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O que esperar da Bolsa na última semana antes do 2º turno das eleições

Nessa reta final do pleito, volatilidade deve dar o tom das negociações, dizem analistas

O que esperar da Bolsa na última semana antes do 2º turno das eleições
Analistas esperam volatilidade da bolsa até o domingo (30). (Foto: Dida Sampaio/Estadão)
  • Falta menos de uma semana para o 2º turno das eleições em que os brasileiros vão escolher entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) para governar o País
  • Para essa reta final, os investidores podem esperar bastante volatilidade, dizem analistas
  • Além da disputa, a semana será marcada também por decisão de política monetária e divulgação de índices de inflação; além de pressão vinda do exterior

Falta menos de uma semana para o segundo turno das eleições presidenciais, em que os brasileiros poderão votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou no atual chefe do executivo, Jair Bolsonaro (PL). Se a disputa presidencial de 2022 não vinha fazendo muito preço na bolsa de valores, o cenário agora é diferente. Para essa reta final, os investidores podem esperar bastante volatilidade, dizem analistas.

Um exemplo disso foi o pregão desta segunda-feira (24), dia em que o Ibovespa cedeu 3,27% puxado principalmente pelas ações do Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR3/PETR4). Veja um resumo do dia. Quem vê as quedas nas estatais não imagina que no pregão anterior, na sexta-feira (21), esses mesmos papéis ajudaram o índice de referência da B3 a encerrar a semana com uma alta de mais de 7%.

“Em um final de semana, o que é que pode ter mudado tanto a ponto do mercado ter devolvido a alta tão expressiva que teve na sexta-feira? Isso mostra o viés altamente emocional que o mercado sempre operou”, diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap.

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O principal motivo dos comportamentos opostos entre os dois pregões em questão é a disputa política. Na última semana, o mercado se animou com pesquisas de intenção de voto que mostraram Bolsonaro reduzindo a distância que o separa de Lula, líder na disputa. Chances maiores de uma reeleição do presidente deram fôlego principalmente aos papéis de estatais, gerando um otimismo acerca de possíveis privatizações no caso de um segundo mandato de Bolsonaro.

Mas esse sentimento mais positivo foi minado depois que Roberto Jefferson, ex-deputado federal e aliado de Bolsonaro, resistiu à prisão atacando policiais federais com granadas e tiros de fuzil no domingo (23). O episódio foi entendido pelo mercado como algo que pode repercutir negativamente e reduzir as chances de reeleição do presidente, o que explica o desempenho ruim das estatais no pregão que abriu a semana.

Leia também: O mercado precifica o risco à democracia nas eleições?

“O episódio do Roberto Jefferson acabou colocando o ponto de interrogação nas últimas pesquisas que mostraram o Bolsonaro ganhando bastante espaço contra o Lula. A tendência é que, com a divulgação das pesquisas, a gente acompanhe uma maior volatilidade nos mercados”, afirma Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

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A semana também começou volátil para o câmbio. O dólar subiu 3,01% nesta segunda-feira, cotado a R$ 5,30. “Nesta semana, devemos ter grande volatilidade no mercado por conta das tensões políticas que estamos vivendo às vésperas do 2º turno, com um cenário indefinido do direcionamento do câmbio”, pontua Marcos Almeida, diretor da WIT Exchange. “Apesar desta semana de volatilidade com vários acontecimentos, o boletim Focus do Banco Central prevê que o dólar mantenha-se na casa dos R$ 5,20 até o final de 2022”.

Outros eventos no radar

Se não bastasse a volatilidade política, a última semana antes do segundo turno tem outros eventos que podem balançar a bolsa. Na terça-feira (25), será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), referente ao mês de outubro. Na quarta (26), o Comitê de Política Monetária (Copom) divulga a decisão sobre a taxa de juros do País; a expectativa é de manutenção do atual patamar de 13,75% ao ano.

Nesse meio tempo, as companhias brasileiras listadas na B3 estão começando a divulgar os balanços do terceiro semestre de 2022. Para finalizar, no exterior, a semana começou com ventos negativos vindos da China, onde Xi Jinping foi reeleito por mais cinco anos. “Temos muita coisa para acompanhar em uma semana que já começou bastante tumultuada. E, tendo em vista as eleições do domingo (30), a expectativa é sim de bastante volatilidade nas próximas sessões”, destaca Beyruti, da Guide.

Com tantos eventos no radar, o momento exige cautela. Na visão de Heitor de Nicola, especialista de Renda Variável da Acqua Vero, essa pode ser uma oportunidade de rever as teses de investimento para entender quais opções o investidor quer manter no longo prazo. “Para o investidor pessoa física, é importante ter cautela nesse momento, acompanhando de perto as empresas e teses em que investe”, diz.

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, concorda que a semana pode não ser o melhor momento para montar posições: “Eu não assumiria nenhuma posição nessa semana de apostador a menos que possa arcar com consequências. Não faria nada de diferente mesmo ouvindo dicas de especialistas”, afirma.

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