ser cautelosos, mas ainda veem valor nas ações da Vale. Eles reconhecem que os resultados financeiros e a estratégia de redução de custos da empresa foram acima da expectativa, mas expressam preocupação com a volatilidade dos preços das commodities e possíveis desafios regulatórios. A recomendação do Safra para as ações da Vale é de compra, mas com uma observação cuidadosa das condições de mercado e dos desenvolvimentos regulatórios que podem impactar a empresa.
- A Suno Research também recomenda a compra das ações da Vale. Os analistas destacam a posição competitiva da empresa e sua capacidade de gerar lucros sustentáveis. Para a consultoria, a Vale está bem posicionada para se beneficiar da recuperação econômica global e da demanda contínua por minério de ferro. A recomendação é baseada em uma visão positiva sobre o potencial de crescimento da empresa no cenário atual de mercado.
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