Negócios

A ‘timeline’ do 1 ano da fraude nas Americanas (AMER3); relembre os fatos

Fraude na varejista foi comunicada ao mercado no dia 11 de janeiro de 2023; de lá para cá, as ações derreteram

A ‘timeline’ do 1 ano da fraude nas Americanas (AMER3); relembre os fatos
Fraude na Americanas completa 1 ano nesta quinta-feira (11). Crédito: Felipe Rau/Estadão

A fraude de R$ 43 bilhões na Americanas (AMER3), que levou a varejista a uma recuperação judicial, e o mercado brasileiro a uma avalanche em 2023, completa um ano nesta quinta-feira (11). As “inconsistências contábeis” encontradas na companhia fizeram as ações derreterem 92,75% na Bolsa, com uma queda de R$ 10 bilhões em valor de mercado.

12 meses depois do ocorrido, nenhum envolvido foi punido. A companhia, no entanto, agora enfrenta o ceticismo do mercado e vê suas ações serem “abandonadas” por analistas, gestores e investidores institucionais. Traçamos esse panorama completo nesta outra reportagem.

Relembre a cronologia dos acontecimentos:

11 de janeiro de 2023

A companhia comunica ao mercado, via fato relevante, a descoberta de “inconsistências contábeis” na casa de R$ 20 bilhões. A notícia veio acompanhada dos pedidos de demissão de Sérgio Rial e André Covre, CEO e CFO da companhia, que tinham assumido o cargo logo antes, no dia 1 de janeiro.

12 de janeiro

No primeiro pregão após a divulgação do fato relevante, as ações da Americanas cedem 77,33%, saindo de R$ 12 para R$ 2,72. Naquele dia, a varejista perdeu R$ 8,37 bilhões em valor de mercado.

13 de janeiro

A Americanas vai à Justiça solicitar uma “medida de tutela de urgência cautelar”, declarando que as dívidas não eram de R$ 20 bilhões como anteriormente anunciado, mas de R$ 40 bi. A medida suspendia a possibilidade de um bloqueio, sequestro ou penhora de bens da empresa, assim como adiava a obrigação de pagamento de dívidas até que um pedido de recuperação judicial seja feito.

17 de janeiro

A Americanas anuncia a contratação de Camille Loyo Faria como nova CFO (Diretora Financeira) e DRI (Diretora de Relações com Investidores) da empresa. Na Oi (OIBR3), a executiva atuou na elaboração e aprovação do plano de recuperação judicial da empresa.

19 de janeiro

A companhia entrou com o pedido de recuperação judicial na Quarta Vara Empresarial do Rio de Janeiro, declarando dívidas na casa de R$ 43 bilhões. Leia o texto do pedido de recuperação judicial na íntegra.

20 de janeiro

Em reação ao pedido de recuperação judicial, a AMER3 bate os R$ 0,79 na Bolsa, deixando a composição da carteira teórica do Ibovespa.

17 de maio

A Câmara de Deputados instala uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as inconsistências contábeis na Americanas.

13 de junho

A Americanas admite, via fato relevante, a fraude na companhia. Uma investigação conduzida internamente pela empresa apontou que diversos contratos de verba de propaganda cooperada (VPC), que são incentivos comerciais utilizados no varejo, foram artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da varejista.

No total, essa manobra reduziu em R$ 21,7 bilhões a dívida da empresa com fornecedores.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

A investigação interna aponta ainda a participação da antiga diretoria na fraude. Sete pessoas foram identificadas: o ex CEO Miguel Gutierrez, os ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, além dos ex executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.

No mesmo dia, o trio de acionistas de referência da varejista, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, fecham um acordo para ficar sem vender as ações da empresa por três anos. Por causa disso, a AMER3 disparou 12% na Bolsa.

14 de junho

Após a revelação da fraude, a Americanas divulga uma nova lista de credores da companhia e suas subsidiárias JSM Global S.Á.R.L., B2W Digital Lux S.Á.R.L., e ST Importações Ltda., todas em Recuperação Judicial.

21 de julho

No último dia do prazo, o BTG Pactual (BPAC11) e o Santander Brasil (SANB11) apresentaram objeções ao plano de recuperação judicial da Americanas (AMER3), na justiça do Rio de Janeiro.

As defesas dos dois bancos argumentam que o plano não garante a viabilidade das operações da companhia e questionam o valor do aporte proposto pelos três acionistas de referência.

27 de setembro

Chega ao fim a CPI das Americanas, aberta para investigar uma possível fraude na empresa. O relatório final, com 18 votos favoráveis e 8 contrários, foi aprovado sem indicar possíveis culpados pelo rombo contábil da empresa. Na Bolsa, as ações reagiram mal, cedendo 4,17% no pregão.

09 de novembro

A B3 suspende por tempo indeterminado a Americanas (AMER3) da listagem de Novo Mercado, uma listagem de empresas da Bolsa com o mais elevado padrão de governança corporativa. Esta é a primeira vez que uma sanção nesta categoria é aplicada a uma companhia brasileira de capital aberto.

No mesmo dia, a B3 ainda multou 22 membros da Americanas, considerados responsáveis por não demonstração da existência da área de auditoria interna.

17 de novembro

Americanas convoca Assembleia Geral de Credores para o dia 19 de dezembro.

19 de dezembro

Plano de recuperação judicial da companhia é aprovado pelos credores com mais de 90% de apoio. Ficou acordado um aumento de capital total de R$ 24 bilhões. Desses, R$ 12 bi devem vir do trio de acionistas de referência, composto por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira; a outra metade será em conversão da dívida com demais credores, incluindo os bancos, em ações da Americanas.

20 de dezembro

As ações da Americanas sobem 5,56% no pregão, apoiadas na aprovação da RJ.