- investir em crédito privado pode ser um excelente negócio e mostrar o potencial que eles carregam de proporcionar retornos agressivos em épocas de juros altos
- Na maioria das vezes, quando os juros caem, duas coisas boas acontecem no mercado. A primeira é a alta da Bolsa e a segunda, a redução dos spreads de crédito. Ou seja, se você é acionista ou debenturista de uma empresa, você tende a sair ganhando
Você já deve ter visto várias notícias sobre a crise de crédito no Brasil e no mundo, não é mesmo?
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Depois da fraude no balanço de Lojas Americanas e de diversas empresas reportando redução nos lucros com o aumento dos juros dos empréstimos, o mercado de crédito no Brasil está sofrendo bastante.
As novas emissões são escassas, as taxas de juros cobradas nos empréstimos subiram e empresas alavancadas podem ter problemas para rolarem suas dívidas de curto prazo. Empresas com rating AAA, a nota máxima das agências de rating, estão pagando em torno de IPCA+ 7,5% isento de IR por suas dívidas.
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Isso pode parecer caótico e te estimular a pensar que é um setor que você quer estar bem longe.
Mas vou dizer por que investir em crédito privado pode ser um excelente negócio e mostrar o potencial que eles carregam de proporcionar retornos agressivos em épocas de juros altos.
Na maioria das vezes, quando os juros caem, duas coisas boas acontecem no mercado. A primeira é a alta da Bolsa e a segunda, a redução dos spreads de crédito. Ou seja, se você é acionista ou debenturista de uma empresa, você tende a sair ganhando.
Vou dar um exemplo para fixarmos o conceito.
Em 2010, o Estadão noticiou que a Cemig conseguiu um empréstimo de R$ 3 bilhões com vencimento em cinco anos. Essa notícia foi excelente para a empresa, que tinha na época uma dívida de curto prazo de R$ 5 bilhões e caixa de apenas R$ 2 bilhões. Ou seja, ela ganharia um ano para repensar no alongamento de sua dívida ou venda de ativos.
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No dia da reportagem, as ações da Cemig subiram 3%, com o mercado mais otimista com o futuro do papel.
Em paralelo, a taxa da debênture da Cemig Distribuição caiu de 10,70% para 9,44% no período de apenas um mês, gerando um retorno de 3,43% para quem a carregava.
O que estou tentando mostrar aqui não é que os dois ativos terão o mesmo retorno, mas sim que ambos têm boa performance caso boas notícias impactem a empresa.
As debêntures sofrem marcação a mercado positiva quando as taxas de juros caem e você pode ter lucro positivo com o crédito, mesmo que as ações permaneçam paradas.
Você deve se lembrar também do caso da Restoque. A empresa havia passado por sérios apuros durante a crise de 2015, com redução de vendas e de margens devido às frequentes promoções.
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Na época, suas debêntures estavam sendo negociadas a 196% do CDI. Um ano e alguns dias depois, a debênture venceu, rendendo 28,26% para os detentores do papel. Na mesma época, quem apostou na reestruturação da empresa via ações ganhou 13,84%.
Não é sempre que o debenturista ganha mais. Dependendo do caso, ele ganha bem menos: afinal, o risco dele é menor, uma vez que a ordem de pagamento, no caso de falência da empresa, é: primeiro, o debenturista; depois, o que sobrar para o acionista. O acionista corre mais risco e, por isso, geralmente é mais bem remunerado.
Mas, em épocas de atividade fraca como teremos durante este e o próximo ano, as ações podem ficar paradas por um bom tempo, enquanto os títulos de dívida podem ser alternativas mais rentáveis.
As ações dependem não somente de a empresa honrar seus compromissos, mas também de ela crescer e se expandir. Já as dívidas apenas dependem do cumprimento do compromisso. Por isso, ambas são excelentes instrumentos, mas cada uma se dá melhor no seu tempo.
Investir em dívida é uma estratégia poderosíssima em que o investidor deve se manter de olho. Ainda mais em situações como estas de juros altos.
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Além da debênture, CRI ou CRA poderem se valorizar por conta de melhora da atividade de uma empresa, podemos ter também uma queda nas taxas de juros que provocaria a valorização dos títulos através da marcação a mercado.
A queda nas taxas de juros poderia se dar tanto pela melhora do cenário de crédito no Brasil (com normalização das emissões e dos fluxos), como também por melhor do cenário macroeconômico e redução da inflação.
E como comprar debêntures, CRIs e CRAs?
As compras podem acontecer tanto pelas emissões primárias quanto pelo mercado secundário.
Nas emissões primárias você precisa fazer uma reserva do montante que você quer investir através da sua corretora. Neste caso, todos que entrarem na emissão recebem o título na mesma taxa.
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No mercado secundário, você vai recomprar de alguém que comprou na emissão primária, ou no mercado secundário. Neste caso, é sempre bom conferir se você está comprando o título pela taxa justa.
Para conferir isso, basta ir no site da Anbima, e conferir a taxa indicativa do título em questão.
É importante também sempre fazer uma boa análise de crédito antes de investir nesses ativos, uma vez que eles não são garantidos pelo FGC. Foque em empresas seguras, com baixa alavancagem e retornos consistentes.