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Ágora: “A inflação global não será mais o passeio no parque de antes”

Dalton Gardimam, economista-chefe da casa, detalha mudanças esperadas na conjuntura econômica global

Ágora: “A inflação global não será mais o passeio no parque de antes”
(Foto: Envato Elements)

Durante o Women Invest Summit, congresso que reúne mulheres investidoras e ocorre nesta quinta-feira (28) em São Paulo, Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos, apontou quais devem ser as características do novo cenário econômico global após o impacto do Covid-19.

Segundo Gardimam, os países perceberam que não poderiam deixar mais cadeias de produção concentradas em uma única região, como era o caso dos produtos farmacêuticos e chips, centralizados na China. Essa desglobalização, entretanto, deve custar caro, já que inclui a construção de fábricas e centros de produção. Se vai custar caro para produzir, isso pode refletir na inflação, que deve ficar mais alta no mundo. Nas contas do economista, entre 2% e 4%.

“Inflação global não será mais o passeio no parque das últimas décadas. Inflação mais alta, juros mais altos também”, afirma Gardimam, que dividiu o painel “Cenário econômico no Brasil e no mundo” com Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital, Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad e Denise de Pasqual, da Tendências Consultoria Integrada.

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“Estamos em um momento complicado e de muitas incertezas. Teremos que conviver com juros mais altos e atividade mais baixa, além de uma nova configuração geopolítica. Esse aumento dos preços do petróleo também tende a afetar a inflação no mundo inteiro. Teremos menos facilidade no ponto de vista de ambiente internacional”, complementou Pasqual.

“O consenso hoje é de que é muito difícil fazer grandes apostas do que vem pela frente. Juro mais alto por mais tempo é a síntese do que enxergamos”, conclui Igliori, da Nomad.

Melhor regra é a que existe

No Brasil, os economistas veem o arcabouço fiscal como uma regra insuficiente – apesar de ser melhor uma regra “ruim” do que regra nenhuma. Agora, a recomendação é ser vigilante e acompanhar de perto o que o Governo fará para contornar os desafios fiscais pela frente – para o ano que vem, por exemplo, a meta fiscal é de déficit zero.

“O problema da regra atual (arcabouço fiscal) é que ela pressupõe um aumento muito forte de receitas, que nenhum de nós acredita que será alcançada”, diz Pasqual. “Vamos ver uma meta não ser cumprida.”

“Teremos que ficar vigilantes e cobrar o lado da despesa (corte de gastos). Sabemos que no lado da receita já está tendo um esforço, com aumento de arrecadação, taxação de investimentos e etc. Se isso está certo ou não, é outra conversa”, afirma Igliori, economista-chefe da Nomad.

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