- Nesta quinta-feira (3), o conflito armado entre Rússia e Ucrânia completa uma semana
- As sanções econômicas impostas à Rússia fizeram com que os cidadãos migrassem para o Bitcoin, em uma tentativa de proteger seus patrimônios da desvalorização do rublo, a moeda russa
- Embora o cenário macroeconômico global não seja positivo para os mercados, com altas na inflação e taxas de juros, e aversão ao risco, os especialistas destacam que o momento atual pode fortalecer as criptomoedas – principalmente quanto à tese de descentralização financeira na qual se baseiam
Nesta quinta-feira (3), o conflito armado entre Rússia e Ucrânia completa uma semana. De lá para cá, a escalada da tensão no Leste europeu afetou os mercado globais com aversão ao risco e temor quanto ao desabastecimento de commodities como petróleo e trigo – produtos que os dois países envolvidos são fortes exportadores.
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No mercado de criptomoedas, porém, o que em um primeiro momento causou desvalorização, logo se reverteu em uma tendência de alta: nos últimos sete dias, o Bitcoin acumula ganhos de 18,19%, chegando ao patamar de US$ 42 mil.
A principal moeda digital do mercado ganhou tração a partir do domingo (27), quando os países do G7 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido – cortaram bancos russos do sistema mundial de comunicação interbancária chamado Swift. Em resposta às sanções dos países ocidentais, a Rússia impôs restrições temporárias às saídas de investidores estrangeiros dos ativos russos.
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As medidas econômicas de ambas as partes fizeram com que os cidadãos russos migrassem para o Bitcoin, em uma tentativa de proteger seus patrimônios da desvalorização do rublo, a moeda russa.
“Nos últimos dois dias, houve uma guinada muito forte do Bitcoin e das criptos, principalmente depois que as sanções foram impostas à Rússia fazendo com que o rublo despencasse. Muita gente atribui isso aos próprios cidadãos russos comprando bastante criptos para se proteger, bem como a Ucrânia passou a aceitar muitas doações em criptos”, explica Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance.
Felipe Veloso, economista e fundador da Cripto Mestre, pontua que as sanções fazem com que o mercado de criptos caminhe na direção inversa das bolsas internacionais – pressionadas pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. “O mercado reagiu de forma positiva por causa de uma possível migração de capital russo para o mundo das criptos. O russo não pode comprar dólar, mas ele pode comprar uma stablecoin para se proteger”, afirma.
Reforço na tese de criptos
Embora o cenário macroeconômico global não seja positivo para os mercados, com altas na inflação e taxas de juros, os especialistas destacam que o momento atual pode fortalecer as criptomoedas – principalmente quanto à tese de descentralização financeira na qual se baseiam.
Para Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, esse tipo de episódio deixa claro que as pessoas não são tão donas do próprio dinheiro quando pensam. Na visão de Lago, as transações financeiras sem intermediários – ponto central do blockchain – se fortalecem.
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“Quando a Rússia foi privada do Swift, do dia para noite, tudo foi bloqueado. As pessoas que têm patrimônio perdendo tudo, com seu dinheiro travado sem acesso ao banco. E a tese central do Bitcoin é que as pessoas têm que ser donas do próprio dinheiro e que o Estado não tem acesso a eles.”, diz.
Para Andrey Nousi, embora o volume não seja representativo, isso é um marco muito significativo para o mercado. “Criptomoedas podem ser utilizadas para o resgate daqueles pessoas, instituições e até mesmo países que precisarem, sem ter um intermediário no meio, o que justifica que a descentralização é muito boa”, afirma.