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Eletrobras preparada para privatização: como ficam as ações

ELET3 e ELET6 já têm desempenho positivo no ano de 5,16% e 6,12%, respectivamente

Eletrobras preparada para privatização: como ficam as ações
Logo da Eletrobras (Foto: Brendan McDermid/Reuters)
  • Gustavo Montezano, presidente do BNDES, declarou que projeto de privatização da Eletrobras está pronto e aguardando o aval do Congresso
  • Segundo especialistas, a desestatização da empresa é uma medida positiva para suas ações e a venda da empresa deve ser mesmo a primeira a ser concluída pela equipe econômica do governo
  • Apesar de já ter precificado grande parte do otimismo, papéis ainda têm boas perspectivas para investidores

A partir dos primeiros sinais de recuperação do País, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem afirmado que pretende retomar o projeto liberal para reaquecer o mercado. Além da retomada das reformas, as privatizações também fazem parte da agenda do governo. Recententemente, Gustavo Montezano, presidente do BNDES, declarou que o processo de desestatização da Eletrobras está pronto e aguarda apenas o aval do Congresso Nacional para concretizar a venda da estatal.

Pela proposta do governo para a Eletrobras, seriam emitidas novas ações da estatal e a União não acompanharia a subscrição. Com isso, a participação do governo na empresa cairia de 60% para 40%. Também estão previstas mudanças no regime de exploração da energia das usinas e a possibilidade de antecipar a renovação do contrato da hidrelétrica de Tucuruí.

Para defender a privatização da elétrica, o argumento é que a empresa não tem capacidade de realizar o montante de investimento que o setor demanda. “A necessidade de investimento no setor elétrico é de R$ 15 bilhões e a empresa pode investir cerca de R$ 5 bi”, diz Montezano.

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Neste cenário, o E-Investidor conversou com especialistas do mercado para entender como ficam as ações da Eletrobras (ELET3 e ELET6) com seu plano de privatização pronto e esperando somente a aprovação do Congresso para consumá-lo.

Privatização é positivo para os papéis…

Segundo os especialistas, a desestatização da empresa é uma medida positiva para suas ações e a venda da empresa deve ser mesmo a primeira a ser concluída pela equipe econômica do governo. “O governo estruturou uma proposta que possa passar de maneira mais ágil”, diz Marcio Loréga, analista da Ativa Investimentos.

Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, explica que o setor está com uma atratividade muito grande e há interesse dos investidores no setor local e estrangeiro. “ A venda será extremamente positiva para e empresa”, diz ele.

“A empresa precisa de investimentos altos e o mercado vem demonstrando apetite para isso”, concorda Loréga, ressaltando que a Eletrobras não tem capacidade de investir a quantia necessária atualmente.

Eles pontuam, no entanto, que apesar de o processo de privatização estar adiantado, a venda da empresa não deve acontecer neste ano, pois há muito interesse político na companhia. “Se não dependesse do Congresso, ela já teria sido privatizada”, comenta Loréga.

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Madruga afirma que a velocidade do processo vai depender de acordos políticos, que exigem um certo tempo. “Privatizar uma empresa do tamanho da Eletrobras não é tão fácil”.

…mas mercado já precificou grande parte da desestatização

Apesar da privatização ser positiva para as ações da empresa, os especialistas ressaltam que o investidor deve ter cautela para apostar agora nos papéis. Segundo eles, tanto a ELET3 como a ELET6 já estão com bons desempenhos no ano, tendo sido impulsionadas até aqui justamente pela expectativa da venda.

“O mercado financeiro trabalha com expectativas futuras e, se o assunto começar a avançar bem nesse segundo semestre, pode ser que o mercado já tenha refletido o cenário positivo antes de ele se concretizar”, diz Madruga.

Os dois especialistas citam uma frase clássica do mercado de ações para definir esse momento da empresa. “A ação sobe no boato e cai no fato”, conta Loréga, destacando o desempenho das ações acima do Ibovespa no ano alavancado pela privatização.

Até o fechamento desta quarta-feira (29), o Ibovespa tem baixa de 8,68% no ano, aos 105.605,17 mil pontos. Enquanto isso, a ELET3 sobe 5,16%, cotada a R$ 39,75, e a ELET6 tem valorização de 6,12%, a R$ 40,58.

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No mês, o principal índice da B3 tem variação positiva de 11,10%, a ELET3 de 28,23% e a ELET6 de 25,87%. “Elas estão subindo muito forte no mês e o grande foco é justamente a questão da privatização”, afirma Madruga.

Então não vale a pena nas ações da Eletrobras?

Segundo os especialistas, apesar do mercado já ter precificado grande parte da expectativa da privatização da estatal, isso não significa que os papéis da empresa não sejam mais atrativos. Para eles, as perspectivas da empresa ainda são boas, porém a grande valorização das suas ações podem já ter acontecido.

Assim, Loréga ressalta que é de suma importância que o investidor fique atento aos desdobramentos do caso e saiba os riscos que está correndo antes de aplicar nas ações. “Se a venda for mais rápida que o esperado, pode surpreender o mercado positivamente. Porém, se demorar mais, podemos ter volatilidade nelas”, diz o analista da Ativa.

Com isso, Madruga afirma que cabe a cada investidor avaliar se compensa ou não ter o papel da Eletrobras em sua carteira de acordo com o cenário atual da companhia e seus objetivos com a aplicação. “O investidor tem que saber onde está entrando e para ver se aceita o risco ou não da ação”, diz o head de renda variável da Monte Bravo.

Além disso, ele ressalta que as ações são boas pagadoras de dividendos. “Isso é muito interessante para o investidor no cenário da taxa de juros baixa”, diz Madruga.

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Nesta quinta-feira (29), os acionistas da Eletrobras aprovaram o pagamento de R$ 2,540 bilhões em dividendos, referentes aos resultados de 2019. Ao total, será pago R$ 1,5908 por papel da ELET3 e R$ 2,2478 por ação da ELET6.

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