Após uma manhã de instabilidade e troca de sinais, o dólar se firmou em baixa no início da tarde e encerrou a sessão desta terça-feira (01) em queda forte, mas longe das mínimas da sessão. Operadores voltaram a relatar entrada de fluxo estrangeiro para ativos doméstico e desmonte de posições defensivas no mercado futuro de câmbio, em meio às expectativas para a transição de governo.
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Já na reta final do pregão, o dólar tocou nova mínima, ao descer pontualmente até R$ 5,0866 (-1,545), quando o mercado digeria o primeiro pronunciamento público de Jair Bolsonaro após o segundo turno da eleição presidencial. Embora não tenha reconhecido explicitamente a derrota nas urnas, o presidente disse que continuará “cumprindo todos os mandamentos da Constituição”. O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, vai tocar a transição pelo lado do governo. Bolsonaro disse que protestos de apoiadores são “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como seu deu o processo eleitoral”, mas ressaltou que manifestações precisam ser pacíficas.
Apesar de bloqueio de rodovias e eventuais turbulências, consolida-se a sensação de redução do risco político-institucional. As atenções se voltam à formação do futuro governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O mercado celebrou no início da tarde a indicação do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) para comandar a equipe de transição do lado petista. Mas houve certo receio diante da informação, divulgada pelo Broadcast na reta final dos negócios, de que o ex-ministro Aluizio Mercadante será o coordenador de economia pela parte técnica. “Mercadante ter algum poder em qualquer coisa relacionada à economia é ruim”, disse um trader, resumindo o sentimento do mercado, que aguarda um nome que afaste a possibilidade de medidas heterodoxas.
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Logo após a informação sobre Mercadante, o dólar reduziu bastante o ritmo de alta e não apenas ultrapassou novamente o nível de R$ 5,10 como tocou pontualmente a casa de R$ 5,13. No fim do dia, era cotado a R$ 5,1186, em queda de 0,92% – o que leva a baixa acumulada nos dois primeiros pregões após a eleição de Lula a 3,43%. Amanhã, o mercado local estará fechado em razão do feriado do Dia de Finados. No exterior, as atenções se voltam à decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano), que pode acenar com redução do ritmo de alta dos juros a partir de dezembro.
O Citi afirma, em relatório, que a margem apertada da eleição presidencial, ao lado do aumento de parlamentares de direita no Congresso, sugere que Lula vai adotar uma postura mais moderada. Com o risco de contestação das eleições reduzido, o banco acredita que o mercado vai monitorar de perto a formação do ministério, em especial ao nome que comandará a Fazenda. Do ponto de vista fiscal, o Citi avalia que Lula vai ter uma postura pragmática, com aumento de gastos mas também de impostos.
Embora o foco no momento esteja na composição do futuro governo, o Citi afirma que o cenário externo deve seguir como o principal fator para o comportamento do real. O ambiente para economias emergentes está se tornando “menos amigável”, com expectativa de mais aperto das condições financeiras em meio a uma tendência persistente de queda nos preços de commodities.
“Esperamos taxa de câmbio ao redor de R$ 5,30 até o fim de 2022. O déficit em conta corrente deve ser de cerca de 2,5% do PIB neste ano com superávit comercial enfraquecendo (US$ 40 bilhões ou 2% do PIB) devido à demanda global e preços de commodities mais fracos”.
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