A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fez um alerta nesta quarta-feira (6) sobre a atuação irregular da empresa Contra Corrente e de seu sócio proprietário Marcos Eduardo Elias, nome reconhecido no mercado por ter sido um dos fundadores da Empiricus.
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De acordo com a Superintendência de Supervisão de Investidores Institucionais (SIN) do órgão regulador, foram identificados indícios de que a Contra Corrente e Elias oferecem publicamente no Brasil, por meio do site contracorrente.io, serviços de análise de valores mobiliários sem autorização da CVM.
Por meio da Deliberação CVM 890, a autarquia determinou a imediata suspensão de qualquer oferta de serviços de análise pela empresa e por seu sócio proprietário. Caso a determinação não seja cumprida, as companhias e pessoas que venham a ser identificadas como participantes dos atos irregulares estarão sujeitas à multa diária no valor de R$ 50 mil.
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Formado em engenharia mecatrônica pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Elias idealizou e fundou diversas casas de investimentos, dentre elas a GAS Investimentos (atual SAG Investimentos), a Turing, a Modena Capital, além da já citada Empiricus. O investidor também já foi professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec) e da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Em 2018, Elias foi preso na Suíça acusado de apropriar-se de US$ 750 mil de instituições financeiras de Manhattan usando falsificações de documentos de clientes brasileiros. No mesmo ano, o financista foi extraditado para os Estados Unidos, declarando-se culpado pelo crime em 2019.
Libertado em 2021, Elias voltou ao Brasil e fundou posteriormente a Contra Corrente, em 2022. Quando o site da empresa ainda estava em funcionamento, ela afirmava ser voltada para companhias de grande porte e investidores profissionais, “mas também poderia mostrar o mapa da mina aos pequenos investidores nos mercados de capitais”, ressaltava. Prometia ainda divulgar “conteúdo autoral, não-óbvio, proprietário, inédito e crucial”.
O que diz Elias
Após o alerta da CVM, o site da Contra Corrente passou a exibir a seguinte mensagem: “A Contra Corrente informa que está trabalhando junto aos órgãos reguladores para regularizar seus produtos em breve”. Todas as demais páginas da plataforma estão agora fora do ar.
Ao E-Investidor, Elias destacou que não havia recebido nenhum aviso prévio da autarquia sobre as irregularidades, tendo sido informado sobre a questão apenas por meio de uma nota aberta publicada no site da CVM na quarta-feira (6). Ressaltou ainda que a Contra Corrente buscará atender às normas do órgão regulador e voltará a atuar “em breve”.
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“A gente vai realizar cursos, palestras, livros, além de ampliar o atendimento aos investidores institucionais. Também vamos focar em ativos no exterior. A previsão é de que o site volte a funcionar logo, mesmo porque 95% do conteúdo consistia em calls sobre ações estrangeiras ou digressões sobre filosofias de investimentos, que estão fora do escopo da CVM”, pontuou.
Elias também afirmou que irá buscar o credenciamento junto à CVM para atuar como administrador de carteiras de valores mobiliários. O empresário já havia tentado conseguir a habilitação em 2023, mas teve o pedido negado pelo órgão regulador, sob a justificativa de que o financista não tinha uma reputação ilibada, após ter cumprido pena de prisão de 3 anos e 5 meses nos Estados Unidos.
Como motivos para negar o credenciamento do empresário, a CVM também citou as dívidas registradas em nome de Elias no SPC e na Serasa, além do fato de que a documentação apresentada por ele não comprovava “notório saber” e elevada qualificação em área de conhecimento que o habilitasse para o exercício da atividade desejada.
O empresário afirma ter respondido aos questionamentos da CVM à época e enviado os documentos solicitados pela autarquia. Em relação às dívidas, disse que já havia iniciado as tratativas e contatos com o Bradesco para quitação do montante. Já em relação à comprovação do seu “notório saber”, afirmou que iria enviar cópias de diplomas e teses. No entanto, segundo Elias, mesmo com o envio da documentação, a solicitação foi negada pela CVM.
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O financista passou então a atuar para clientes que queriam reestruturar as áreas de análises de assets. Atualmente, além da Contra Corrente, possui outras duas empresas: a casa de research independente Modena Capital e a gestora Actus.