- Os analistas consultados pelo E-investidor esperam que a bolsa continue sendo impactada por fatores políticos em novembro - principalmente se o vencedor for o ex-presidente Lula
- Em caso de vitória do líder do PT, é esperado um curto prazo de muita instabilidade em função das incertezas sobre os nomes que estarão à frente dos ministérios. Já uma reeleição de Jair Bolsonaro traria um pouco mais de estabilidade ao mercado
- Setores de educação e empresas ligadas à população de baixa renda devem se beneficiar com uma vitória de Lula. Já as estatais são destaques em caso de uma vitória de Bolsonaro
A pressão da corrida eleitoral sobre o Ibovespa não deve acabar com a definição do próximo presidente da República. Os analistas consultados pelo E-investidor esperam que a bolsa brasileira continue sendo impactada por fatores políticos em novembro – principalmente se o vencedor for o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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Acilio Marinello, coordenador do MBA em Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios, explica que uma eventual eleição do petista culminará em um momento de bastante instabilidade e incerteza na bolsa.
Na visão do especialista, o clima de insegurança deve continuar até que os nomes para os ministérios sejam revelados. A expectativa maior envolve as pastas mais sensíveis para o mercado, como o Ministério da Economia, Infraestrutura e Casa Civil, que possuem grandes orçamentos e interferem nas políticas econômicas.
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“Enquanto esses nomes não forem anunciados a bolsa vai sentir bastante. E mesmo que anunciados, se forem pessoas que gerem desconfiança no mercado, a bolsa vai ser impactada também”, afirma Marinello.
O líder do PT não apresentou a versão final do plano de governo e escolheu não antecipar os integrantes de sua equipe, nem mesmo quem seria o próximo ministro da Economia. Bastante volatilidade, retirada de investimentos estrangeiros da B3 e desvalorização do real é o cenário em que Marinello trabalha em novembro, caso Lula seja eleito.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, reforça essa perspectiva de aversão a risco no próximo mês em uma vitória do ex-metalúrgico.
“Entrando o Lula, não temos ideia de quem ele vai nomear para cada cargo”, afirma Cohen. Se ele nomear Fernando Haddad (PT) para a Fazenda, por exemplo, que é uma das especulações, a queda do mercado será muito grande. Novembro será um mês interessante para acompanhar o mercado.”
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Contudo, os impactos negativos da eleição de Lula estariam limitados ao curto prazo, enquanto o mercado não tiver acesso aos integrantes dos ministérios. Já a continuidade do governo de Jair Bolsonaro (PL) é lida como mais positiva. “O mercado subirá até o final do ano, em uma reeleição do atual presidente”, diz Cohen.
Segundo Marinello, o cenário é mais previsível na hipótese de uma vitória de Bolsonaro. Ou seja, o mercado já sabe o que esperar. “O Congresso eleito já está apoiando o presidente. O atual chefe do Executivo vai ter facilidade para implementar suas políticas e projetos”, afirma. “Já foi sinalizado também que boa parte dos ministros atuais devem ser mantidos. O Paulo Guedes também deve permanecer.”
Fora o risco político, novembro também deve ser marcado pelo cenário externo. Os investidores devem acompanhar a próxima decisão de taxa de juros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e os dados sobre inflação, que podem impactar o dólar e os juros no mundo. Da mesma forma, o desenrolar da crise na Europa deve seguir no radar. (Leia mais sobre isso aqui).
Onde Investir com Lula
Com Lula eleito no próximo domingo (30), na visão de Cohen, cofundador da Escola de Investimentos, a perspectiva é de que o acesso da população mais carente ao crédito seja facilitado e programas como o financiamento estudantil (Fies) voltem a ganhar protagonismo. Logo, os papéis de companhias do setor de educação, construção e varejo de baixa renda devem valorizar na Bolsa.
Marinello, da Trevisan Escola de Negócios, recomenda cautela aos investidores. “Fazer uma carteira um pouco mais conservadora, com títulos do Tesouro Nacional, com produtos de renda fixa, porque assim você blinda seu patrimônio e mitiga perdas”, afirma.
Onde Investir com Bolsonaro
Com Bolsonaro eleito no próximo domingo (30), segundo Cohen, a expectativa é de que as estatais se beneficiem, já que há a possibilidade de privatização nos próximos anos. Bancos e empresas importadoras também devem surfar alguma alta, pela visão de que os juros podem cair de forma mais acelerada e, por consequência, o dólar.
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Marinello vê a possibilidade de construção de uma carteira mais arrojada. “Uma participação um pouco maior em produtos de renda variável. Aplicar ações e fundos imobiliários são interessantes porque o mercado vai começar a se regular”, diz.