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Qual é o preço justo da ação do Magazine Luiza (MGLU3)?

No auge, os papéis da varejista chegaram a custar R$ 27,34, em novembro de 2020. Veja o que analistas esperam

Qual é o preço justo da ação do Magazine Luiza (MGLU3)?
Fachada da loja Magazine Luiza (Foto: Daniel Teixeira/Estadão)
  • O Magazine Luiza (MGLU3) divulgou na noite da última segunda-feira (14) um prejuízo líquido de R$ 301,7 bilhões no segundo trimestre e viu suas ações operarem em queda nos pregões seguintes
  • O ciclo virtuoso da empresa em 2020 levou suas ações a custarem R$ 27,34 em novembro daquele ano. A depreciação acumulada desde então já bate 89,95%
  • Diante de um cenário mais favorável ao setor de varejo, puxado pela projeção de queda na taxa de juros, analistas avaliam que as ações do Magalu pode voltar a observar um período de altas  — mas nada como antes

O Magazine Luiza (MGLU3) divulgou na noite da última segunda-feira (14) um prejuízo líquido ajustado de R$ 198,8 milhões no segundo trimestre de 2023 e viu suas ações operarem em queda de 3,82% no acumulado dos pregões dos dias 14 e 15, fechando a R$ 2,77. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) atingiu R$ 439,8 milhões, queda de 10,6% sobre o mesmo período de 2022.

Apesar do salto de 7,22% que levou a MGLU3 a R$ 2,97 nesta quarta-feira (16), o papel ainda cai 11,34% em agosto.

Para quem dormiu em 2020 e acordou hoje, os dados podem impressionar. Naquele ano, a empresa bateu, no pico, um valor de mercado de R$ 177,9 bilhões. Hoje, a Magazine Luiza vale R$ 18,5 bilhões — uma desvalorização de 89,6%, segundo dados de Einar Rivero, head comercial do TradeMap. O ciclo virtuoso da empresa em 2020 levou suas ações a custarem R$ 27,34 em novembro daquele ano. A depreciação acumulada desde então já bate 89,95%. Mas ainda existem projeções positivas para a empresa.

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Diante de um cenário mais favorável ao setor de varejo por conta do aguardado ciclo de queda na taxa de juros, analistas avaliam que os papéis da Magalu podem voltar para um período de altas  — mas nada como antes. De acordo com um levantamento da ferramenta de análise fundamentalista do InvestingPro, do Investing.com, o preço justo médio para a ação, com base nos indicadores financeiros da empresa, seria de R$ 3,70. A diferença para o atual preço da ação é de 19,73% e há uma classificação de incerteza média quanto à previsão.

Em análise, a Genial Investimentos avalia que os dados do segundo trimestre apresentados pela empresa podem ser classificados como “neutros” e já havia expectativa de prejuízo pelo mercado no balanço do segundo trimestre de 2023. Os números, no entanto, passam mensagens ao investidor para o segundo semestre. “De olho na queda de juros, alavancagem operacional do digital e elevação da margem bruta ao longo dos próximos trimestre, estamos movendo nossa recomendação para comprar”, diz a corretora.

“Com o início do ciclo de queda nos juros, é natural de se esperar uma melhora gradual do desempenho das ações e da empresa como um todo”, aponta Heitor de Nicola, especialista em renda variável da Acqua Vero Investimentos. O BTG Pactual, sócio da Acqua Vero, possui recomendação de compra para as ações do Magazine Luiza, com preço justo de R$ 6,00 por papel.

Na avaliação de Nicola, porém, o cenário segue desafiador no curto prazo, uma vez que a taxa de juros ainda permanece em patamares historicamente altos e assim seguirá por algum período. Mesmo após retroceder 0,5 ponto porcentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a Selic está a 13,25% ao ano.

O prejuízo líquido ajustado da empresa, de R$ 198,8 milhões, veio pior do que o projetado pelo mercado. “O resultado ficou abaixo do consenso, de R$ 140 milhões de prejuízo. Surpreendeu para baixo e o mercado respondeu no preço”, diz Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.

Ciclo de juros no passado e no futuro

A perspectiva de melhora nas taxas de juros leva à leitura de um bom desempenho dos papéis de empresas do setor do varejo e de consumo cíclico por estimularem compras na população. Em parte, foi o que explicou o sucesso da companhia naquele período de 2020. Àquela época, a taxa de juros batia níveis de baixa históricos, chegando a 2% ao ano entre agosto de 2020 e janeiro de 2021.

Mas esse motivo não é o principal. “Em 2020 houve uma mudança drástica no padrão de consumo da população. Todas varejistas tiveram um crescimento absurdo das suas vendas online devido às restrições de deslocamento da população”, explica Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.

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Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, aponta que devido às restrições causadas pela pandemia de covid-19, houve uma interpretação dos investidores de que o Magalu, acompanhado da Via (VIIA3), dona das Casas Bahia, estavam mais preparadas para o varejo online. “Investidores chegaram à conclusão de que poderiam fechar lojas, enxugar estruturas”, aponta.

Aquisições também contribuíram para o desempenho da empresa há três anos. “Na época, o Magalu tinha uma estratégica agressiva de aquisições, que incrementavam seu portfólio e seu valor de mercado. O mercado como um todo precificava a geração de caixa futuro da empresa no valor de suas ações”, aponta Heitor de Nicola, da Acqua Vero. Entre 2020 e 2021, a companhia comprou empresas como Hub, Estante Virtual e Kabum.

Endividamento

O cenário também não se compara com o de hoje por outra razão: a queda dos juros esperada para os próximos meses não deve ser como aquela de 2020. E esse movimento menos drástico de corte não significa apenas que o consumo sofrerá menor impacto, mas também que a empresa seguirá arcando com altos custos de dívida.

Hoje, o Magazine Luiza lida com uma dívida consolidada de R$ 7,2 bilhões, fruto de empréstimos e financiamentos. As reduções esperadas para a Selic vão impactar esse indicador, mas a força dos cortes pode definir se o caminho será mais ou menos suave. “Uma taxa de 11% é melhor do que 13%, mas ainda é um impacto muito nocivo para a ação”, aponta Brasil. A avaliação do especialista é de que, para o endividamento da empresa ficar saudável e o consumo passar por um aquecimento expressivo, a Selic deveria ficar abaixo de 9%.

“Se vemos um movimento mais acentuado de queda de juros, também vemos uma liberação de renda maior da população, sobra mais para fazer compras. Quem usa crédito e crediário acaba pagando juros mais baixos na compra. Isso influencia positivamente se houver um ciclo longo e forte de queda. Hoje esperamos que seja de quatro a cinco pontos porcentuais”, aponta Ferrer, da Empiricus Research.

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